Potiguar de Jucurutu, Max Pereira começou sua trajetória artística em Natal, no final da década de 90, mas de modo muito difuso. Somente a partir de 2008 que sua produção ganhou um ritmo mais sistemático. Foi quando começou a ganhar destaque com prêmios e participações em importantes mostras de arte pelo Brasil.
Porém grande parte desses trabalhos nunca chegou a ser devidamente apresentada para o público natalense. Essa lacuna agora será resolvida com a exposição “Não há silêncio”, primeira individual do artista. Montada na Galeria Conviv’art, na UFRN, a mostra será aberta no dia 26 de outubro, às 19h. A visitação vai até o dia 23 de novembro, com acesso gratuito.
Composta de trabalhos em fotografia, vídeo e fotozine, “Não há silêncio” permite diferentes percursos de leitura, onde as imagens se colocam como marcos narrativos que se desdobram em torno da passagem do tempo, do amor e da morte. A curadoria é de Sânzia Pinheiro.
Um dos destaques da exposição, o vídeo “Se acabó lo mejor” foi premiado no 60º Salão de Abril, em Fortaleza, e nunca havia sido exibido no estado. Também inédito é o díptico de mesmo título, composto de imagens ambíguas do crepúsculo. A obra integra atualmente o acervo da Universidade da Amazônia e foi selecionado através do XIV Salão Unama de Pequenos Formatos.
A série “Não há silêncio”, que dá nome à exposição, é composta de 14 fotografias de dimensões variadas, onde o artista explora a escuridão total, revelando cenários a partir de estudos de flash. Em 2016, a série participou da exposição “Narrativas e Alteridade”, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE), e, em 2017, integrou a mostra “Oriente Risco”, no Festival Foto em Pauta, em Tiradentes (MG).
O fotozine “Fucked by stranger in the dark” mescla relatos íntimos de uma paixão à deriva com fotografias no escuro, captadas a partir dos mesmos estudos de flash. O trabalho foi premiado no XVI Salão de Artes Visuais da Funcarte, em 2014, e também foi um dos finalistas do Prêmio Dente de Ouro, em Brasília, em 2016. A tiragem original de 500 cópias esgotou, porém, por ocasião da nova exposição, uma edição especial em formato pôster será distribuída aos visitantes.
Completa a exposição a obra “Autorretrato entre Tillandsias usneoides”, de dimensão 1,60 x 1,10cm, produzida no mesmo local das outras imagens e apresentada pela primeira vez ao público.
Segundo a curadora Sanzia Pinheiro, Max não procurou “certificar o visível” em seu trabalho artístico, mas criar dimensões possíveis do “espaço-tempo”. “É uma pesquisa que abre mão do controle no processo criativo e que busca em sua exibição apresentar ao observador imagens densas de subjetividades e abstrações. É possível mergulhar na escuridão do mundo interior, se aproximar de medos não ditos, de barulhos silenciosos”, diz a curadora.
Na opinião do artista pernambucano Carlos Melo, que assina o texto de apresentação, há nas fotografias de Max uma atração que aproxima espectador e artista em uma narrativa íntima. “Se cada um de nós esquecermos o que vimos nessas imagens, entraremos na obra, porque guardaremos como um segredo entre nós e Max. Talvez esta seja a grande experiência da exposição, nos tornarmos cúmplices de uma história, daquelas que se ‘corre o pesado véu’, como na fotografia, que se revela no escuro”, escreve Melo.
Quem também reflete sobre o trabalho de Max é a psicanalista potiguar Glaucineia Gomes de Lima, que destaca a questão da transitoriedade nas imagens exibidas pelo artista. “A seqüência apresentada pelo autor traduz, ao mesmo tempo, beleza e obscuridade, fiel a uma estética que leva em conta a rotação, o instante e a efemeridade que não tornam a vida menos bela, mas ao contrário, lançam ao olhar a inquietação que permite animar a falta de sentido da existência”.
O período de visitação da mostra “Não há silêncio” é de 27 de outubro até 23 de novembro, de segunda a sexta-feira, sempre das 08h às 16h. A entrada é gratuita.
Sobre Max Pereira
Max Pereira nasceu em Jucurutu (RN), em 1971. Jornalista de formação, trabalha com artes visuais e publicações autorais. Participou de relevantes mostras no Brasil, como o Salão de Abril, em Fortaleza (CE), Salão Unama de Pequenos Formatos, em Belém (PA), Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal (RN), além de exposições coletivas, como “Narrativas e Alteridade”, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE), e “Oriente Risco”, no Festival Foto em Pauta, em Tiradentes (MG).
Realizou, em 2019, a intervenção “Dejá Vù, Jucurutu”, na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo (SP). Participou também das principais feiras de publicação independente do país, Feira Pão de Forma, Feira Miolos e Feira Plana.
Exposição “Não há silêncio”, de Max Pereira
De 26 de outubro a 23 de novembro.
Segunda a sexta-feira, das 08h às 16h
Galeria Conviv’art – UFRN
Prédio anexo da Biblioteca Zila Mamede
(Andar térreo — Campus Universitário)
Visitação gratuita
2 Comments
Rapaz, por que não colocar o nome das pessoas no título das matérias? Pergunta sincera, até porque vejo esse tipo de coisa em muitos sites e não entendo o porquê. Do lado de cá, penso que não ajuda nem o artista e nem o leitor. Abraço!
Fala, Alexis! Às vezes coloco o nome e por vezes não. Nesse caso vc há de concordar que 90% das pessoas para quem eu divulgo (redes sociais e grupos de zap) nunca ouviram falar de Max Pereira. Então, o nome no título não causa atração. “Artista premiado” talvez já desperte mais curiosidade. E dessa forma atraia mais cliques e aí sim, ajude mais o artista.