O Projeto Julho das Pretas acontece nesta quinta, 28 de julho, no espaço do Studio Aruandê e na Praça Pe. João Maria no centro Histórico, a celebração alusiva ao Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha e ao dia de Teresa de Benguela com ações de formação artística e de afroempreendedorismo para capacitar mulheres de rua e jovens em situação de vulnerabilidade social através de oficinas, palestras, ações sociais e programação musical.
Finalizando a programação festejando o Dia da Mulher Preta com show do ASÈ DELAS grupo formado por três importantes mulheres negras da cidade do Natal, que recebera outras artistas negras para participações especiais. O projeto é contemplado no Edital Espaços do Centro Histórico da Prefeitura do Natal e no Edital da Economia Criativa do Sebrae RN
O Julho das Pretas é realizado em todo o país e em 2022 tem como tema Mulheres Negras no poder, construindo o bem viver. “Lembremos da líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência da comunidade negra e indígena, que representava, enfrentando a escravidão por mais de 20 anos. Em seu nome e de tantas mulheres que foram e são importantes para nossa história, é que também seguimos.’’ Pretta Soul, rapper, trancista e organizadora do Julho das Pretas na Praça Pe. João Maria e Studio Aruandê no Centro Histórico de Natal.
‘’O Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, reforça a luta histórica das mulheres negras por sobrevivência em uma sociedade estruturalmente racista, misógina, machista, e nos faz refletir sobre a vida dessas mulheres.’’
Asè Delas
Projeto criado em 2021, Asè Delas é formado por cantoras negras atuantes no cenário musical de Natal. A proposta é celebrar a ancestralidade negra na música brasileira e difundir os trabalhos autorais realizados pelas artistas nas diversas cenas musicais da capital potiguar, homenageando vozes negras de diferentes gerações do Brasil e da diáspora.
Com a proposta de explorar o universo vasto da musicalidade negra brasileira, o show conta com canções da cultura popular, e de artistas como Elza Soares, Bloco Afro Ilê Aiyê e composições das próprias cantoras, o nome Asè Delas faz referência ao termo Yorubá “Asè” que significa a boa energia e o princípio vital da existência, o ASÈ DELAS traz a potência da mulher negra na música ocupando o lugar de destaque relegado a elas historicamente. O show terá as participações especiais de Vic Kabulosa, Sâmela Ramos e Sister Mika Black. Abertura acontece com show da Alê DuBlack, artista de Areia Branca.
Oficinas e Rodas de Conversa:
Mulheres Negras no Afroempreendedorismo Potyguar.
Conteúdo para a capacitação da Mulher Negra Empreendedora e ações sociais e artísticas voltada para as mulheres de rua e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Trançando Palavras: do Hip Hop as Tranças.
Palestra ministrada pela Pretta Soul no estúdio Aruandê compondo a programação do Julho das Pretas onde ela compartilha experiências vividas em sua jornada na música rap e na arte de trançar.
Turbante: Beleza, cultura e Ancestralidade
Através oficinas de turbantes e dos penteados afro buscar uma maneira importante de manifestar beleza e identidade cultural. O objetivo principal é formar novos Empreendedores Afro, levando o conhecimento teórico e prático sobre turbantes, tranças africanas, entre várias dicas de técnicas e penteados afro, assim como orientações importantes sobre gestão financeira para quem quer abrir o seu espaço.
PROGRAMAÇÃO:
14:00 Abertura: Feira Afro
14:30 Roda de Conversa: Mulheres Negras no Afroempreendedorismo Potyguar
15:45 Trançando Palavras: do Hip Hop as Tranças.
17:00 Turbante: Beleza, cultura e Ancestralidade
18:00 Rum Rumpí Lé: oficina e vivência.
SHOWS:
19:00 Alê Dublack
20:30 Asè Delas
Participações Sister Mika Black, Sâmela Ramos e Vic Kabulosa
22:00 Encerramento
DADOS:
Mais da metade da população brasileira é negra, segundo dados do IBGE, e em especial as mulheres negras protagonizam os piores indicadores sociais do país.
De acordo com o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras.
Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com a última Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE. Contudo, uma vez garantida a vida e superada a miséria, os desafios continuam.
Apesar de, pela primeira vez, os negros serem maioria nas universidades públicas, como aponta a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” do IBGE, mulheres negras ainda recebem menos da metade do salário de homens e mulheres brancas no Brasil, independente da escolaridade.
E são a principal vítima de feminicídio , das violências doméstica, obstétrica e da mortalidade materna, além de estarem na base da pirâmide socioeconômica do país.
Esse pode ser considerado um perfil de mulheres que ilustra o reflexo de décadas de escravidão. As regiões norte e nordeste são as mais impactadas pelo regime coronelista até os dias de hoje, concentrando um maior número dessa população: no Acre, trata-se do total de 100%, na Bahia, 92% e no estado do Ceará, 94% das mulheres encarceradas são negras.
As mulheres negras precisam enfrentar, além do preconceito racial, o de gênero, e aqui fazemos alguns recortes do ser mulher negra cis e mulher LGBT, sobretudo o grupo T, que são alvos de diversas práticas preconceituosas e por vezes violentas.