Professor, advogado e escritor, João Wilson Mendes Melo (1921-2020) era, antes de tudo, um humanista, um intelectual capaz de incursionar pelos mais diversos campos das ciências humanas e sociais, e das artes.
Em suas atividades, ele poderia ter adotado como lema Liberdade com Responsabilidade. Para ele, o homem, o ser humano era a medida de tudo. Sempre sob a ótica cristã, de católico praticante.
Professor aposentado, dedicou-se cada vez mais às letras. Sua obra literária compõe-se de 13 livros, nas áreas de ensaio, crônica e da poesia, quase todos publicados nas últimas décadas, afora diversas plaquetes sobre assuntos de sua seara.
Em 1 de junho de 1983, foi eleito para a cadeira n° 25 da Academia Norte-rio-grandense de Letras, sucedendo ao acadêmico Meira Pires.
Seu livro mais conhecido, “Introdução ao Estudo da História” (1982), constitui-se, no dizer do Prof. José Rafael de Menezes, escritor e docente da Universidade Federal de Pernambuco, “num dos melhores livros sobre a Ciência Histórica, de raro aprofundamento em nossas Universidades e de raríssima oportunidade bibliográfica”.
Trabalho paradidático, fruto de atividades no magistério superior, não se destina apenas a estudantes e professores, mas, também, a todos quantos se interessam pelo estudo da História. É leitura agradável, como trabalhos outros do autor, nos domínios da Literatura e da Memorialística.
No entanto, sem demérito para com o escritor, é o professor que se destaca, de modo especial.
João Wilson Mendes Melo consagrou a maior parte de sua longa vida ao magistério. Começou sua vitoriosa carreira como professor do ensino médio, registrado no Ministério da Educação e Cultura, até 1950. Foi, depois, professor-fundador de três estabelecimentos de ensino superior, em Natal: Escola de Serviço Social, Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras e Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais.
Na Escola de Serviço Social, lecionou Direito Usual e Economia Social. Foi ele quem ministrou o primeiro curso de Desenvolvimento Econômico no Rio Grande do Norte (1960), sendo o responsável pela introdução da matéria Desenvolvimento Econômico no currículo da mesma escola.
Primeiro professor de História da Antiguidade e da Idade Média, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, foi Vice-Diretor desta. Não menos importante sua atuação na Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais de Natal, da qual foi professor de Economia Política (também, o primeiro) e Diretor. Nos primeiros anos de sua gestão, promoveu a agregação da Faculdade à Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fundou o Centro de Pesquisas e Treinamento da Faculdade de Ciências Econômicas, instituição de personalidade jurídica própria, responsável pela realização de cursos de extensão universitária e aperfeiçoamento em Economia de Empresa e pela realização de pesquisas básicas para o desenvolvimento do Estado.
Na UFRN, Prof. João Wilson integrou o Conselho Universitário, e foi Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, entre outras funções.
Ainda na trajetória do educador, outros cargos, cuja enumeração se tornaria fastidiosa, neste simples artigo.
Por último, João Wilson lecionou Filosofia da História e Introdução ao Estudo da História no Instituto de Ciências Humanas da UFRN, posteriormente, Departamento de História da UFRN.
Resta dizer, completando o seu itinerário profissional, que era bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de Alagoas (1950), e como tal, exerceu a advocacia, por algum tempo, em Natal.
Nascido em Mossoró, a 3 de junho de 1921, foi morar, ainda jovem, na capital do Estado, onde casou-se anos, depois, com D. Maria Augusta Cunha Melo, que lhe deu cinco filhos: José Maria, João Augusto, Cândida Maria, Cristina Maria e Carlos Henrique.
Nos últimos anos, desfrutando as benesses da aposentadoria, leu e escreveu até onde lhe permitiu a idade avançada. Era o tipo do gentleman: sempre bem composto, cortês, discreto, nunca o vi alterar a voz. Um palavrão em sua boca seria algo inconcebível.
Morreu em Natal, no dia 18 de maio de 2020. No ano seguinte, completaria um século de existência.