Cinema e música da melhor qualidade e juntos em um único projeto. Que tal? E se for de graça? É o que propõe o Grupo de Improvisação Livre, um projeto de extensão universitária da UFRN. E nesta quarta-feira (30) acontece o show ‘O Garoto”, inspirado no clássico filme do gênio Charles Chaplin. Será a partir das 20h no Auditório Onofre Lopes da Escola de Música da UFRN.
O projeto “Improvisação Sobre Cinema Mudo” tem como objetivo reviver, numa linguagem moderna, filmes do cinema do início do século XX, repetindo a exata situação em que a orquestra executava música no filme, traduzindo em sons as emoções interpretadas nas cenas. Com o projeto o Grupo pretende trazer um novo olhar sobre as fitas e renovar a relação da audiência com o cinema do início do século XX.
O Grupo de Improvisação Livre (GIL) atua desde 2012 em pesquisas de linguagem da improvisação contemporânea em suas mais variadas possibilidades, para além das sonoridades conhecidas e tradicionais. A ideia é criar música viva, ligada ao momento da performance de maneira intrínseca, sem repetições. A ideia é fomentar a pesquisa na área e realizar concertos artísticos e didáticos com o intuito de criar um público para este estilo musical no Rio Grande do Norte.
Criado e dirigido por Anderson Pessoa, professor de saxofone e improvisação, o grupo é formado por alunos do curso técnico, do bacharelado e da pós-graduação (lato sensu) em práticas interpretativas com ênfase nos séculos XX e XXI. A criação de um grupo voltado para o estudo da improvisação contemporânea supre uma carência da linguagem nas áreas erudita e popular e é também fruto da curiosidade e do gosto estético de alunos interessados no assunto dentro da EMUFRN.
Conceito de improvisação
O conceito de improvisação livre começou a ser desenvolvido na década de 1960 com o início do movimento Free Jazz. Artistas como Ornete Coleman, Anthony Braxton e grupos como Art Ensemble of Chicago o AACM e CMM quebraram as regras da composição e da improvisação Jazzística, até então presa às estéticas tradicionais de harmonia, ritmo, tempo e forma, criando uma nova estética onde as memórias são dispensadas favorecendo a ideia de realmente se criar música no momento da performance.
A ideia, como todas as mudanças estéticas ocorridas no mundo da arte, não foi bem vista pela crítica da época que chegou a anunciar a morte do jazz. Mas ao contrário do que se pensou, tanto o jazz convencional como a proposta dos improvisadores livres se desenvolveram por novos caminhos e se perpetuaram até os dias de hoje.
“A prática da improvisação hoje é exigida tanto dos músicos de jazz como dos eruditos que intencionam atuar com música contemporânea. A estética da improvisação livre, apesar de ser uma prática atual no resto do mundo, ainda não é amplamente explorada no Brasil o que coloca a EMUFRN junto às poucas escolas que mantém grupos de pesquisa no assunto”, explica Anderson Pessoa.