Choveu bem nesta semana no meu sertão, para começar em beleza o mês de Abril. Confirmando as expectativas da Emparn, as precipitações do mês de Março foram na média em toda a região e o volume da barragem ARG cresceu sensivelmente. Por isso, o vazão na comporta foi aumentado de 3.500 para 4.000 litros por segundo, sendo 700 direcionados no canal Pataxó e o resto na várzea do rio Assu.
No Sítio Araras, onde eu moro, num dia de chuva a tendência é chover à tarde, ou à noitinha. Isso significa, então, que geralmente temos a parte da manhã para realizar atividades ao ar livre, ou ir pro comércio, na rua, e devemos destinar a parte da tarde para atividades em casa.
Assim, entre outros ofícios, nesta quinta-feira, de manhã cedo eu catei um bocadinho de umbu-cajá da árvore e, à tarde, prepararei uns potinhos de geleia; já na segunda, durante a chuva, preparei três potes de geleia de mamão com rapadura.
Sim, com rapadura. Eu já não compro nem utilizo mais açúcar branco há muitos anos; quando comecei a pensar em produzir um doce caseiro, a primeira ideia foi logo a de usar a rapadura, tão tradicional na alimentação nordestina e relativamente muito mais natural que qualquer açúcar refinado.
Ao invés de comprar produtos industrializados, uns dois anos atrás me decidi a preparar eu mesmo uns lanches energéticos, feitos com ingredientes naturais e orgânicos, para consumir no dia a dia, ou nas aventuras em canoa e bicicleta na Natureza.
Faço geleias com fruta da época, ou melhor, do meu jardim, com rapadura e um pouco de castanhas de caju, ou amendoins, às vezes.
Produzido seguindo as regras de higiene, um pote fechado se conserva por um bom tempo fora da geladeira (até 45 dias) e, quando aberto, evitando a contaminação direta, o doce dura tranquilamente dois, ou três, dias.
Os potes de vidro e suas tampas devem ser bem lavados e fervidos. A fruta, descascada e cortada em pedaços não muito grandes, deve cozinhar por cerca de quinze minutos, a fogo médio, numa panela sem tampa, remexendo sempre com uma colher de pau. Acrescentar a rapadura derretida, misturar bem e juntar algumas colheres cheias de castanhas, ou amendoins, quebradinhos.
Pôr a geleia ainda quente nos potes, até a borda, e fecha-los bem.
A variedade de sabores das geleias que produzi até agora inclui, entre outros:
– umbu-cajá com rapadura
– manga com rapadura e castanha de caju
– acerola com rapadura
– manga com rapadura e amendoim
– mamão com rapadura e castanha de caju
– manga com rapadura e nozes (no Natal kkkkk)
Umbu-cajá e acerola são do meu quintal. As mangas são da mangueira do vizinho e os mamões de um pequeno produtor local. Estou esperando crescer as goiabas do pé que nasceu espontaneamente há uns anos no quintal e, finalmente, começou a frutificar neste verão.
A quantidade de rapadura, ou algum açúcar integral orgânico, deve ser considerada para cada tipo de fruta. Minhas geleias são feitas com a quantidade mínima necessária de rapadura, para ressaltar o sabor da fruta. Contudo, é bom lembrar que é o açúcar que conserva a geleia no tempo e assim não deixar de colocar a quantidade necessária. Aproximadamente, em minhas geleias, para cada quilo de fruta, considero a quantidade de rapadura entre os 300 e os 500 gramas.