O mundo fantástico de Carol Vasconcelos

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Escritora, psicóloga e influenciadora digital, Carol Vasconcelos nasceu em Natal (RN), em 3 de Novembro de 1988. Graduou-se em Psicologia pela UnP (Universidade Potiguar) e fez especialização em Terapia Familiar Sistêmica pela UNIRN. Criadora de conteúdo para a internet, Carol tem um canal no YouTube com muitos inscritos, onde aborda diversos temas relacionados ao mundo da cultura pop e do entretenimento, principalmente filmes, séries e livros. Atualmente a escritora reside no Canadá.

Carol Vasconcelos foi bastante influenciada por obras como “Harry Potter” e “Peter Pan”. Virtuosa, começou a escrever aos 12 anos e publicou seu primeiro livro, intitulado “Contos do Mundo Mágico”, aos 21. Carol escreveu também “A Filha de Gaia”, “A história de Lilith”, “A Ilha da Caveira” e a Trilogia Etérea, que já conta com os livros “Etérea” e “Filha da Magia”. O último volume sairá em breve. Atualmente, Carol trabalha em dois novos projetos de livros.

Abaixo, trecho de artigo que escrevemos sobre o romance “A Filha de Gaia” na época do seu lançamento e publicamos no livro “Os Grãos”, ensaios literários, em 2018.

“…O romance de Carol Vasconcelos, está na chamada ficção da Fantasia, gênero que usa a magia e outras características sobrenaturais como elementos principais do enredo, da temática e ou da construção da obra. Os trabalhos nesta área variam amplamente, a partir da teoria estruturalista de Tzvetan Todorov (1939-2017), que enfatiza o fantástico como um espaço liminar para se trabalhar sobre as conexões históricas e literárias entre o medievalismo e a cultura popular. Por ser tão rico, o gênero literário invadiu também o cinema através de filmes que usam magia, elementos sobrenaturais e personagens fabulosos em seu contexto. “A Filha de Gaia” é mais uma prova de que estamos antenados com o que acontece no universo literário.”

Carol Vasconcelos nos concedeu, em 2013, uma entrevista para o livro “Impressões Digitais-Escritores Potiguares Contemporâneos Vol.1”, primeiro trabalho de uma série de entrevistas que fizemos com mais de cem escritores potiguares. Abaixo destacamos alguns dos melhores momentos:

01 – Carol Vasconcelos, como e onde começou o seu interesse pela literatura? Penso que literatura é algo muito amplo. Não está somente nas palavras, mas também na vida. Comecei a gostar de ler com Harry Potter, porém, sempre gostei de ouvir histórias desde pequena. Pedia para a minha tia avó me contar a mesma história por várias vezes. Acho que meu interesse por literatura começou ai. Penso também que, talvez por crescer rodeada por livros (minha mãe tem muitos em casa), o interesse por eles fluiu naturalmente, bastando que uma história me chamasse a atenção necessária para me conquistar e me fazer entrar nesse mundo maravilhoso. A literatura, assim como os outros tipos de arte, está sempre recriando a realidade. E a literatura fantástica, que é onde funciono melhor, faz isso ainda mais fortemente. E, mesmo que entre milhões de metáforas, estamos sempre falando do dia a dia, de conflitos e experiências vividos na nossa realidade. É isso uma das coisas que mais gosto.

02 – Quais suas principais influencias literárias?

Não só influências literárias, mas exemplos de vida: J. K. Rowling, Marion Zimmer Bradley, C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, Katherine Paterson (Ponte para Terabítia), Fernanda Lopes de Almeida (Soprinho), Raphael Draccon, Carolina Munhóz.

03 – Carol, fale-nos do seu livro de estreia “Contos do Mundo Mágico” publicado em 2010. Quais as influências nesse primeiro trabalho? E como foi o processo de construção da obra?

“Contos do Mundo Mágico” é um livro de literatura fantástica que reúne 7 contos que escrevi entre meus 12 e 18 anos. Acho que as influências para as coisas que escrevemos estão em tudo nas nossas vidas. Então, se você fosse destrinchar meu livro para saber cada coisa que me inspirou, iria encontrar até filmes da Disney. Até porque acho que não são só influencias literárias que nos inspiram. Mas em relação a essas influencias literárias, acho que principalmente Harry Potter, As Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis e Soprinho.

04 – Qual o motivo para o título da obra?

O título foi outra coisa interessante na construção do meu livro. Eu pensei em muitos títulos, mas sempre ficava com aquela coisa “Está bom, mas poderia melhorar”. Foi então que um dia tive um sonho com minha bisavó me dizendo um nome, que se tornou o nome do meu livro. Sempre tem gente que pergunta em que momento da construção do livro o escritor escolhe o título. Isso é algo que depende de tudo. Depende do escritor, depende do momento do livro. Tem casos que você escolhe o título e quando finaliza o livro resolve mudar. Enfim, não existe nenhuma regra. No meu caso, apenas no meu primeiro livro escolhi o título pelo meio de todo o processo. Já os outros (os que estão prontos esperando o lançamento e o que estou escrevendo), foi uma das primeiras coisas que escolhi.

05 – Carol é filha da poeta Carmem Vasconcelos. Você teve influência dela na sua vida literária?

Por exemplo, na indicação de alguma leitura, ou até mesmo no processo de criação/escolha do seu livro? Acho que a maior influência que tive da minha mãe foi o incentivo pela leitura. Lembro que ela sempre fazia de tudo para que eu gostasse de ler. Houve uma vez que ela começou a ler “Soprinho” pra mim. Leu uns dois capítulos e pediu para eu ler o seguinte, propondo que eu leria um e ela leria outro até terminar o livro. Mas em relação a indicar uma leitura, não tenho lembranças. Acho que minha mãe sempre me deixou livre pra escolher o que eu queria ler.

06 – Além da literatura, que outro tipo de arte desperta seu interesse?

Dia desse eu estava justamente conversando com uns amigos sobre isso. Cheguei a conclusão que me interesso pela arte em geral. Ao longo da minha vida, me envolvi com várias artes, como: música (faço aulas de canto, violão e teclado), literatura, dança (fiz balé quando criança), teatro (fiz 5 anos de aulas de teatro) e pintura (passei cerca de 3 anos pintando alguns quadros). Além disso, sou curiosa e me interesso por escultura, cinema, fotografia e games (sim, pois hoje são considerados arte e integram, inclusive, as outras).

07 – Como você se prepara para escrever um livro?

Sempre que tenho uma ideia para uma nova história ou um novo livro, escrevo um pequeno resumo. Nele, coloco tudo o que acontecerá ao longo da trama (começo meio e fim). O que eu pensei inicialmente pode continuar até o final do processo de escrita, ou ser modificado em prol da história na medida em que escrevo. Feito isso, começo a pensar aonde aquela história vai se passar. É ai que entra também a parte da pesquisa. Se escolho locais reais (que existem de fato na nossa realidade), pesquiso tudo acerca dele: a parte física, vegetação, clima, etc. Já se escolho cenários que ainda não existem, utilizo a pesquisa para escolher que tipos de vegetação e clima vão haver nesse local, que tipo de seres vivem nele e o que mais dará à minha história a credibilidade necessária. Dai, inicio a construção dos meus personagens. Geralmente, começo pensando na parte física e depois parto para a personalidade e emocional. Escolho a que grupo cada um pertencerá e penso nas motivações que os levaram a entrar na história. E faço isso sempre com todos os meus personagens, sejam eles principais ou secundários. Às vezes, me utilizo de personalidades reais, que fizeram parte da história da humanidade. Foi o caso do meu conto “A princesa e o pirata”, onde integrei vários piratas que viveram séculos atrás na história. É algo que gosto muito de fazer, misturar o real com o imaginário. E somente depois de ter feito toda essa parte anterior ao processo da escrita de fato, começo a escrever a história em si.

08 – Se você fosse listar os grandes autores da sua vida, quem seriam eles e por quê?

Os dois que fizeram uma grande diferença na minha vida foram J. K. Rowling e Raphael Draccon. A primeira, autora da série Harry Potter, foi quem me impulsionou nesse caminho das palavras. Já o segundo faz parte de outra fase da minha vida, mais madura. Com o Draccon, foi possível eu criar um vínculo, penso que até mesmo por ele ser do mesmo país que eu e não ter a língua como barreira. Aprendi muitas coisas não só com seus livros, mas também com seus textos no blog, site oficial e facebook e, inclusive, me auxiliou em um momento difícil da minha vida, quando perdi uma pessoa muito querida.

09 – O que lhe dá mais prazer no processo da escrita?

Não consigo definir isso. Acho que todo o processo da escrita é maravilhoso. Porém, se eu realmente tiver que dizer uma coisa só, acho que escolho a parte da criação dos personagens, pois crio com cada um deles uma relação muito especial. Acho que cada personagem é um pedacinho de mim. Amo pensar na história, nos aspectos físicos, emocionais e psicológicos, na personalidade de cada um deles. Amo pensar onde eles vivem, como se relacionam com os iguais e os diferentes de si próprios, as motivações que os levam a cada ato, cada decisão que tomam.

10 – Você é graduada em Psicologia, algum motivo especial pela escolha do curso? Há alguma influência/ligação da sua área de trabalho com sua literatura?

Na verdade quando escolhi o curso tinha outra meta na minha vida, mas acabei me apaixonando pela psicologia e não tenho nenhum arrependimento em relação a isso. Acho que a relação entre meu trabalho como psicóloga e meu trabalho como escritora é uma via de mão dupla.

A psicologia ajuda minha escrita no que diz respeito a construção dos personagens, de sua personalidade, dos conflitos. Já a literatura me auxilia imensamente no meu trabalho com os pacientes. Já tiveram casos de pacientes que eu não conseguia encontrar caminhos que pudessem dar certo e, lendo livros tive insights que clarearam os casos e tudo se simplificou. Outro exemplo sobre isso é que, como leio sobre temas que interessam aos adolescentes, isso me ajuda a falar a mesma língua deles no consultório.

11 – Você é muito nova, como vê a relação dos jovens da sua idade com os livros? Você acha que a sua geração lê mais, ou são raras as exceções?  Você tem amigos da sua faixa etária que também escrevem? Qual a dica que você daria para futuros escritores?

“Jovem não lê” é uma frase muito comum. Porém, errada. E a prova está nas bienais e eventos literários dos últimos tempos. A questão é que, como eu já disse, a geração atual é diferente de tudo o que já foi visto. E é preciso saber falar com ela. A Thalita Rebouças, por exemplo, tem uma campanha chamada “Ler é Bacana” para rebater uma frase comum de jovens adolescentes que dizem que “ler é chato”. E essa campanha vem dando tão certo, que hoje essa escritora já tem adaptações para teatro, cinema e televisão. Tudo por causa do sucesso dos seus livros. Além dela, muitos escritores brasileiros são muito reconhecidos entre os jovens. Eles participam de feiras literárias, palestras, estão em frequente contato com o leitor através de blogs, twitter, facebook e outras mídias sociais. Aliás, acredito que há duas maneiras de obter sucesso em se conectar com a geração atual: ou você vem dela, ou você aprende a funcionar como ela. Hoje, ler é um processo globalizado, que comporta uma gama de opções. Penso que o que falta em muitos casos é o estímulo certo. Sim, tenho amigos que escrevem não profissionalmente (por enquanto) e a dica que eu dou a quem deseja ser escritor é que estude e leia muito, se identifique com os gêneros literários, treine sua escrita, inscreva-se em concursos literários e não desista nunca.

12 – “Carol Vasconcelos por Carol Vasconcelos”?

Carol Vasconcelos é uma pessoa feliz, que gosta de experimentar e está sempre à procura de coisas novas. É alguém que não consegue fazer somente uma coisa de cada vez e gosta de integrar seus conhecimentos e áreas que domina. Carol Vasconcelos sempre está, de algum modo, misturando opostos: doce com salgado, quente com gelado, grosso com suave. É alguém que detesta intolerância e defende minorias. E que, acima de tudo, se sente feliz ao ver o bem-estar de quem gosta.

Thiago Gonzaga

Thiago Gonzaga

Pesquisador da literatura potiguar e um amante dos livros.

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