ela, ela, ela, ela… SHE!

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Croniketa da Burakera #44, por Ruben G Nunes

que essa mulher permaneça em mi vida
como o sol permanece em certas manhãs de inverno
…….
que venha naquele andar vaginal
que se alonga na música antiga
e faz estancar a vida
…….
…….
“Oração de certas manhã de inverno”
in Porra de Poemas
Ruben G Nunes

 

Não sei quem são vocês Elas-de-mi-vida. Até hoje não sei direito. Anjas? Demônias?  Deusas?… anjasdemôniasdeusas?

Quem são vocês mujeres de mi vida?

Filhas de Gea? Sim, certamente filhas de Gea – a misteriosa deusa mítica que segundo   Hesíodo, o grande poeta épico grego, em sua Teogonia, séc. VIII aC, foi dela que surgiu a energia da VidaViva ordenada, e todos nós.

Existimos todos graças à vaginaça parideira de Gea.

Pois antes só existia o Cáos,, esse NadaInfinito, essa energia, morgadona, sem eira,  nem beira, sem identidade, nem entidade, impessoal. Essa energia estranha, bagunçada que nem bolsa de mulher.

Quem sabe não seria o Cáos, em ente-não-ente. Talvez um trans-trans? Talvez um malandro cósmico?

Ou então um traficante de sonhos, pura energia-vagabunda, eternamente dançando a macabra Dança da SolidãoInfinita?

E depois, dançando a Dança da Vida, com Gea, sua outro-outra, misteriosamente surgida dele mesmo, do Cáos, um ser-sem-ser?

Cáos e Gea… como os bíblicos Adão e Eva, sem umbigos…

Gea, a deusa inaugural-vaginal. Entidade de misterioso passado sem História. Primeiríssima entidade, fêmea-parideira, sem pai, nem mãe. Simplesmente surgida do Cáos, sem quê nem pra quê.

“No princípio era o Cáos, depois Gea de amplos seios…

… em seguida Eros que excele entre os deuses imortais…”

Teogonia, Hesíodo

Quem sabe seja Gea uma cigana cósmica, sem origem como os ciganos, que se dizem surgidos das Estrelas e, deste então, estão nas estradas, djobidjobando sua Dança da Vida?

Eis que a própria deusa Gea, já surge crivada de mistérios e bagunçarias. Como surgiu? Como fez surgir – solita, solita, nas burakeras infinitas – o resto das gerações, i.é, nós? Como engravidou só, único ente, na solidão cósmica?

Que self-preliminares? Que self-curruchios? Masturbation? Partenogênese? E depois? Incestos? Chifres? Bolo de japona?

Qual o papel de Eros, o deusinho-sacaninha do Amor, com suas flechadas aleatórias?  Ou foi – e é –  tudo-todos um bunga-bunga cósmico daporra, defenestrado da divina-misteriosa-xana de Gea? Uma espécie de doideira histórica.

Sei lá, meu rei… esse é o eterno mistério dos buracos vivos…

Sei que cada Ela-de-mi-vida tem um nome único, um jeito de ser único, um toque de amor único, que… usch!… vai ficar tudinho cravado-forever, aqui,  nesse coração-vagueba de velho-marujo de sangue cigano.

Talvez vocês, Elas-de-mi-vida, sejam imagens de gaivotas esvoaçantes, lentiriscando bolhas de sonhos, sobre esse  mar-imenso-profundo, chamado Amor, que  manso ou brabo, mas inescapável, vai-e-vem na Prainha do Coração de cada um. E é sempre-sempre “perigoso demais”, como canta o mago Djavan.

Sejam vocês talvez folhas de outono esvoando emoções antigas, em sua esplêndida leveza ferrugem-dourada.

Sejam talvez uma música colorindo as dobras do tempo. Um talvez bolero indançado nas noites só-nossas. Talvez sejam vocês só corações abertos e partidos, de espanto e saudade, junto com o meu.

Quem são vocês, Elas-de-mi-vida? Que tão de repente se instalaram de mala e cuia em mim, cada uma com um choque de zentsvolts-d’amores?

E que, através dos sentires e lembrares estão aqui comigo, na Prainha do Coração. Para sempre… forever… foreverzinho… como eternos e silentes portos seguros, onde fundeio meus navios piratas, vez em quando… vez em quando…

Mas, quem são vocês afinal, mujeres de mi vida?????? Que sei de vocês? 

Diz aí Riobaldo-velho, de Guimarães Rosa! Diz aí que a gente não sabe de nada das mulhas!

Arranca de minha lembrança teu tranquilão papo socrático de sábio sertanejo velho-de-guerra – e que li no Grande Sertão:Veredas:  Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”.

Pois é, princesas. Desconfio que vocês vieram das quebradas cármicas-cósmicas, lá depois das estrelas-perdidas-e-achadas, lá pela quina oeste do universo, lá no zúltimo bar dos subúrbios do Infinitaço, bem depois… porrilhão de anos-luz depois… muito depois do AlecrimTotal e da divisa da Av.8 com as Quintas Profundas-e-Tenebrosas, Natal/RN, Brasil-Esquina.

Também desconfio que, ou de repente ou sem repente, ou na convivência ou na desconvivência, ou à primeira vista ou à segunda vista ou de bandinha ou de frentinha, vieram cada uma a seu tempo certo.

Mas que diabo é “tempo certo”, meu jovem?

Por vezes, o Tempo dá uns rodopios, estica-encolhe num nó-de-Elas. Daí nos enreda nas magias perigosas dum tempo “certo-incerto”. Tempos embaralhadas no mesmo tempo.

Um enrôsco de sintonias tranversais. Um nó-de-nós dos diabos. Encrencalhada pura.

É mole? Nenão-sinhora! Pra ninguno. E repito: pra ninguno! Tem que coçar as cabeças e dar um jeitinho de paz e “bolar” um organograma dos enroscos.

 A gente quer mais é a SantaPaz de xanas, xifres, bengas e corações, nesse vasto condomínio de amorâncias e desejâncias travadas e destravadas, desde que Gea pariu todos os “nós-de-nós” que é a Vida.

Mas qual a saída quando o tal do “tempo certo” de cada pas-de-deux, corcoveia, desanda, e estrambelha tudo?

Qual a saída do torvelinho, ou romântico ou só-erótico, do outro da outra do outro da outra do outro da outra… que nos envolve desde as cavernas?

Quem manda-des-manda no tempo curruchiado do coração, minha senhora?

Esse danadinho aplicativo-pulsante, num tic-tac de Eros traquinas, erótico-romântico, que nos move vida afora, puxado a sonhos, emoções e trapalhadas.

Esse ente sacaninha, tiquetaqueando autônomo, que nem um Banco Central controlando dentro-fora de nós os juros e juras dos amores-perdidos-e-achados. Num jogo de pago-pra-ver, de quero-mais, e de forever-and-ever.

Tempo certo… 

Má-qui-porra-é, afinal, o tal do “tempo certo” de cada um com cada um? O “tempo certo” de amar na zorra social humana? Um amor de cada vez… um amor de cada vez… com hora e dose marcada que nem bula de remédio…

Que diferença faz?

Desconfio que seja o tempo certo do coração de cada um, manas.

Desconfio, minhas-amigas-mais-que-amigas, que é o tempo certo que bate num velho coração-marujo, navegador a miúdo de porto a porto, dos sete mares, bares, luas, esquinas, motéis… e sonhos…

We are such stuff as dreams are made on.” (“Somos da mesma substância que os sonhos.”)  é o que diz o mago Próspero, na obra-prima The Tempest, de Shakespeare.

Trama onde se misturam todos os instintos sonháticos humanos – leves e pesados, voadores e andadores, de liberdade e libertinagem, de força e poder, de animalidades e espiritualidades, d’amores e desamoresespichando-se-chocando,      como nuvens, chovendo chuva fina ou chovendo tempestades.

Afinal somos, todos e cada um, simples erráticos humanos zanzando pelas esquinas do Tempo, Destino, Amores, Paixões;.

O coração é feito de bolhas de sonhos… desse mix shakespeariano de ser-não-ser Cáos e Gea, tempestades e ternuras, ritmias e arritmias, amordesamormix que move a flutuante leveza dos sonhos fazendo pulsar mais rápido o coração…

O coração é feito de bolhas de sonhos… e como reprimir sonhos?

Como reprimir em qualquer tempoespaçoenrosco certo-incerto as bolhas de sonhos que são vocês Elas-de-mí-Vida…

… vamos, vamos amar, sonhar, dançar, vidaviver… vamos Djobi Djoba…

Ruben G Nunes

Ruben G Nunes

Desfilósofo-romancista & croniKero

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