A desrazão e o irreconciliável como força poética

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Já está à venda, em edição limitada, pelas redes sociais do selo editorial Giro e do autor, o sétimo livro do singular poeta potiguar Jean Sartief, que chama-se DESRAZÃO. Poeta, artista, jornalista e pesquisador literário, Sartief participa de diversas antologias, sendo a última delas lançada em Portugal pela editora Urutau em que aborda como foco a xenofobia. Ativo também nas artes visuais, participou recentemente de duas exposições fotográficas em Portugal onde vive.

Joan Brossa, poeta catalão, disse uma vez a revista Cult (João Bandeira/Noemi Jaffe) em uma das suas últimas entrevistas, que: “para apreciar um poema é preciso alguma base além do gostar ou do não gostar” e Brossa conclui que quando faz algum trabalho ele se dirige à inteligência das pessoas. É neste percurso que Sartief segue. Talvez para começar a descrever Desrazão seria bom falarmos da capa do livro que também é uma arte criada pelo próprio autor cujo título homenageia o poeta catalão. Propõe imageticamente um desafio ao leitor. Assim como Brossa referiu-se, Sartief vai além da pele e adentra mais e mais, deixando de lado essa superfície do gostar e do não gostar e busca pela inteligência do leitor.  A capa parte da provocação de um ovo e um abridor de garrafas no que parece ser uma velha tábua de carne. Aparentemente não parece haver significados, mas é justamente essa metáfora dos inconciliáveis que Sartief desenvolve em todo o livro.

Se o campo que dá base de fundo à obra é situá-lo no tempo imediato do fim da pandemia, onde todos ansiavam pela liberdade, o autor – por sua vez – desejava permanecer encarcerado, a prolongar a dor, como diz em um de seus poemas, porque seu ritmo é outro. E assim é o tempo e a existência de cada grande poeta. Sartief não entende a lógica dos comuns. Seu olhar leva a uma exploração dos sentidos e é atravessado por uma outra forma de sentir o mundo e portanto, choca-se com tudo e com todos. Ele não tem a sensibilidade à flor da pele como seria o jargão banal, mas ele une-se à própria estrutura do sensível para existir nesse mundo dos impossíveis e aí a capa faz muito sentido nessa jornada única. A prestigiada doutora em História da Educação Conceição Flores, que assina o prefácio, menciona que o poeta semeia verdades num tempo em que a desrazão nos assombra. A orelha é assinada pelo doutor em letras, Samuel de Mattos.

As 107 poesias apresentadas compõem um universo próprio, mas que toca a todos, cujo acesso faz-se na primeira linha e pelo qual desenvolve em sua escrita lúcida nas camadas de todas as poesias essa relação entre paradoxos. Lá estão a religião, o sexo, a cosmologia, a astrofísica, o cotidiano, a infância, o amor, o luto, a dor… tudo é um jogo irresistível em que cada passo (ou verso) subverte a própria jogada. É esse elemento de mistério e de surpresa que fascina em cada poesia de Sartief. Um dos grandes poetas da literatura contemporânea potiguar.

 “Que as palavras sustentem esta casa

Rezo para que a boca do desespero

tenha lentidão

e sobre essa pilha de livros que desmorona

as palavras sustentem

esta casa.”

. . . . . . . . . . . .

Mais:

Título: Desrazão

Autor: Jean Sartief

Gênero: Poesia

Fotografia da capa: Jean Sartief

Editora: Selo editorial Giro

Páginas: 111 – Papel pólen, 90g

Venda: @sartief

Valor:R$45,00

Contato: Sa*****@gm***.com

Redação

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