Aum… aum… é d’Oxum!

Saudade

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Croniketa da Burakera #27, por Ruben G Nunes

Campanhas de copo-y-pasión!

Há momentos em que aquelas emoções antigas, d’amores-perdidos-e-achados… e de novo perdidos, arquivados nos cotovelos, entra em refluxo e vem de maré braba pra cima da gente. Tô falando daquelas dores-de-cotovelo que deixam a gente que nem lagartixa doidona, subindo pelas paredes. E tudo se embaralha.

Daí, chefia, tome de ressacafetiva na prainha-do-coração de cada um.

Copo na mão, olho escorregando pelos infinitos cá de dentro, o cába sai caçando mais de hum milhão de vagalumes por ai.

E tome de lembrar o sorrisolhar da mulhamada… o beijo-abraço daqueles tempos-sem-tempos… o euseiquevouteamar” dito, desdito, cantado, como eterno rala-e-rola enquanto dura… por Vinicius e Maria Creuza… daí fica tudo lá esbolhando sonhos… triscando acochos antigos, ausências…

E tome de ciúminhos, suspirinhos, porrinhos, soinhos esborrando  arrêgos… arrêgos… arrêgos... antigos-e-pós-antigos, pra todo lado.

E tome de chamar o garçon-amigo… ei, mais uma aí, mano, dupla!… e nas gingas do coração arriado lá vem os pretos-véios girando em volta fazendo aum… aum… aum… é d’oxum, mizifiô!… daí tudo se embaralha de vez, amigão! Naufrágio total nas noites perdidas. Pior que as desgraceiras do Titanic, mano-velho.

E haja zilhões de boleros ao luar e nocautes técnicos de arrependimentos.

O DJ-do-cotovelo… fidaputa… ainda joga pra cima dos enganchos um flashback dos anos 70, de Junior: Excuse me.

Daí vai aparecendo na telinha do coração aquelas últimas dancinhas nas buates dos tempos por aí, com a mulhamada bem coladinha, no ritmo dos romancinhos rapidinhos… sacumé… aquele chega-mais-amorzinho… rosto colado… paudurescendo adoidado entrecochas, sarrando-chamando a nêga na chincha…  e haja sofrências e carências em gotas e esguichos, meu camarada.

O tranco é forte.

Em pleno delírio dos xamêgos-sem-volta você lembra do mantra dos amores mais-ou-menos felizes do nosso mago-cronista XicoSá: “todo segredo está na capacidade de safadezas”.

Chupa essa, mano: o amor também é parceria romântica no jogo do avesso do avesso do avesso de xifres-e-safadezas. Tudo na base do mais-ou-menos e do vamuquivamu.

(insisto: se tem xana no meio é xifre com x)

Aliás, há GrandesAmores plenos de maravilhosas safadezas. Nessas paradas sempre me lembro da safada-exótica declaração de amor do Príncipe Charles pra amante Camila Parker. Como um adolescente-em-chamas ataca pelo telefone: “Ah, Deus! Se eu vivesse dentro das tuas calcinhas… se Deus me permitisse… como um Tampax! Seria minha sorte!”. Incendiada e molhadinha, Camila sussurra com a mão já entrecoxas: “Tu és um completo idiota! Oh, que idéia maravilhosa!”. Rapá!… isso que é amor real, mano!

Como eu dizia, tudo se embaralha quando os amores-perdidos retornam, assim de repente do passado, assim desembestados, desentocando lembrares-e-sentires. Tudo remoendo, trollando, pra cima da gente. É de lascar corações e cotovelos.

Dos amores-de-cana-e-motéis aos casamentos-feitos-e-desfeitos, e gamações-sem-rumo-nem-prumo, vem tudo de cambulhada, com toques de dramapasión mexicano e últimos tangos ao luar.

É o tal negócio: amorites, xifrites e paixonites nunca acabam:  ou tiram férias ou ligam-des-ligam, vezemquando, no interruptor das saudades e paixões. Mas sempre voltam… vez-em-quando.

Eis a sofrência desses rolos, gente boa: são rolos crônicos : são vezemquando-forever.  Nem que seja só pra perturbar o distinto. E haja saco e arritmias.

Daí, das profundas  de las pasiónites agudas surge uns danados duns gemidos. Que ficam te zoando e lembruxando os antigos amassos… tipo assim… os pornosussurros de Je t’aime… moi non plus de Serge Gaisnbourg e Anne Birkin, anos 70.  Sai debaixo, meu camarada!

E tu fica encharcado de dores-de-cotovelo, de musiquinhas-deprês, de desejos retroativos, e o escambau. Tem nêgo que fica tão doidão com os amores-perdidos que perde a noção. Fica espiritado. Pode ser operário, motorista, jornalista, professor, político corrupto ou rei do narcotráfico. Arre égua! E o mundo todo! O cába fica sem prumo.

O velho Bukowski bem que tinha razão, mago-véi, quando dizia em seus uiskpoemas que… “o Amor é o cão dos diabos, mesmo morto ainda rosna…

Daí, velha-guarda, dá um put’arrepio nos pentelhos-d’alma. E você percebe que, na Ecologia do Amor, sem certas exdoidinhas-sempre-amadas, mas que já se foram pelas esquinas do Tempo, teu humano coração fica ameaçado de extinção.

E que no frigir de ovos e bagos, parece que certos enrôscos te pegam também pelo pé, tipo tornozoleira eletrônica. E ficam lá te xavecando com o eterno mantra-safado dos enroscos falidos ou quase falidos: toda ex é forever, my friend”.

(aqui cabe um parêntesis desconceitual: uma ex, nem sempre é uma ex-separada no tempo-espaço-passado. Explico: na solidão, embroglios, companheirices domésticas, de cada um, a ex também pode ser a atual: a que convive no tempo-espaço-presente: mas que já não é mais a mesma mulha louca-apaixonada d’antes: talvez seja agora mais vivida, mais sofrida, mais cuidadeira, mais mãe, mais gerentona do club doméstico do que a antiga namoradinha romântica: daí, torna-se na maturidade de si mesma, uma ex de si mesma : essas trampas acontecem muito por aí, velha-guarda : fecha parêntesis rápido)

Todo esse clima de saudades difusas e confusas baixa sem aviso prévio – tá ligado?  Acontece quase sempre naquelas tardesmansas de uisquemeditation em que você encara você mesmo.

Em que você dá uma espichada n’alma, olha pra lua, e deixa os orixás das gamações baixarem nos tum-tuns do velho coração.

Ali, naquele terreno baldio do imaginário infinito de cada um. Onde só as cabras vadias de Nelson Rodrigues e os caboclos-escoceses de JonhyWalker são únicas testemunhas dos teus amores, pós-amores, dos enrôscos, engatamentos, enrabichamentos e fuleragens.

Ali, naquele terreiro-metafísico entre anima-cuore  xana-traseiro  xifre-cotovêlo. Pura ligação material-mística, mago-velho.

Ali, nas verticalhas, horizontalhas e buracalhas da VidaViva.

Daí você começa a sacar que, em certas solidões, no vamuvê da VidaViva, gamar e coçar é só começar.

Que o jogo é jogado ou dá ou desce: ajoelhou, rezou: xanavá! xanavem!: xifrou é xifrado!

Que xifre também é amor pelo avesso do avesso: e é também acessório humanitário: que é, assim, tipo chopp bem tirado: precisa da espuma sutíl de vazios, borbulhas, cotovelos, ternuras, safadezas, lembrares, ilusões, e um largo sorriso de saudade... que é o Sorriso de Luz, de Djavan, s’espumando na prainha-do-coração…

Quando tudo isso acontece, todo marujo-velho sabe que o mar não tá pra peixe.

Mas que gente fisgada não é peixe fisgado. Daí, se liga, véi! Ou embica a proa do barco pro próximo bar. Ou toca pro porto seguro do club doméstico. E tomaumas ouvindo La Barca, com Luis Miguel.

Daí, estica bem a alma e solta as gaivotas… deixa rebentar os brumadinhos do coração… mas uiskdevagar, gole a gole… feche os olhos e deixa rolar… e de mansinho libera os gravames, sufocos, saudades, demansinho, nêgovéi… pois é preciso sentir e chapliniar com Nat King Cole ou Djavan … e deixar a maré braba dos desencontros virar um Grande-Smile-Again, refletindo o que ainda resta das tempestades das paixões:  a beleza da VidaViva no eterno sorrisolhar do amor-que-foi… mas que ainda abraça a alma…                                   

Mas, ein?!!!!

Ruben G Nunes

Ruben G Nunes

Desfilósofo-romancista & croniKero

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