A princípio, a finalidade era cultivar a harmonia dos instrumentos de corda. Depois, passou a promover curso, concertos e festivais, divulgando músicas de artistas famosos e dos compositores conterrâneos, congregando todos os meios para preservar as tradições folclóricas e para o desenvolvimento da arte musical potiguar.
Seus integrantes se reuniam semanalmente e deste encontros fluíam as mais belas páginas musicais, clássicas e populares, com predominância, claro, do violão.
Era composto por um número ilimitado de associados, sem distinção de nacionalidade, credo religioso, filosófico ou político, que se dividiam nas categorias de sócios efetivos, sócios honorários e sócios correspondentes.
O Clube do Violão de Natal, sociedade civil sem fins lucrativos, foi fundado em 23 de junho de 1949, tendo entre seus inspiradores pessoas como Arnaldo José Pires, Veríssimo Pinheiro de Melo e Protásio Pinheiro de Melo, João Galvão de Oliveira Filho, José Dantas Emerenciano, Geraldo Bezerra de Melo, Sérgio Guedes, Guilherme Wanderlein e João Lucas Sobrinho.
Dez anos depois da fundação, o clube passou pela primeira grande modificação. Seus estatutos foram reformados, ampliando o leque de atuação da entidade, conforme decisão aprovada em assembléia geral em 20 de junho de 1959 e publicada no Diário Oficial do Município. Nessa época, também, foi reconhecido pela Câmara Municipal como “utilidade pública”.
Durante muito tempo as reuniões foram realizadas na residência de Arnaldo José Pires. A solenidade de posse da diretoria que assumiu o controle do clube em 26 de junho de 1959, de acordo com o que foi registrado na coluna de música assinada por Jaime dos G. Wanderley no jornal Folha da Tarde, ocorreu no Salão de Honra do Instituto de Música do Rio Grande do Norte, às 20 horas, contando com a presença de autoridades, jornalistas e famílias especialmente convidadas. Naquela oportunidade, discursou o historiador Luís da Câmara Cascudo e, após a saudação deste grande tribuno, houve a aula inaugural dos cursos de violão a cargo do professor pernambucano Júlio Moreira.
O Clube do Violão de Natal promoveu apresentações de artistas famosos. A excepcional violonista argentina Maria Luiza Anido, esteve várias vezes na capital, realizando concertos musicais no Aero Clube de Natal e no Clube Social da Marinha, executando músicas clássicas de grandes gênios, como: Recuerdo de la Alhambra, de Francisco Tárrega, Adágio da sonata ao Luar de Beethoven, Courante e Bourré de Bach. Também trouxe a cidade o grande artista Lupércio Miranda (irmão da cantora conhecida internacionalmente Carmem Miranda), excepcional executante de bandolim.
O Clube do Violão de Natal patrocinou talentos locais e promoveu um festival nos salões do América F.C. para angariar recursos para o violonista natalense, Vivaldo Medeiros, filho do compositor Eduardo Medeiros, autor da música consagrada “Praieira”, quando de sua partida para o sul do país. Todos os sócios e simpatizantes, participaram do evento, destinado a ajudar na viagem do homenageado. Também promoveu várias apresentações na rádio Poti do violonista pernambucano, Milton Dantas, hóspede do violonista Arnaldo José Pires.
Marcou época em Natal e inspirou o surgimento, décadas depois, de outras organizações similares, como o Clabom – Clube dos Amantes da Boa Música. O Clube do Violão de Natal vingou por mais de duas décadas e quem dele participou e ainda está vivo para contar a história, como Genardo Lucas da Câmara, guarda muitas boas lembranças deste tempo.
SÓCIOS FUNDADORES DO CLUBE DO VIOLÃO DE NATAL
ARNALDO JOSÉ PIRES – Empresário
VERÍSSIMO PINHEIRO DE MELO – Advogado
JOÃO GALVÃO DE OLIVEIRA FILHO – Empresário
JOSÉ DANTAS EMERENCIANO – Empresário
GERALDO BEZERRA DE MELO – Dentista
PROTÁSIO PINHEIRO DE MELO – Bacharel
SÉRGIO GUEDES – Médico
GUILHERME WANDERLEIN – Funcionário público aposentado
JOÃO LUCAS SOBRINHO – Funcionário público aposentado
FOTO: Da esquerda para direita em pé: Protásio Melo na residência do empresário e funcionário público Arnaldo Pires, ambos violonistas. Sentados: a argentina Maria Luíza Anido e o famoso violonista pernambucano Milton Dantas, no início da década de 50.
1 Comment
Olá, gostaria de conversar com o Genardo Lucas câmara, pois estou pesquisando a Genealogia da família da minha esposa, e esse Joao Lucas sobrinho, suspeito ser o tio da minha esposa, que descende da irmã dele, que se chamava Amália Lucas da Costa.
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gi*************@gm***.com