CINE FEST RN: números, críticas, acertos e erros

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Um mês intenso, como poucas ou nenhuma vez havia trabalhado em meus 14 anos de jornalismo. Imaginem um festival organizado ao longo de um ano realizado dentro de menos de dois meses e sem dinheiro na conta. Para completar, uma primeira edição, com todos os improvisos inerentes à primeira experiência. Assim saiu do papel para a tela do cinema o Cine Fest RN.

Decorrente do pouco tempo, da falta de dinheiro e problemas extras, o festival sofreu inúmeros erros de produção. Os principais, ao meu ver, foram a mudança sequenciada na programação dos filmes e logística na distribuição dos ingressos. Decorrente desses dois, outros surgiram, como a divulgação confusa (pelas constantes mudanças) e desgaste junto ao público com a escassez de ingressos.

Ainda assim, o festival colocou pela primeira vez uma gama de filmes potiguares na tela do cinema para centenas ou milhares de pessoas assistirem. Digo sem modéstia que nunca o audiovisual potiguar foi tão evidenciado na mídia. O valor das premiações foi bem razoável para uma primeira edição e para a realidade local. E o seminário e a oficina de atores também colaboraram para o cenário produtivo potiguar.

CRÍTICAS

Li duas críticas ao Cine Fest RN. A da produtora e jornalista Diana Coelho achei incisiva, mas muito embasada. Importante reconhecer os erros para crescimento do evento e críticas de quem participou e viu de perto o festival, servem a esse propósito. Discordo apenas da glamourização do evento como fator negativo. E daí carece outra explicação relacionada ao incentivo ao audiovisual potiguar.

O Cine Fest RN se lançou com o slogan pretensioso: “O festival de cinema do Rio Grande do Norte”. Não à toa. A secretaria estadual de Turismo e o Banco Mundial, realizador e patrocinador do evento, pretendem um alcance nacional para incentivo ao turismo, ao estilo Festival de Gramado. Fosse a Fundação José Augusto, o foco PRINCIPAL seria outro: o incentivo ao audiovisual potiguar. Ainda assim, o festival se propês também a isso, com oficina, seminário e maior número de premiações destinada à produção local. A divulgação também se voltou a esse destaque, com exibição de imagens e traillers dos curtas potiguares nas tvs e portais de notícia.

Dada a explicação, recomendo a leitura da crítica de Diana Coelho AQUI. Discordo da outra crítica pela falta de fundamento, de entidade que se mostrou cética e crítica antes mesmo das primeiras ações do festival. Que cobra ironicamente (com a citação “nos causa estranheza”) critérios de financiamento ao evento com base em exigências das leis de incentivo à cultura, quando o processo foi licitatório e transparente.

NÚMEROS DO CINE FEST RN

– Pelo menos 134 matérias publicadas na mídia, incluso site do Uol e capas de jornais impressos e portais de notícias.
– Mais de 30 veiculações em TV Aberta, sendo 11 apenas na InterTV Cabugi.
– Exibição de mais de 40 filmes gratuitos, sendo 24 potiguares.
– Público de 2 mil pessoas presentes ao cinema (1350) e nas mostras itinerantes (650).
– Oficina para atores com 60 participantes e seminário promovido para 20 participantes (ambos prejudicados pela mudança repentina de local).
– Mais de 3 mil visitantes à exposição fotográfica, de acordo com o livro de assinaturas.

ACERTOS E ERROS

Se os números são fatos, os acertos e erros são passíveis de discussão. Já citei acima e resumo mais abaixo. Ressalto que é minha opinião pessoal. Não falo aqui em nome do festival, em nenhum momento.

Pontos positivos

– O audiovisual potiguar exibido na tela de cinema.
– Oficina para atores e seminário.
– Público presente às exibições.
– Cobertura da mídia e visibilidade à produção local.
– Concurso fotográfico e exposição.
– Valores das premiações

Pontos negativos

– Mudança no horário dos filmes.
– Exibição tardia do filme ‘Açúcar’.
– Necessidade de uma sessão extra no Cinépolis.
– Logística para distribuição dos ingressos.
– Divulgação confusa em razão das mudanças na programação.
– Acréscimo de curtas-metragens fora do período de inscrições.

No geral e ainda mais resumido, acredito na validade deste e de mais eventos similares para valorizar a produção audiovisual local e para a construção de um evento que possa atrair turismo pelo viés da cultura. O FestNatal deve acontecer em setembro. Quanto ao Cine Fest RN, difícil prever a viabilidade de uma segunda edição. Por enquanto, só quero esquecer.

Adendo: Esqueci de uma crítica inicial do produtor Sihan Félix a respeito da exigência dos filmes em formato DCP. Crítica válida e sanada durante o transcurso do festival. Sugiro ainda que visitem o perfil de Sihan no facebook. Ele escreveu algumas críticas ontem, também válidas.
Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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