O Departamento de Artes da UFRN realiza de 25 a 27 de maio, às 19h, no Teatro Jesiel Figueiredo, o V PALAVRAR: A PESTE (Ciclo de Leituras Dramáticas). O evento, gratuito, propõe ao público o dizer de peças teatrais que abordam questões direta ou indiretamente relacionadas à pandemia, suas causas e consequências. As senhas gratuitas serão distribuídas a cada noite na porta do Teatro do DEART, a partir das 18h30.
Essas audições serão realizadas por grupos de teatro de Natal, atrizes e atores, encenadores, artistas em formação, aluna(o)s e professore(a)s dos cursos de Artes da UFRN. O evento ocorre desde 2017. Ele teve uma edição remota em 2020 e não aconteceu em 2021 devido ao isolamento social.
Neste momento em que a pandemia ainda não acabou, mas já se vislumbra um contexto mais brando de convívio com o vírus, o evento apresenta a leitura cênica de textos teatrais que abordam a perplexidade do ser humano diante da doença, do sentimento de impotência, descontrole, perda e luto. Mas também pretende debater o tema em sentido amplo: a peste da ignorância, do negacionismo, das fake news, da disseminação de calúnias e da cegueira política. Almeja-se provocar a reflexão acerca da abrangência do assunto a partir das peças lidas, de autores como Alfred Jarry, Matei Visniec e Luís Alberto de Abreu.
Uma das propostas do PALAVRAR é aproximar alunos e professores de artes da classe teatral da cidade. Como todos os anos, o PALAVRAR recebe grupos de teatro externos. Este ano, participam os grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa, além de atores pertencentes a outros coletivos teatrais, como Estação e Atores à Deriva.
Também participam do PALAVRAR o projeto de extensão TEIA e o projeto de ensino TODAS AS LETRAS. Estudantes desse projeto receberão o público na entrada do Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo com pequenas intervenções performáticas de leitura de trechos de textos referentes ao tema da peste, em sentido lato.
Cada leitura do PALAVRAR será seguida por um debate com o diretor da montagem. A ideia do projeto é ser didática, levar a palavra dramática tanto para o público habituado a ela quanto para quem nunca foi ao teatro. Espera-se fomentar um público espectador e leitor de Teatro, abrindo espaço para uma ação que reconheça o espaço público como lugar de experiência estética e de discussão do contexto nacional.
Idealizado e coordenado pelo professor André Carrico, o projeto de extensão conta com alunos do curso de Licenciatura em Teatro na execução de sonoplastia e iluminação, além da produção executiva e organização das redes sociais.
Outra ação do V PALAVRAR envolve o curso de Design. Coordenados pela professora Elizabeth Romani, a cada edição os alunos que pesquisam processos gráficos criam a identidade visual do evento (cartaz, cards, programa impresso).
O que é uma leitura dramática?
Leitura dramática é a montagem de um texto teatral sem, necessariamente, contar com a ação física completa. Mesmo nos casos em que o encenador ou grupo estabeleça uma marcação para o elenco, o texto e as rubricas não foram decorados como numa montagem finalizada. Trata-se de uma montagem em processo.
PROGRAMAÇÃO
25/5 – Ubu, o que é bom tem que continuar!, baseado em Jarry
Grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa
Direção e dramaturgia: Fernando Yamamoto
26/5 – O último Godot, de Matei Visniec
Grupo TEIA
Direção: Adriano Moraes
27/5 – O livro de Jó, de Luís Alberto de Abreu
Direção: Rogério Ferraz
Coordenação geral do ciclo: André Carrico
Identidade visual: Elizabeth Romani
Apoio: DDGN e Pró-Reitoria de Extensão/UFRN
FICHAS TÉCNICAS
Ubu, o que é bom tem que continuar!
Grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa
Baseado em texto de Alfred Jarry
Direção e Dramaturgia: Fernando Yamamoto
Assistência de dramaturgia: Camilla Custódio
Produção: Rafael Telles
Direção Musical: Marco França
Elenco: Caju Dantas, Deborah Custódio, Diogo Spinelli, Paula Queiroz e Rodrigo Bico
SINOPSE:
Tendo como ponto de partida as personagens Pai e Mãe Ubu, do clássico Ubu Rei, a obra situa-se como uma possível continuação da peça de Jarry. A montagem desloca esses personagens para um país/lugar-nenhum com ares latino-americanos. Nesse novo ambiente, em meio à influencers e cachos de bananas, Pai Ubu e Mãe Ubu continuarão sua saga alucinada e insaciável pelo poder. Assim como na obra original, a sátira política – centrada nessas personagens, mas presente no trabalho como um todo – pretende dialogar diretamente com o público, trazendo à cena temas como a disputa pelo poder e a praga da manipulação de informação.
O último Godot
Grupo TEIA
Texto: Matei Visniec
Figurinos e adereços: Marcelo Antônio da Silva
Iluminação e maquiagem: Grupo TEIA – leituras e contação de histórias
Orientação: Adriano Moraes
Leitores: Alexandre Augusto de Jesus Antas, Hanna Taisa da Silva Pereira
e Pedro Samuel Medeiros Guerra
SINOPSE:
Diante de um teatro em crise, Samuel Beckett encontra Godot, a personagem que dá nome a sua obra mais conhecida. Nesse encontro, enquanto discutem a situação do teatro, os dois constroem uma cena em que a criação desafia o criador. Com humor severo, Visniec busca – em vão – dar realidade a uma das personagens mais vivas da dramaturgia ocidental.
O livro de Jó
Texto: Luís Alberto de Abreu
Direção, cenografia e iluminação: Rogério Ferraz
Elenco: André Carrico, Arthur Andrade, Cláudia Magalhães, Doc Câmara, Ícaro Costa, Igor Traço e Luciana Fonseca
Apoio: Grupo Estação de Teatro
SINOPSE:
Escrita originalmente para montagem do Teatro da Vertigem feita num hospital desativado, em 1995, a peça trata dos questionamentos do ser humano diante da fatalidade imprevisível: o que fazer quando, mesmo sem merecer, tudo perdemos? Como agir quando a realidade muda abruptamente? Como lidar diante da doença, da perda, da finitude, do luto? Qual a razão para o infortúnio?
Instagram: @ciclodeleituras