Cervejas artesanais e o Dia Mundial do Rock

PIX: 007.486.114-01

Colabore com o jornalismo independente

Hey, Rockers!

Primeiramente, tenho que enunciar: não, o Rock não morreu.

Nem morrerá.

Decerto, ele até vai sofrer (muitas) transformações, mas, jamais morrerá. E se você não gosta do “Rock de hoje em dia”, e diz que “bom era o Rock de antigamente”, quem está velho e ultrapassado é você!

Tampouco, a cerveja artesanal morreu. Pode até ser que as macro cervejarias gigantes um dia matem o mercado das artesanais. Porém, isso não parece ser algo factível em um horizonte de eventos de médio prazo… a tendência é o inverso.

O que ambos os cenários possuem em comum é a sua confluência. Ademais, podem tentar inventar o que for, show de pagode ou “sertaNOJO” universitário (estilo musical oficial do atual desgoverno) em eventos de cerveja artesanal, todavia, isso jamais será algo que combine. Indubitavelmente, certos estilos combinam bem mais com aquela Skol geladinha trincando… há quem goste.

O mercado da cerveja artesanal pede o mais legítimo Rock and Roll para se proliferar nos mais variados festivais cervejeiros. O espírito da rebeldia do Rock and Roll é o que mais combina com o espírito da cerveja artesanal.

Assim, hoje, dia 13 de julho, é comemorado o dia mundial do rock, nada mais justo que meu texto trate do melhor estilo musical já inventado na face da terra. E, sim, esse texto não abre oportunidades para outros estilos.

Long live Rock and Roll!

Saúde!

Rock and Roll e os eventos de cerveja artesanal

Enquanto houver uma guitarra elétrica plugada e com distorção haverá o Rock and Roll. Por causa disso mesmo ouso dizer que se trata de um estilo atemporal e eterno (enquanto durar). Modinhas virão e desaparecerão, chamarão os roqueiros (como eu) de dinossauros, mas o Rock não findará.

Isto é, ele perdurará. Por muitas e muitas gerações, embalando hits arrasadores ou baladas românticas. As suas diversas modalidades não importam, o que importa é que o espírito do Rock and Roll prevalecerá, em nossos corações e em nossos ouvidos igualmente!

Não é prematuro dizer que o Rock é o estilo musical que é tido como obrigatório nos eventos cervejeiros. Tanto que muitas cervejarias acabam por homenagear seus ídolos do Rock com rótulos exclusivamente dedicado a eles, conforme veremos alguns mais adiante.

O fato concreto, inexpugnável e do qual não se pode de maneira alguma fugir é que o Rock está impregnado de forma indissolúvel à cultura cervejeira. Ou alguém realmente anima de ir em um evento de cervejas artesanais para ouvir forró e pagode?

Ou pior… FUNK? Jamais…

Cervejas que honram o espírito do Rock and Roll

Um dos filões bastante explorados pelo mercado artesanal (ou por algumas macro cervejarias que se embrenham nessa empreitada também) é o dedicado aos rótulos de bandas de Rock.

Primeiramente, há de se dizer que nem todas as cervejas que homenageiam bandas ou artistas vinculados a essa vertente musical são boas. Por vezes, como é o caso da Budweiser do Metallica, a banda é fantástica, mas a cerveja não passa da sua versão normal repaginada.

Secundariamente, é certo que, só por haver a vinculação da cerveja ao ícone musical, a tendência é que ela venda mais. Por mais que a qualidade não seja exuberante, quando se comparada com as macro, tais cervejas tendem a ser de melhor qualidade.

No contexto geral, há uma infinidade de bandas vinculadas aos rótulos de cervejas que homenageiam o espírito do Rock, enumerar todas elas seria uma tarefa hercúlea e um tanto quanto enfadonha.

Por causa disso, a seguir, vou buscar de tratar apenas de algumas mais interessantes, ainda que nem todas sejam facilmente encontradas.

A Premium Lager do AC/DC

Os roqueiros australianos do AC/DC são um marco no seu estilo. Perduram por décadas e décadas, ainda que fazendo um som bastante repetitivo e sem muitas variações de álbum para álbum. A questão é que eles conseguem se manter como um ícone até os presentes dias.

Já a cerveja que os homenageia (ao menos a primeira delas), trata-se de uma Pale Lager lançada pela Karlsberg Brauerei. Apesar de não ser uma macro do calibre da Budweiser, conseguiram fazer uma cerveja sem tanta inspiração, como a que homenageia o Metallica.

Em suma, ela é uma cerveja bem simples, leve e refrescante. Não passa muito longe dos sabores de cereais (milho) e do metálico encontrado em uma Skol da vida qualquer. Apesar de a banda ser um ícone, sua cerveja não inspira muita vontade de ser repetida.

Uma exímia Bitter: The Trooper do Iron Maiden

Outro grande ícone do Rock e do Heavy Metal mundial é o Iron Maiden. Hoje, a banda já conta com uma linha de cervejas bem extensa em sua homenagem. Nos primórdios, na Robinsons Brewery, o início foi marcado pela icônica The Trooper.

Atualmente, mais de 8 cervejas carregam o selo oficial de cerveja licenciada pelos ingleses. Uma delas, inclusive, é brasileira, produzida pela Bodebrown, e também se chama: The Trooper Brasil IPA. Entretanto, ela não tem nada a ver com a The Trooper inicialmente lançada pela Robinsons Brewery.

The Trooper, a original, é uma English Special Bitter, ou simplesmente, uma Bitter, tradicional estilo inglês.

Em princípio, ela é tão clássica e expressiva como a música da donzela de ferro. Dessa forma, a cerveja que a homenageia é bem equilibrada em suas notas sensoriais.

A cerveja possui um perfil mais dedicado ao maltado, com corpo baixo, leve tosta e uma lupulagem terrosa. Além disso, tem uma alta drinkability. Por causa do conjunto, ela é muito recomendada para um show da banda que costuma lotar estádios ao redor do mundo.

Cervejas comemorativas dos 30 anos do Angra

Com o intuito de comemorar os 30 anos de uma das maiores bandas nacionais (disputa ferrenha com o Sepultura), a cervejaria Coruja lançou dois rótulos em homenagem ao Angra. Tratam-se de uma Lager e de uma IPA.

A Lager do Angra se assemelha bastante à do AC/DC, sendo bem leve e acessível.

Já a IPA dos 30 anos do Angra vem para consagrar toda a história dessa memorável banda. A arte é lindíssima e lembra bastante a capa do álbum Holy Land, um expoente do Heavy Metal nacional, que incorporou uma sonoridade brasileira bem marcante ao peso da banda.

Em síntese, o álbum é um marco sonoro tupiniquim que contém muitas influências indígenas e folclóricas retiradas da música brasileira, bem como também inclui arranjos clássicos que simbolizam a Europa da época (período do “descobrimento”). Musicalmente, ele expressa a síntese da miscigenação nacional em termos culturais e musicais.

Já a cerveja é uma American IPA muito bem equilibrada e amarga. Possui um caramelado do malte bem destacado e uma lupulagem que preza pelas notas resinosas e herbáceas, com ligeiras tonalidades cítricas fechando a obra.

A Weizen do Sepultura

Tem algo mais Roots que uma cerveja de trigo no estilo clássico alemão?

Certamente que não, já que é por esse estilo que se costuma iniciar no mundo das artesanais. Por isso mesmo que o Sepultura teve sua homenagem cervejeira estreada pela cervejaria Bamberg seguindo essa trilha: uma Weiss.

A Weizen do Sepultura é uma cerveja de trigo com alta fermentação e tem um leve sabor de banana e cravo. Possui aquela turbidez exemplar da escola alemã. Em virtude disso, é indispensável revolver bem o fundo da garrafa ao terminar de servi-la, para poder ter a levedura em suspensão.

Na verdade, é a mesma receita utilizada pela cervejaria na sua tradicional Bamberg Weizen, apenas se mudou o rótulo para homenagear o Sepultura. Banda que, aliás, foi novamente homenageada pela cervejaria quando completou 30 anos de carreira com outro rótulo, denominado de Sepultura Ale (uma cerveja no estilo alemão denominado Altbier).

Todas as homenagens seriam poucas para esses pioneiros da música pesada nacional!

Aliás, a Bamberg é uma das cervejarias nacionais que mais investe em rótulos de cervejas com banda de Rock. Afinal, ela também é a responsável pela: Bamberg Camila Camila (homenagem ao Nenhum de Nós), Bamberg O Calibre (que homenageia a banda Os Paralamas do Sucesso), Bamberg Raimundos; Bamberg CPM 22.

Um cardápio bem sortido, com muitas vertentes do Rock and Roll.

Uma RIS para uma banda de Black MetalBehemoth Bafomet

Nem só de bandas de mainstream vive o mercado cervejeiro e sua cultura Rocker. Exemplo salutar disso é a cerveja em homenagem a banda de Black/Death Metal polonesa, Behemoth.

O Behemoth tem uma história singular na música extrema. Seu estilo foi mudando pouco a pouco, já que a banda inicialmente se focava mais no Black Metal da segunda onda norueguesa nos primeiros álbuns. Gradualmente, ela migrou para uma sonoridade mais próxima Death Metal.

Nesse compasso, pode se ter em conta, que a Browar Perun, cervejaria polonesa responsável pela homenagem, escolheu um estilo à altura da banda: uma Russian Imperial Stout (RIS), com bastante potência e personalidade.

A Behemoth Bafomet se caracteriza por ser uma experiência cervejeira intensa, com notas de café, chocolate, torra e doçura de caramelo, finalizada com um amargor torrado específico. É uma cerveja complexa, licorosa, oleosa, para ser apreciada por muito tempo.

Brindemos: Na Zdrowie, Behemoth Bafomet!

Saideira

O Rock and Roll é o estilo musical que derradeiramente mais se adequa à perspectiva da cerveja artesanal. A atitude, a mentalidade e a perspectiva da cultura cervejeira exala o mesmo espírito puro e visceral do Rock.

Portanto, assim como existem mil variantes musicais dentro do próprio Rock, que vai do Hard Rock ao Black Metal, passando pelo Post-Rock e pelo Punk-Rock, vários estilos de cerveja acabam servindo de inspiração para homenagear bandas do gênero.

Temos Lager’s leves para os riffs grudentos do AC/DC, bem como temos muita torra e peso para os soturnos timbres do Behemoth em sua Russian Imperial Stout.

Não importa o estilo do Rock, o importante sempre é ter cerveja no copo e um bom som tocando por perto.

Recomendação Musical

A recomendação musical de hoje é de uma banda que não entrou na lista das homenageadas por cervejarias (pelo menos eu não conseguir encontrar essa informação nas pesquisas para escrever o texto em tela).

Estamos falando do Twisted Sister, um dos ícones do Glam oitentista farofa. A música recomendada é: I Wanna Rock!

Uma canção que exala o que representa o Rock and Roll! Ela é a trilha sonora ideal para abrir uma boa cerveja!

Sim, hoje é dia 13 de julho, é dia mundial do Rock! Então, o que você está esperando para abrir sua cerveja para comemorar?

Saúde!

Lauro Ericksen

Lauro Ericksen

Um cervejeiro fiel, opositor ferrenho de Mammon (מָמוֹן) - o "deus mercado" -, e que só gosta de beber cerveja boa, a preços justos, sempre fazendo análise sensorial do que degusta.
Ministro honorário do STC: Supremo Tribunal da Cerveja.
Doutor (com doutorado) pela UFRN, mas, que, para pagar as contas das cervejas, a divisão social do trabalho obriga a ser: Oficial de Justiça Avaliador Federal e Professor Universitário. Flamenguista por opção do coração (ou seja, campeão sempre!).

Sigam-me no Untappd (https://untappd.com/user/Ericksen) para mais avaliações cervejeiras sinceras, sem jabá (todavia, se for dado, eu só não bebo veneno).

A verdade doa a quem doer... E aí, doeu?

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidos do mês