No Sítio Araras, a quarta-feira é o dia da semana que passa o carro do lixo. Logo de manhã cedo. Até o ano passado, o caminhão da prefeitura passava à tarde, mas a partir de uma vez, que não me lembro mais quando foi, começou a passar de manhã e pronto; agora, é entre as seis e meia e as sete horas que aparece.
Buzinando, para avisar todo mundo, o caminhão desce pela vila até o fundo da estrada de terra. O motorista faz manobra na frente da casa de Chico Felix e os garis começam a recolher o lixo, que cada morador coloca num saco, ou num balde, diante de casa. Rapidinho, o caminhão atravessa a vila, com os garis que avançam a pé e jogam o lixo na caçamba. Tudo isso dura menos de dez minutos, creio. Tem que ficar ligado no dia e na hora, senão se corre o risco de seguir com o lixo guardado em casa por mais uma semana.
No meu caso, isso não seria tão grave, pois, numa semana, eu produzo uma quantidade de resíduos secos irrisória e ainda destino quase todo o lixo orgânico para a compostagem. Algumas cascas de fruta, tipo mamão, melão, manga etc, eu reservo para vacas, cabras e jumentos que andam soltos pela vila. Coloco as cascas no chão na frente de casa e o primeiro que passa, come. Tem até uma burrinha atrevida aqui na vila que, de vez em quando, vem bater no alpendre a pedir uns umbu-cajás pra ela. Já pensou?! kkkkkkkkkkk
Porém, para falar a verdade, a Quarta por mim é e resta principalmente o dia de fazer a feira verde semanal; quer dizer, o dia de comprar frutas e hortaliças, ingredientes essenciais de minha alimentação, assim que seja, de preferência, sempre bem saudável e gostosa.
Há alguns anos, num processo de transformação dos hábitos alimentares, comecei a eliminar uns muitos produtos que realmente não me interessa mais consumir, pelo menos no dia a dia. Na atualidade, o que mais eu como são grãos, frutas e hortaliças em geral; peixe, ovos e queijo, pouco.
Gosto bastante de arroz e aqui no meu sertão encontra-se com certa facilidade um grão integral orgânico típico da oeste potiguar: o arroz da terra. Desse aí, eu gosto mesmo e posso come-lo até todo dia.
Em bicicleta, são sete mais sete os quilômetros que pedalo para ir e voltar até o mercadinho Padre Cícero, o maior da cidade, onde duas vezes por semana chegam produtos frescos de Mossoró. Mas é claro que eu não deixo de ser cliente e dar uma passada em praticamente todos os mercadinhos da cidade, pois compro uma coisa aqui e outra ali, conforme produto, preço e disponibilidade.
Na praça da lotérica, nem sempre mas quase, na quarta-feira está armada a banca de um agricultor local com seus produtos; ali eu paro e consigo comprar por um bom preço a batata doce, o jerimum, o mamão, a melancia, o feijão verde, a fava, quando tem, e às vezes até os ovos de galinha caipira.
Estou já com muita fruta em casa: umbu-cajá, acerola e goiaba do quintal, mais a manga do vizinho. No mercadinho, comprei um pouco de uva só porque está bem docinha. Ao todo, hoje, reabasteci a despensa, comprando: batata doce, batatinha, abobrinha, jerimum, mamão, beterraba, vagens, cenoura, cebola, pepino, tomate, couve folha, alho, cúrcuma, gengibre e coentro. Está garantida uma alimentação gostosa e relativamente saudável pelos próximos dias.
A chuva é um tema recorrente de conversa no sertão o ano inteiro. Nesta época do ano, então, só se fala nisso. Seja Nhô Bilu que Pintinho, cada um na porta de seu mercadinho, logo que me viram, me perguntaram se tinha chovido bastante no Sítio Araras na semana e se a barragem tivesse já pego uma boa água. Também na lanchonete ao lado do clube, na outra praça, onde parei para tomar um belo caldo de cana, antes de empreender a pedalada de volta, me perguntaram exatamente o mesmo.
Na verdade a barragem ainda está com um volume bastante reduzido, porque mal começou a chover este ano. Localmente, janeiro totalizou um bom numero de chuvas, mas fevereiro foi meio fraco. Na realidade, as chuvas que podem fazer aumentar consideravelmente o volume da barragem ARG devem começar a cair na Paraíba, não só de Jucurutu pra cá.
Segundo os meteorologistas, numa reunião na Enparn da semana passada, as chuvas de março, abril e maio no semiárido potiguar vão estar dentro da média. A esperança, então, é que chova bastante e que todos os açudes da região recebam muita agua.
Não por nada, fui de manhã na rua, hoje, fazer a feira; porque, nesta época do ano, à tarde, de repente, o céu pode fechar e começar a chover, cair aquele toró assustador, com trovoadas e relâmpagos, e você não sai mais de casa.
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