Teatro potiguar concorre com nove indicações à premiação nacional

A Invenção do Nordeste

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A Academia de Artes no Teatro do Brasil realiza na próxima terça-feira, 27 de novembro, a 18ª cerimônia de entrega do Prêmio Cenym de Teatro e o Grupo Carmin, com a peça A Invenção do Nordeste, representa o teatro potiguar na disputa.

Iniciado como um prêmio local em Sergipe ainda em 2001, o evento foi ampliado ao longo dos anos, se tornando o primeiro e único prêmio de âmbito nacional para o teatro atualmente.

São mais de 150 profissionais de teatro de vários estados que concorrem às 30 categorias da premiação que este ano conta com 35 espetáculos na disputa.

Grande Sertão: Veredas e o musical Pacto: A História de Leopold e Loeb lideram a lista de favoritos da noite com 15 e 11 indicações, respectivamente. A Visita da Velha Senhora, com Denise Fraga na disputa do prêmio de melhor atriz, e A Invenção do Nordeste, do Grupo Carmin, do Rio Grande do Norte, chegam à festa com 9 chances de consagração.

Atualmente os vencedores são definidos através do voto dos membros da Academia, formado por profissionais de diversas áreas, além dos vencedores de edições anteriores que ganharam direito a voto este ano. A cerimônia será realizada num salão de festas particular na capital sergipana e somente convidados poderão ter acesso.

A INVENÇÃO DO NORDESTE

Motivada por uma série de reações xenófobas contra os nordestinos, durante as eleições presidenciais de 2014, a atriz Quitéria Kelly do Grupo Carmin entrou em contato com a obra do Professor Dr. Durval Muniz de Albuquerque Jr, que escreveu o livro: “A Invenção do Nordeste e Outras Artes”.

Quitéria então compartilhou com os demais integrantes do Grupo, o seu desejo de criar uma peça que contribuísse para a desconstrução da imagem estereotipada do Nordeste e do(a) nordestino(a). Seria seu primeiro trabalho como diretora.

Durante 2 anos de pesquisa, o Grupo Carmin mergulhou nos questionamentos dos mecanismos estéticos, históricos e culturais que contribuíram para a formação de uma visão do nordeste brasileiro como um espaço idealizado, deslocado do processo histórico e imune ao impacto das grandes transformações sociais.

A partir daí, os dramaturgos Pablo Capistrano e Henrique Fontes escreveram uma auto-ficção onde um diretor é contratado por uma grande produtora para preparar dois atores norte-riograndenses, que disputam o papel de um personagem nordestino. Durante o tempo da preparação, a identidade nordestina entra em cheque. Afinal, existiria apenas uma identidade nordestina?

A peça “A Invenção do Nordeste” propõe desenhar a trajetória hilária e por vezes conflitante da história recente do estabelecimento da região nordeste. Essa unidade sociopolítica e cultural com todas as suas individualidades e também todos os estereótipos alimentados por décadas pela literatura, cinema, música e artes visuais brasileiras

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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