Na varanda

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Varandas são molduras da paisagem lá fora. Onde se encontra um sopro de alívio ao caos da rotina do apartamento, ou o alívio de enxergar o caos da rotina apenas ao longe.

Varandas são fugas, são fugazes. Onde se encontra a paz das redes de dormir. Onde o tempo se arrasta ao sabor do vento, no ritmo das conversas que parecem mais leves na varanda.

Nela crianças brincam sem hora, aviões de papel ganham o mundo e o tempo se arrasta, preso na tarde mansa. Palavras passeiam leves porque a única pressa é a de ficar.

Varandas são moradas do crochê, das serenatas e também do silêncio. São enamoradas das estrelas e confidente da lua, com quem conversa todas as noites durante sua vigília.

De tanto abrigar os ventos, as varandas têm vocação à liberdade. Mesmo estáticas, se alimentam do balanço lânguido das redes, das flores e da vida solta das conversas de alpendre.

E apesar do sonho de ir ao encontro ao mar, as varandas se satisfazem com o efêmero ou a constância do perfume do jasmim, da festa dos pássaros ao clarear do dia e da interceção com o sol durante as manhãs.

Varandas são atemporais. Nelas tudo cabe desde que comungue com a leveza. Do beijo lento à poesia declamada e jogada ao vento, porque as paixões e a poesia não têm morada; e porque na varanda tudo é perto e tudo é longe.


FOTO: Fabrício Finizola, meu ex-vizinho, dono desta varanda que um dia já tive e me provocou esse texto.

 

 

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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