Santa Maria de Belém do Grão Pará

Mercado Ver-o-Peso

PIX: 007.486.114-01

Colabore com o jornalismo independente

Aquele aspecto bem característico de metrópole do terceiro mundo. Contrastes gritantes: miséria e opulência; o belo e o horrível – lado a lado; os odores fortes, o caos… É como vejo o centro de Belém. Devo salientar, no entanto, que um pouco do charme da cidade está, justamente, nessa feição a que acabo de me referir.

Para apreciar todo o pitoresco desse pequeno mundo, caminhei sem pressa, da Praça da República ao Mercado Ver-o-Peso. Mas, antes, visitei, no centro da praça, o Theatro da Paz, um dos monumentos arquitetônicos mais interessantes do país, construção de 1878, em estilo neoclássico. A restauração efetuada em 2002 preservou, cuidadosamente, as linhas originais. Beleza pura.

No caminho para o Ver-o-Peso, valeu a pena conhecer a Estação das Docas. Antigos armazéns do porto, à margem da baía do Guamá, foram transformados em um espaço gastronômico e cultural. Restaurantes, cafés, bar e cervejaria. Preferi, para almoçar, o restaurante regional, onde me fartei de comidas típicas: pato no tucupí, maniçoba, caruru à paraense, açaí e creme de cupuaçu. Aprovei com louvor o pato, mas, para falar a verdade, não passei da primeira colherada de maniçoba. Argh!

Atração turística número um de Belém, o Mercado Ver-o-Peso, com a sua original estrutura metálica, suas linhas elegantes, realçadas pelas quatro pequenas torres, poderia abrigar um centro de artesanato, mas, em vez disto, serve como ponto de venda de peixes e frutos do mar. A gente mal consegue demorar alguns minutos, pra vê-lo melhor, tanta é a inhaca de peixe. Mas, em torno dele, a feira permanente, ao ar livre, é muito interessante. Artesanato e produtos típicos da Amazônia, em profusão. Frutas (das exóticas encontrei, tão-somente, cupuaçu e pupunha), cuias de tomar tacacá, cerâmicas, mel de abelhas, castanhas do Pará, ervas medicinais, essências para o “banho de cheiro”, tanta coisa mais…

As vendedoras de cheiros competem nas táticas de atrair compradores, são insinuantes:

– Chegue, meu anjo…

Uma delas não se conteve, alisou-me o braço.

Vendedoras e tanto.

Do Ver-o-Peso prossigo, sempre a pé, em procura da Cidade Velha e arredores, onde se encontram, num raio de 500 metros, mais ou menos, alguns dos monumentos mais importantes:

– Catedral da Sé (1748). Grandiosa fachada barroca em contraste com o interior neoclássico.

– Casa das 11 Janelas (séc. XVIII). Espaço de eventos culturais e exposições.

– Forte do presépio (1616), primeira construção de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Restaurado, abriga pequeno museu histórico e arqueológico.

– Sobrado azulejado, sede do Instituto Histórico do Pará.

– Museu do Estado (não pude visitá-lo, pois estava em obras de restauro).

– Museu de Arte de Belém, instalado no belo Palácio Antonio Lemos (1883), antiga Prefeitura Municipal (abriga, também, o Gabinete do Prefeito). Mobiliário, porcelanas e quadros de artistas locais.

Last but not least, Museu de Arte Sacra, instalado no antigo Colégio de Santo Alexandre, tendo, em anexo, a Igreja de São Francisco Xavier (ou de Santo Alexandre) – 1698/1719. Um dos bons museus brasileiros, da modalidade.

Pena que a Igreja tenha sido restaurada tarde demais, quando já não restava quase nada dos seus magníficos retábulos barrocos.

Se eu morasse em Belém, efetuaria pesquisas para apurar a responsabilidade pela incúria na conservação desse templo, e apresentaria libelo contra quem, historicamente, fosse achado em culpa. A destruição da histórica e bela igreja constitui-se num dos crimes mais graves já cometidos contra a memória nacional.

– O –

O Parque Zoobotânico e Museu Emílio Goeldi, situado no bairro de Nazaré, próximo ao centro, dá uma boa idéia da flora e da fauna da Amazônia.

Percorrendo as alamedas sombreadas, vejo pequenos animais, que ali vivem soltos. Uma cutia para e me espreita, os olhinhos muito vivos. Duas onças, enjauladas, é claro, soltam rugidos impressionantes. Aquele jacareaçu, imóvel, parece de pedra. E essa samaumeira, que se ergue diante de mim, é mais imponente que a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. E – convenhamos – bem mais bela.

A basílica, importante centro de devoção popular, situa-se a poucos metros do Emílio Goeldi.

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn

1 Comment

  • Mário Pereira

    Jamais a Samaumeira é maus bela e imponente que a suntuosa basílica de Nazaré, nunca! A Basílica levou anos para ser construída ,tem arquitetura italiana, francesa, inglesa, é a réplica quase perfeita da basílica se São Paulo Extramuros em Roma. A Basílica é sem sobra de dúvidas uma das mais lindas e belas construções do Brasil e tem um significado espetacular para nós paraenses, suas histórias e tradições, é ali que termina a maior manifestação de fé do mundo,o Círio de Nazaré. Quando eu entro na basílica eu choro,pq algo em mim me transporta para lembranças muito boas, momentos inesquecíveis em família e de fé,eu amo a nossa Basílica de Nazaré! ❤️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas da semana