Eu sou essa gente que se dói inteira porque não
vive só na superfície das coisas.
Rachel de Queiroz
“Eu não nasci rodeada de livros e, sim, rodeada de palavras”, disse certa vez a escritora Conceição Evaristo. Assim como a autora de “Olhos d’água”, eu também não nasci rodeada de livros, mas hoje vivo cercada deles e felicidade maior não poderia haver para uma escritora e revisora de textos. Assim como a autora de “Becos da Memória” e de milhares de jovens pretos desse nosso Brasil, também sou filha de uma lavadeira/empregada doméstica. Os livros não fazem parte das minhas memórias de infância, como é o caso de algumas pessoas aqui presentes, mas desde que eles chegaram em minha vida, transformaram os meus dias e longe deles não quero mais viver. E é por causa dos livros, e da revolução que eles fazem, que estamos aqui reunidos, para celebrar uma grande conquista, o lançamento do meu primeiro livro de crônicas, graças ao incentivo da Lei Aldir Blanc/Fundação José Augusto.
Vale lembrar que este espaço é também um lugar de resistência, tendo em vista o contexto político de desmonte da educação pública, de desvalorização da ciência, da arte e da cultura em nosso país. Um contexto de negacionismos e de ataques constantes à educação, à ciência, à democracia, à liberdade de expressão… A propósito, quantas livrarias temos na cidade de Natal? E quantas bibliotecas públicas, bibliotecas comunitárias?
Graças ao incentivo, principalmente, dos meus professores (do ensino fundamental à universidade), estou aqui para celebrar essa conquista, mas também para lembrar a importância da educação pública e de qualidade e do acesso a equipamentos culturais, ao lazer, à arte e à cultura para a construção de cidadãos conscientes politicamente, atuantes, críticos. Foi graças a esse acesso que pude chegar até aqui. Que a gente nunca pare de sonhar com um mundo melhor e, principalmente, de lutar por um país com mais livros e mais bibliotecas para as nossas crianças e jovens.
E se hoje é dia de festejar, é também momento de agradecer. A lista de nomes seria enorme para que pudesse contemplar os diversos grupos de que faço parte e todos os que estiveram/estão comigo nessa caminhada, e por isso foi preciso selecionar alguns: São eles: amigos de escola (Escola Municipal Professor Antônio Severiano, CEFET/IFRN), amigos de faculdade (UERN, UFRN), os amigos de Pernambuco, os grupos Letrinhas e Edgar Morin, amigos de trabalho (PROEX, SEMTAS, EDUFRN, SEDIS/UFRN, IMD/UFRN), coletivos de escritores/artistas (UBE/RN, Mulherio das Letras Zila Mamede, Candeeiro Clube de Leitura, ARPA, SPVA/RN), amigas do IAP Cursos, amigas da Zumba/UFRN (“Amanditas”), professores e amigos do curso de Biblioteconomia/UFRN, família, amigos do Conjunto Pirangi e outros. Gostaria de agradecer, especialmente, a: Maria Braz e Terezinha Cavalcanti, minhas duas mães, meus irmãos, sobrinhos, Antonia Cristina, Clara Cavalcanti, Vinicius Silva, Pedro Vitor Silva Ferreira, Larissa Silva, Tereza Cristina, Paulo Luís, Sebastião Cavalcanti, Ana Beatriz Perez Mafra Barreto, Cláudio Wagner, Klévisson Viana, Antonino Condorelli, Cláudio Everton Martins, Ana Cláudia Trigueiro, Tarcísio Gurgel, Woden Madruga, José de Castro (meu revisor querido), Jason Tércio, Manoel Onofre Júnior, Edmar Claudio, Cefas Carvalho, Tácito Costa, Sérgio Vilar, Conrado Carlos, Aldo Lopes, Heldene Santos, Tuyanne Medeiros, Ceiça Fraga, Tereza Custódio, Penha Casado Alves, Sandra Silva, Rita Luzia de Souza Santos, Yanna Medeiros, Danise Suzy, Mário Sérgio Bulhões de Sá Leitão, Monalisa Medeiros, Adriana Gabriel, Marcela Ribeiro, Divaneide Basílio, Luana Campelo, Pedro Justino Júnior. Agradeço, especialmente, a Lei Aldir Blanc/Fundação José Augusto, CJA Editora, Offset Gráfica, Instituto Metrópole Digital e Cooperativa Cultural.
Quero dedicar este momento a um amigo muito especial que estaria completando 73 anos hoje. Aquele que um dia me falou: “Andreia, você precisa assumir sua condição de escritora”. Aquele que primeiro me chamou de “cronista”. Aquele que me incentivou a seguir escrevendo e me ensinou que um escritor é aquele que tem necessidade da escrita. Estou falando do meu querido amigo e parceiro de trabalho, o escritor, crítico literário e jornalista Nelson Patriota, a quem também dedico esta obra que hoje estamos publicando.
E o que mais posso dizer, além de agradecer a cada um de vocês, por tornarem este momento tão especial? Estou muito feliz em poder compartilhar a alegria de ter meu primeiro livro sendo lançado nesta livraria que é também minha casa, assim como a UFRN, desde que cheguei por aqui como aluna do curso de Letras, em 2006, uma jovem que ainda não sabia muito bem que caminho seguir, mas com a orientação da professora Penha Casado Alves e uma bolsa de apoio técnico na Editora da UFRN, por indicação dela, tornou-se uma revisora de textos (área em que orgulhosamente atua há 14 anos), e onde segue cursando Biblioteconomia e trabalhando como revisora no Instituto Metrópole Digital desde 2018.
E o que mais desejo neste dia festivo? Que eu siga acreditando no poder da palavra. Que eu siga com essa necessidade urgente de escrever, com essa fome de ouvir e contar histórias, com essa vontade de viver e de me doar por inteiro a quem amo e a tudo que faço. Sou movida a paixão. Assim como o poeta amazonense Thiago de Mello, “Escrevo sobre o que me comove, o que instiga minha sensibilidade ou minha inteligência. O que me alegra ou me dói”. E que a literatura possa a nos salvar da aridez de uma vida sem sentido, como diria Nilson Patriota.
3 Comments
Parabéns, amiga querida!!
Essa sua “fome” pelas letras está sendo levada aos melhores caminhos possíveis.
Siga sempre, sem limites!!
Avante!
Parabéns, minha querida amiga cronista e revisora. O seu livro ficou muito bonito, desde a capa até a diagramação interna e contracapa. O melhor dele, porém, são os seus escritos que trazem essa tua marca e o teu estilo tão pessoal e próprio de nos envolver numa narrativa que transborda de afeto. Orgulho-me de ser seu amigo desde longa data, desde os primeiros momentos da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte, nossa querida SPVA/RN, quando a gente se curtia nos saraus Estação da Lira. Vão-se os tempos e a nossa amizade perdura. Quanta alegria, amiga. Vida longa a você e a sua literatura. Um abraço bem carinhoso.