Aprender a felicidade

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Desde muito pequenos somos acostumados a lidar com a frustração, da tristeza e da perda. Espalham sobre nós lições de resiliência e contorcionismo social para que aprendamos a vivenciar as coisas negativas que se abatem sobre nós em cascata. Viver parece ser um curso longo e intenso sobre lidar com o sofrimento.

Se isso fortalece nossa educação para um lado da vida, nos torna receosos, responsivos e mesquinhos por outro. Não aprendemos a lidar com a felicidade, com as conquistas, com a companhia de quem nos ama, não apesar de nossos defeitos, mas também por eles.

É por essa falha em nosso aprendizado que costumamos complicar coisas que deveriam ser simples e leves, que distorcemos o que ouvimos das pessoas a quem amamos, sempre em nosso desfavor. Aliás, em desfavor de todos. É por essa falta que respondemos às pequenas turbulências diante da felicidade como se fossem a própria queda do avião.

Aprender a lidar com a felicidade é uma tarefa exigente, difícil e que leva tempo. É preciso despir-se das roupas de batalha, desligar os alarmes e sinais de alerta. Todas essas coisas precisam de tempo para serem feitas. Mais que tempo, precisam de uma educação para a felicidade.

Alguns de nós talvez levem toda uma vida para aprendermos a aceitar a felicidade que nos cabe. Outros talvez precisem de mais tempo ainda. Esse aprendizado é longo e precisamos aceitá-lo desde os primeiros passos, sem superdimensionar o que nos acontece nos pequenos tropeços de quem está feliz, afinal a vida ainda é um enorme moedor de gente em vários aspectos.

Convém, claro, não idealizar a felicidade. Aceitá-la cotidiana, miúda e muitas vezes turva tem a sensatez necessária para o cumprimento da jornada.

E, para que fique claro, escrevo isto não como profundo conhecedor da matéria, mas como um aluno com enormes dificuldades em aprender, embora não desista de tentar.

Theo Alves

Theo Alves

Theo G. Alves nasceu em dezembro de 1980, em Natal, mas cresceu em Currais Novos e é radicado em Santa Cruz, cidades do interior potiguar. Escritor e fotógrafo, publicou os livros artesanais Loa de Pedra (poesia) e A Casa Miúda (contos), além de ter participado das coletâneas Tamborete (poesia) e Triacanto: Trilogia da Dor e Outras Mazelas. Em 2009 lançou seu Pequeno Manual Prático de Coisas Inúteis (poesia e contos); em 2015, A Máquina de Avessar os Dias (poesia), ambos pela Editora Flor do Sal. Em 2018, através da Editora Moinhos, publicou Doce Azedo Amaro (poesia).

Como fotógrafo, dedica-se em especial à fotografia documental e de rua, tendo participado de exposições que discutiam relações de trabalho e a vida em comunidades das regiões Trairi e Seridó. Também ministra aulas de fotografia digital com aparelhos celulares em projetos de extensão do IFRN, onde é servidor.

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2 Comments

  • Ler uma boa crônica faz parte da felicidade “cotidiana, miúda e muitas vezes turva”, descrita por você. Parabéns pela reflexão despretensiosa, mas profunda.

    • Theo Alves
      Theo

      A grande alegria de quem escreve é ter bons leitores! Obrigado, meu caro!

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