Transitando entre a MPB, o indie folk, o rock, e seus subgêneros, o cantor e compositor potiguar Mariano Tavares lança “Otobiografia”, seu terceiro álbum, no qual entrelaça sonoridades acústicas (violão e contrabaixo) com guitarras elétricas e bateria/percussão de timbres quase minimalistas, reafirmando sua busca por uma identidade autoral que possa transitar com fluidez entre a contemporaneidade e a tradição.
Com produção e direção assinadas pelo próprio artista, o título e o conceito do álbum remetem à obra do filósofo franco-argelino Jacques Derrida, mais precisamente ao livro “L’oreille de l’autre”. Para Derrida, a assinatura de todo texto, incluindo aquele que se afirma autobiográfico – como geralmente ocorre com as canções –, não se efetiva no momento de escrita, mas somente muito tempo depois, quando o “ouvido do outro” puder estar aguçado, interessado, entusiasmado o suficiente para entender como reais as narrativas daquele que declara e assina o “autos”.
A canção-título do álbum é uma espécie de matriz dessa ideia: uma autobiografia que reclama a experiência, o repertório e o ouvido do outro para tomar forma, para se realizar enquanto “verdade” daquele que performa e assina, na canção, sua história, seus amores, dores, tempestades, lamentos, utopias.
Um disco de renascimentos e enfrentamentos
Nascido a partir de uma tempestade pessoal, “Otobiografia” é um disco que fala de renascimentos e enfrentamentos, de afetos livres, da morte como performance e ressignificação da vida, e da necessidade cada vez maior de compreendermos o amor, a empatia, a imaginação e a arte como soluções possíveis para os conflitos do nosso tempo.
Das 10 canções que compõem o álbum, Mariano assina seis delas sozinho (“Otobiografia”, “Cada Um”, “Sweet Reverie”, “Tomorrow”, “Paisagem” e “The Last Part”, escrita em tributo a David Bowie) e quatro outras são parcerias suas com Humberto Luiz (“Sem Celular” e “Mango Fields Forever”), Luiz Gadelha (“Frankenstein”) e Marize Castro (“Nem Rosa Nem Azul”). Dessas, “Cada Um”, cuja repetição de acordes e palavras simulam um mantra pós-concreto, e “Frankenstein”, canção de amor de forte carga irônica, já haviam sido lançadas anteriormente, como singles.
Além do próprio Mariano Tavares ao violão, o álbum contou com a participação dos músicos Ricardo Baya (guitarras, violões), Airton Guimarães (contrabaixo acústico), Humberto Luiz (sintetizador) e Artur Porpino (bateria, percussão). As ilustrações da capa e encarte foram criadas pelo artista Fernando Travis, com projeto gráfico do designer André Souza. “Otobiografia” estará disponível em lojas online e plataformas digitais a partir de 13 março de 2020, além do website de Mariano Tavares.
FOTO: Ian Rassari