Faz tempo não assistia uma ação do poder público ganhar tanta simpatia. E uma iniciativa simples, prática e barata que deu cor e vida ao renegado Beco da Lama.
Com 20 latas de tinta látex de 18 litros, 25 latas de spray, andaimes, plataformas, escadas e 40 grafiteiros, o prefeito Álvaro Dias ganhou o maior holofote de sua curta administração.
Uma enxurrada de fotos espalhadas nas redes sociais, cobertura maciça da imprensa e elogios dos próprios comerciantes ganharam Natal nos últimos dias.
E nem foi preciso a estampa de um Banksy para a arte do grafite aproveitar a onda “publicitária” da Prefeitura e também ganhar espaço na mídia. Ganharam todos.
É certo que o beco mais atrevido do mundo carece de muito mais. Mas há que se louvar o feito. A auto-estima é cara, valiosa. E o Beco cinza, depressivo, agora sai à rua maquiado, alegre.
Mas por trás da maquiagem do palhaço, há sempre solidão e angústia. E assim é o Beco. Ainda inseguro, ainda carente e amparado na resistência de alguns comerciantes e entusiastas.
Que o Centro Histórico, como um todo, seja reavaliado, revisitado, resgatado. A boemia é tradição, é história e atrativo turístico, também. E em Natal, ela reside ali, no beco da alma da cidade.