Redinha Velha: mar de tradição e boemia (parte 1)
Este texto integra uma ampla matéria jornalística sobre a história da praia e bairro da Redinha Velha, que será dividida em 10 partes. A reportagem foi premiada no edital Auxílio à Publicação de Livros, Revistas e Reportagens Culturais, na categoria Reportagens Culturais. Tem recursos da Lei Aldir Blanc, e patrocínio do Governo do Estado do Rio Grande do Norte através da Fundação José Augusto, e Governo Federal através da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo.
Redinha Velha: mar de tradição e boemia
“A verdade fica mais verdadeira quando exposta com uma razoável dose de fantasia”. A frase foi usada pelo diretor de redação da extinta revista O Cruzeiro, Accioly Neto, para resumir a preocupação com a veracidade do que era retratado em suas matérias. E serve também ao enfoque dado a esta reportagem. Não para desmerecer a veracidade da pesquisa, mas de dar ao texto um floreio poético. É que a Redinha é mistura de uma dura realidade com a poesia de sua gente e de suas paisagens.
Os segredos que revestem os chãos seculares da Redinha e pintam de um azul cinzento seu mar – palco de memoráveis embates navais no Brasil Colônia – parecem se resumir no cotidiano de seus pescadores artesãos ou na áurea pacata da praia, como se uma população ribeirinha fosse. Os olhares cansados de seus nativos denunciam o provincianismo característico da praia. Os veranistas, embora sazonais, fazem parte de uma tradição quase secular, quando nos idos de 1920 algumas famílias aportaram na praia e iniciaram novo ciclo na história do lugar.
Os documentos oficiais e não-oficiais procuram explicar, à luz da história, os fatos que aconteceram naquela praia: registros em jornais antigos, crônicas, documentos traslados, fotografias, livros… Mas, salvo os olhares poéticos do jornalista e cronista Vicente Serejo e do escritor e artista plástico Newton Navarro em suas crônicas sobre a Redinha, e de documentos coletados por João Alfredo, pouco se encontra, em insistente trabalho de pesquisa, que retratasse as belezas da Redinha lírica de outrora.
Muito dessa história foi baseada na sabedoria e conhecimento do historiador Luís da Câmara Cascudo. Porém, uma das características do bairro da velha Redinha, assim como nos sertões de Cascudo, são as histórias de seus moradores. Lá, a oficialidade dos registros documentais cede espaço à existência de outras vozes e lados. O não-documentado, o contido no contado, o encontro entre o cotidiano e a história não permite que os caminhos do passado sejam talhados pelo que os documentos oficiais registram. A memória coletiva dos nativos da Redinha é demasiado rica. E, mesmo que seus relatos distribuam ao universo histórias desencontradas, prejudicadas pelo tempo manso daquelas vielas ou pela memória defasada pelos anos, elas possuem muito do folclore do lugar.
A maioria dos registros escritos encontrados sobre a Redinha antiga são parágrafos curtos, espremidos dentro de uma contextualização outra, mais abrangente, como a história de Natal. Para montar o quebra-cabeça dos acontecimentos que fizeram da Redinha o que ela se mostra hoje, foi preciso um mergulho na história dos primeiros capitães-mores da Capitania do nosso Rio Grande.
À dificuldade de coleta de registros completos sobre a praia se somou outro obstáculo: os primeiros veranistas aportam na Redinha no início da década de 1920. As fontes testemunhais estavam, portanto, descartadas, uma vez que seriam pelo menos centenários e, se vivos, provavelmente estariam com memória ou condições de saúde precárias para desenterrar detalhes sobre aquele início de progresso no então porto de pescaria.
Dos registros de Cascudo e das pesquisas em jornais emergiu o relato do procurador carioca radicado em Natal, Gil Soares, sobre os primeiros veranistas que atravessaram o Rio Doce e chegaram, sob a luz de candeeiros, na Redinha. O desenrolar dessa história foram os descendentes dos primeiros veranistas quem contaram. Causos, personagens folclóricos, manias e tradições apareceram de súbito na história da praia. Tudo guardado na memória coletiva dos moradores e veranistas, sem que nada fosse registrado em papel e caneta. Acontecências que retratam muito da magia do lugar; costumes simples, mas não simplórios; valores perpetrados entre décadas, valiosos sob qualquer égide moral ou jurídica; “manias” do povo da Redinha.
Dos pescadores da Redinha – personagens principais e tão anônimos – emanou a aura do lugar. Os depoimentos relatados foram espontâneos, ditos em meio ao trabalho, com certa pressa. Pela quantidade das reclamações e desesperanças contadas, pôde-se estabelecer um perfil da atividade pesqueira e de seu artesão. E não foi baseado apenas no contado por estes conquistadores de peixe o retrato dos pescadores da Redinha. Suas esposas, filhos, veranistas, comerciantes e pescadores aposentados ou em fins de atividade, como Santino e Chiquinho, ajudaram a emoldurar a principal atividade da praia e a retratar a própria Redinha.
Descobrir o enigma da praia da Redinha é voltar no tempo e viver o presente; é renegar o futuro. É ser um pouco antropólogo e perceber o significado do tempo e do homem. Para entender a Redinha, é preciso ter algum tino de pescador; entender a relação homem e peixe; é gostar de mar e detestar modismos, mesmo sendo chamado de careta. Para ser um “redinheiro” precisa ser “boa praça” e ter respeito para com os mais simples. É gostar de futebol e, de preferência, de uma cerveja com paçoca ou ginga-com-tapioca. Para quem já conhece a Redinha, em seus mistérios de funduras abissais, sabe reconhecer o limite tênue que existe entre o mar e a poesia.
Coleção de cordéis Dez Mulheres Potiguares chega á 4º edição
A Coleção de Cordéis Dez Mulheres Potiguares será lançada na próxima terça (8), Dia Internacional da Mulher e fará homenagem, em versos, a dez mulheres que fazem ou fizeram história potiguar. O lançamento será às 18h, em formato de live pelo Instagram da Casa do Cordel.
O material é totalmente elaborado por mulheres, desde as capas em xilogravuras, feitas pelas artistas Célia Albuquerque e Cecília Guimarães, até aos versos das poetisas que compõem o time de autoras dos dez folhetos. São elas:
- Vani Fragosa, que em versos faz homenagem à revolucionária do levante comunista de 1935, em Natal, Amélia Reginaldo;
- Raquel de Souza, que versa sobre Ana Floriano, líder do motim das mulheres em Mossoró;
- Natalie Melo, que ressalta a história da índia guerreira Clara Camarão;
- Jardia Maia contando em sextilhas a trajetória da cantora Dodora Cardoso;
- Geralda Efigênia narrando a história de Elizabeth Nasser, símbolo da defesa das mulheres;
- Fátima Régis, que evidencia o papel da médica Giselda Trigueiro na medicina humanizada;
- Jussiara Soares trazendo em versos o humanitarismo de Maria Alice Fernandes;
- Sírlia Lima homenageando em seus versos a técnica de enfermagem Maria das Graças Pereira, primeira pessoa a receber a vacina contra a Covid-19 no RN e profissional da linha de frente no enfrentamento ao coronavírus;
- Rita Cruz, que evidencia a história de Maria Queiroz Baía, que foi educadora e vereadora em Natal enfrentando com firmeza o preconceito e a discriminação por ser deficiente;
- Rosa Regis versando sobre Vó Maria, rendeira da Vila de Ponta Negra, uma grande mestra e patrimônio da cultura potiguar.
Serviço:
Lançamento da 4º edição da Coleção “Dez Mulheres Potiguares”
Data: 08 de março – 18h
Local: Evento online – Live no Instagram da Casa do Cordel (@casa.docordel)
DuSouto repassa sua discografia em live neste sábado
Nome tradicional no cenário musical de Natal, o trio DuSouto reflete sua história e discografia em uma performance especial neste sábado (6). Com transmissão gratuita no canal da banda no youtube a partir das 20h, a apresentação é chamada “Utrópica” e marca uma nova fase para o projeto.
A banda se formou em 2003 com uma proposta de mesclar a música eletrônica, jamaicana, brasileira e nordestina ao unir samba com drum’n’bass, reggae com repente, xote com ragga e forró com surfmusic.
Eles se utilizam de loops, guitarras, samples, groovebox, cavaquinho, sintetizadores, sanfona e letras que trazem o cotidiano de uma cidade praieira pra fazer uma música solar, cheia de sotaque e com identidade genuinamente potiguar.
O grupo conta com Gabriel Souto (produtor musical e músico), Gustavo Lamartine e Paulo Souto (compositores e músicos).
Para criar a utopia tropical da live, a DuSouto contou com a direção artística de Lê Pandoja e participações especiais de Pretta Soul, Mc Priguissa e Sarah Oliver e um setlist de 25 canções incluindo o hit “Mexilena” e o recente single “Piscininha”.
Assista a “Mexilena”: https://youtu.be/etEvjCam6VY
Assista a “Piscininha”: https://youtu.be/tDHxmJlXXKo
Este projeto é uma realização BaseB Cultura&Entretenimento com recursos da Lei Aldir Blanc, e patrocínio do Governo do Estado do Rio Grande do Norte através da Fundação José Augusto, e Governo Federal através da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo.
Serviço:
DuSouto – Utrópica
Data: 06/03/2021
Horário: 20h
Onde: https://www.youtube.com/c/
Gratuito
Ficha Técnica:
Gestão de Projeto e Produção Executiva: Luci Braga | BaseB Cultura&Entretenimento
Direção Artística: Lê Pantoja
Direção de Fotografia: Larinha Dantas
Banda DuSouto: Paulo Souto, Gabriel Souto e Gustavo Lamartine
Artistas Convidados: Pretta Soul, Mc Priguissa e Sarah Oliver
Apresentação: Alice Carvalho
Figurino: Luna Isaac | Bicha Extraterrestre
Cenografia: Michele Dalpasqual e Vitor Lagden
Iluminação: Manu Azevedo
Operação de Som: João Felipe e Eduardo Pinheiro
Transmissão e Captação de Imagens: Estúdios Megafone
Material Gráfico: Marília Lins
Cobertura Fotográfica: Luana Tayze
Assessoria de Imprensa: Build Up Media
Apoio Cultural: MSom
Filme gravado em Caicó será exibido neste sábado no youtube
O filme “Fole”, inspirado no conto homônimo do poemúsico Wescley J. Gama, será apresentado neste sábado, às 19h, no canal do youtube da Trapiá Cia Teatral. Para ter acesso ao filme, você precisa se inscrever nesse link AQUI. A inscrição é gratuita!
O filme “Fole” fala do amor de um pai por seu filho e vice-versa. Os dois, moradores do sertão, tem em comum o amor pela música e pela brincadeira de João Redondo.
Seu Luiz Basílio (Mané do Fole) confecciona os bonecos e dá vida a eles tocando seu fole. Nozinho (Emanuel Bonequeiro), o filho, manipula e brinca com os bonecos criados pelo pai.
Esta harmonia é quebrada por uma tragédia trazida a tona por Cadu (Alexandre Muniz). Mas, é imprescindível manter a esperança de que a vida está sempre presente e precisa ser sentida, mesmo que na profunda tristeza.
Gravado no Sitio Oiticica, em Caicó, o filme traz a paisagem do sertão e sua diversidade como cenários desta história de cumplicidade e respeito mútuo.
“Fole” Trapiá Filmes
06 de março às 19h.
Projeto realizado através da Lei Aldir Blanc, Fundação José Augusto, Governo do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
Conheça um pouco mais sobre a Trapiá através das redes sociais
Instagram: www.instagram.com/
Facebook: www.facebook.com/trapiateatro
Youtube: www.youtube.com/channel/UCC_
FICHA TÉCNICA
Roteiro e direção: Lourival Andrade
Elenco: Mané do Fole, Emanuel Bonequeiro e Alexandre Muniz
Produção Trapiá Filmes
Direção e Produção de Arte: Custódio Jacinto
Figurino: Custódio Jacinto
Montagem: Fernando Leão
Colorização: André Duarte
Direção de Fotografia: Fernando Leão e Zezinho Vídeo
Câmera: Zezinho Vídeo e Fernando Leão
Trilha Sonora: Músicas – Forró do Calanguinho (Mané do Fole), Macera (Cultura popular – domínio público), Concerto para Cello Opus 104 – I mov – de Antonín Dvoråk (Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte)
Som direto: Pedro Andrade
Edição de Som: Fernando Leão
Assistente de Câmera: Raiana Neysa
Efeitos especiais: Bruno César
Produção Executiva: Tatiane Fernandes
Produção do Set: Alexandre Muniz
Logística: Irani Muniz
Making of: Bruno César e Raiana Neysa
Identidade Visual e Designer Gráfico: Dillo Tenório
Para amanhecer poesia de Nydia Bonetti
LONGITUDES
a concha
que não quis ser tocada
seguiu
o destino das conchas
(que não são tocadas)
secou
sem conhecer a pérola
(Nydia Bonetti)
Contato
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