Há 17 anos, o Prêmio Sesc de Literatura revela anualmente dois escritores, sempre nas categorias Romance e Conto. Hoje é considerado referência por críticos literários, escritores brasileiros e visto como porta de entrada para o mercado editorial no Brasil.
Neste ano foram inscritos 1358 livros, sendo 692 romances e 666 contos. O cronograma, por ser executado por trabalho remoto, não foi afetado pela pandemia, de modo que o resultado pôde ser divulgado no prazo previsto.
Na edição de 2020, os selecionados foram o capixaba Caê Guimarães, na categoria Romance, por ‘Encontro você no oitavo round’, e Tônio Caetano, na categoria Conto, por ‘Terra nos Cabelos’, reafirmando o aspecto de diversidade do projeto.
Caê Guimarães nasceu em 1970 no Rio de Janeiro. Foi criado no Espírito Santo, onde vive atualmente. É poeta, escritor, jornalista, redator e roteirista.
Com “Encontro você no oitavo round”, apresenta uma narrativa que trata de redenção: um pugilista se debate entre um incômodo zumbido e a memória de outra ocupação antes de se dedicar ao boxe. Dias antes da sua última luta, ele conhece uma jornalista disposta a desvendar o que o fez tomar o caminho dos ringues.
“Eu recebi com muita alegria a notícia que o meu primeiro romance foi o vencedor do Prêmio Sesc de Literatura. É uma oportunidade muito potente de levar meu trabalho pra outras praças, conhecer autores, públicos e outras formas de fazer literatura e estar no mundo”, afirma Caê.
Tônio Caetano nasceu em Porto Alegre, em 1982. Trabalha como servidor público municipal e é especialista em Literatura Brasileira pela PUC-RS. Já participou de várias antologias literárias.
No volume de contos “Terra nos cabelos”, são trilhados diferentes percursos da mulher na nossa sociedade, envolvendo questões que abordam o mundo do trabalho, o primeiro beijo, ritos de iniciação e as violências externas e internas submetidas ao sexo feminino.
“A literatura faz parte da minha vida desde a infância. Ganhar o Prêmio Sesc me faz a pessoa mais feliz e também me dá um baita frio na barriga. Eu ainda estou assimilando tudo o que representa este momento. A minha única certeza é que vai me tornar um escritor melhor.”, comenta Tônio.
Os vencedores têm suas obras publicadas e distribuídas pela editora Record, parceira do Sesc no projeto. A curadoria e seleção dos livros segue um padrão criterioso e democrático.
Os livros são inscritos gratuitamente pela internet e protegidos por anonimato. Em seguida, as obras são avaliadas por escritores profissionais renomados, cujos nomes mudam a cada edição, e escolhem os vencedores pelo critério da qualidade literária, legitimando o processo.
Esse ano as comissões foram comandadas por Renata Pimentel e Samarone Lima, na categoria Romance, e por Ana Paula Maia e Marcelo Moutinho, na categoria Conto.
Desde 2003, diversos autores foram descobertos e se consolidaram na literatura nacional, graças ao incentivo da Instituição, entre eles Juliana Leite, Rafael Gallo, Luisa Geisler, André de Leones, Franklin Carvalho, Sheyla Smanioto e Lucia Bettencourt.
FOTO: Caê Guimarães. Crédito: Fabrício Zucoloco
O Conexão Elefante Cultural divulgou hoje (19), os grupos artísticos selecionados para edição 2020. Devido à crise gerada pela pandemia, que impede eventos e aglomerações, a 5ª edição do projeto acontecerá na internet.
O projeto já está em fase de produção definindo novas ações que misturam tecnologia e criatividade para chegar ao público, com responsabilidade e seguindo as recomendações dos órgãos de saúde, a partir de agosto.
Participaram da seleção grupos de diferentes regiões do Estado com iniciativas nas áreas de teatro, dança e circo, que tiveram analisados critérios como excelência artística; qualificação dos profissionais envolvidos; viabilidade prática da proposta e coerência da obra com o projeto.
Os selecionados foram: Palhaço Piruá de Natal/RN (categoria Circo); Grupo Estação de Teatro de Natal/RN (categoria Teatro) e Entre Nós Coletivo de Criação de Natal/RN (categoria Dança).
O projeto uma realização de Diana Fontes Direção e Produção Cultural.
FOTO: Entre Nós Coletivo. Crédito: Brunno Martins
O Manifesto Cultura É Um Direito! surgiu da necessidade coletiva de reivindicar a formulação de políticas culturais que garantam a participação equitativa de todos os grupos historicamente excluídos do acesso ao setor cultural potiguar: comunidades indígenas, negras, quilombolas, periféricas, mulheres, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, em situação de rua, refugiadas, e fora do eixo metropolitano de Natal.
A partir dessa causa foi iniciado um movimento em prol de políticas culturais afirmativas no Rio Grande do Norte. Foi elaborada uma nota de repúdio ao edital do “Tô em casa, tô na rede”, publicado em abril, e elaborado pela Fundação José Augusto. O edital emergencial tem como objetivo a premiação de projetos artístico-culturais aos artistas potiguares que não possuem renda fixa ou vínculo empregatício durante o período da pandemia decorrente do novo coronavírus.
Contudo, acreditamos que existem falhas no edital, como a falta de transparência, os critérios de avaliação, a quantidade de vagas para artistas fora da Grande Natal, a exclusão de artistas negros, indígenas, LGBTQI+, quilombolas, além da aprovação de nomes com carreiras mais consolidadas da classe artística do estado.
Enfim, a nota de repúdio e abaixo-assinado tem como objetivo a solicitação da abertura de um edital cultural afirmativo e uma comissão avaliadora com profissionais técnicos específicos para cada área e que tenha representação da sociedade civil.
O Movimento quer visibilidade e espaços para falar e debater tal temática silenciada por muitos.
Instagram: @manifestoculturaeumdireito
O BrLab, único laboratório internacional de desenvolvimento de projetos audiovisuais no Brasil, acaba de abrir as inscrições para a sua décima edição. Os produtores e diretores interessados podem inscrever seus projetos gratuitamente através deste site AQUI até o dia 6 de julho de 2020.
A distribuidora Vitrine Filmes, parceira do BrLab desde a primeira edição, neste ano outorgará três prêmios aos projetos participantes do evento no valor total de R$ 510 mil. Também oferecem prêmios a Globo Filmes (Prêmio Desenvolvimento Globo Filmes no valor de R$ 110 mil) e o Projeto Paradiso (Prêmio Incubadora Paradiso no valor de R$ 30 mil).
O evento recebe inscrições de projetos de longa-metragem de ficção de qualquer país da região Ibero-Americana desde que já tenham definidos diretor e produtor, pois ambos devem participar integralmente das atividades do workshop.
A décima edição do BrLab acontecerá de 05 a 27 de novembro de 2020, com sua programação majoritariamente online como medida de segurança em decorrência da pandemia de COVID-19. Dessa forma, a necessária participação de profissionais de diversos países que caracterizam a programação e atividades do evento poderá ser mantida.
Os projetos recebem consultoria de profissionais como Agustina Llambi Campbell (produtora, Argentina), Albertina Carri (cineasta, Argentina), Giancarlo Nasi (produtor, Chile), Mariana Rondón (cineasta, Venezuela), Paula Astorga (cineasta, México), Iana Paro (roteirista, Brasil), entre outros profissionais que complementam o time de tutoras e palestrantes.
Nesta décima edição do evento, o BrLab promoverá também a terceira edição de um workshop de montagem para obras já filmadas, realizado com a plataforma internacional 3 PUERTOS CINE, e a terceira edição de um pioneiro Workshop em Estratégias de Audiência para projetos em fase de desenvolvimento da Incubadora Paradiso, atividade organizada em parceria com o Projeto Paradiso.
Já com foco no treinamento de profissionais de distribuição, programação e marketing o evento recebe novamente o São Paulo Locarno Industry Academy, organizado em parceria com o festival suíço e apoio do Programa Ibermedia.
Além dos workshops, o evento também promoverá, como todos os anos, uma programação especial aberta ao público que reúne com diversos debates, palestras e masterclasses (neste ano exclusivamente através de streaming), com foco maior na etapa de comercialização e distribuição, mas que busca refletir como um melhor entendimento da audiência pode impactar positivamente toda a cadeia de produção audiovisual.
Crédito:_Bela Tozini
ESCOLHA
Você uma vez falou
Que eu parecia duas…
Não, meu bem, não
Sou bipolar…
Em mim habita muitas Mulheres, sou múltipla
Carrego no peito, na alma, na Luta, na dor, todas as mulheres que sangraram em vida,
Mulheres que defenderam bandeiras,
Mulheres incendiárias,
Mulheres putas na cama e ladys na vida
Em mim pulsam
Pagu
Frida
Camille Claudel
Maria Callas
Tarsila
Marielle
Por isso sou tão
Complexa
Enigmática
Louca
Ciumenta
Ardente
Fogosa
Sexy
Militante
Sensível,
Poética
Sangue nas ventas
Aluada
Enluarada…
Mas de todas essas mulheres
Você quer Amélia…
Se você por muito merecer
Posso ser Adélia
Preparar um peixe
Te prender pelo estômago
Te enternecer, ser mansa e suave…
Mas se me afrontas
Sou abelha rainha
Puro mel em voo nupcial
Mas que te mato em pleno gozo, destino de todo zangão…
Se silencia, fechas as portas
Sou Claudel jogando pedras no teu telhado…
Pinto minhas dores sofridas
Mas nunca, nunca temerei o salto para o abismo
Serei Ismália romanticamente enlouquecida…
Serei Pagu em plena luta
“Com a esperança cortada, mas crente que será regenerada”
Serei Marielle sempre presente cobrando justiça pelo sangue derramado…
Não meu bem, desista!
Sou complexa
Intensa
Multipolar…
Vai para os braços de tua Amélia…
Que eu fico aqui amando todas mulheres que pagaram o preço da solidão
da loucura
do abandono
da traição
da bala encomendada
do sangue jorrado
Mas foram fiés a si mesma.
Viva com tua Amélia
Porque no espelho que me contemplo refletem todas essas revolucionárias.
Em uma resposta à pandemia do COVID-19, a Escola de Música da UFRN iniciou as ações do Projeto SolCello.
Além de ações de curso à distância e lives em redes sociais o projeto realiza apresentações em hospitais aproveitando a imunidade do professor Fabio Presgrave ao vírus.
Os mini concertos são destinados às equipes hospitalares desgastadas pela situação atual e fornece a elas um momento de alento e meditação. São apresentações rápidas e acontecem em conformidade com todas as orientações para evitar a propagação do contágio pela Covid-19.
Até agora o projeto esteve no Hospital Mariano Coelho (Currais Novos), Hospital Ana Bezerra (Santa Cruz), Hospital Maternidade Januário Cicco, Senac Barreira Roxa e Hospital Universitário Onofre Lopes.
O projeto SolCello – Violocenlos da UFRN em tempos de pandemia – é promovido pelo Grupo de Estudos do Violoncelo, Violino, Viola e Contrabaixo nos Séculos XX e XXI (Gruvio) da UFRN.
O edital do Prêmio Funarte RespirArte, já publicado, tem como objetivos a seleção de atrações online em vídeos; e a promoção da arte de vertentes culturais de todas as regiões do país. As inscrições, gratuitas, se iniciaram ontem, dia 17.
A Fundação vai incentivar 1.600 produções artísticas em vídeo, inéditas, realizadas em plataformas digitais, com premiações de R$ 2,5 mil para cada contemplado (deduzidos os tributos).
As áreas alcançadas são: circo, artes visuais, música, dança, teatro e artes integradas.
A Funarte concederá 270 prêmios para cada uma das linguagens específicas e 250 para artes integradas, num investimento de R$ 4.072.000,00 (R$ 4 milhões para os projetos e R$ 72 mil para custos administrativos). O número de prêmios poderá ser ampliado, caso a Funarte venha a dispor de mais recursos.
Podem se inscrever no edital brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 18 anos; e pessoas jurídicas de natureza cultural – tais como produtoras, companhias ou grupos.
Os participantes devem ter residência ou sede e atuação comprovadas no país. Todas as produções inscritas devem ser registradas em vídeos, formatados segundo critérios estabelecidos no edital e publicados em plataformas digitais de acesso público.
São aceitos no processo seletivo os seguintes tipos de trabalhos:
● Artes Visuais – Produções em diferentes práticas contemporâneas, como performance, vídeo de artistas, “videomapping” e arte sonora, entre outras; e práticas convencionais, como pintura, escultura, desenho, gravura, fotografia, entre outras, e suas “interfaces para veiculação em plataformas digitais”.
● Dança – Para trabalhos nos diversos segmentos dessa linguagem.
● Teatro – Criações nas várias modalidades, tais como contação de histórias, teatro de bonecos, de fantoches, de sombras; e no formato de monólogo, leitura dramática, drama e humor, entre outros.
● Circo – Produções nos diferentes tipos de artes circenses.
● Música – Trabalhos em qualquer estilo e gênero musical.
● Artes Integradas – Criações direcionadas, de forma integrada, para mais de uma das linguagens citadas acima.
As inscrições devem ser realizadas por meio do formulário online, em link disponível na página do edital, clicando AQUI.
O prazo de inscrições termina em 45 dias a contar do dia seguinte à publicação do edital no Diário Oficial da União – ou seja, até 3 de agosto, às 17h59. A Funarte considera para este prazo o horário de Brasília (DF).
O vídeo inscrito deverá ser disponibilizado em arquivo online, por meio de link, com compartilhamento aberto, informado no formulário de inscrição. Neste deve ser anexado o currículo do candidato – no qual se comprove atuação no Brasil, na área artística na qual se inscreveu.
No edital, os interessados encontrarão instruções sobre especificações técnicas do vídeo, inscrições, sugestões de plataformas online ou em nuvem de armazenamento, link de disponibilização e preenchimento de formulário, além de outras informações e regras detalhadas.
Ontem meus problemas pareciam tão distantes… “Yesterday” me surgiu naquele período de dúvidas e rebeldias adolescente. De alguma solidão, também. Todo adolescente é um pouco só, com suas neuras e desejos inconfessáveis. E eu, mais ainda. Tímido, retraído, encontrei quatro novos amigos que mostraram um mundo novo de possibilidades e sons.
Aos 13 anos.
Lennon sempre me pareceu o líder da banda. Era meio enjoado. A simpatia de Ringo destoava, mas faltava empatia. E George, meio insosso… McCartney foi meu melhor amigo naquele período. Dividia comigo essas horas angustiantes. Suas canções traziam conforto e emoções diferentes. E Yesterday foi meu padre, por um tempo. Sempre que escutava desabafava comigo mesmo alguns pensamentos.
Lembro de um especial sobre os Beatles na TV. A fase yeah yeah yeah era mesmo contagiante. Mas ao final, ouvi “Let it be” e a emoção vivida com “Yesterday” ressurgiu fulminante. “Deixe estar”. Duas palavras singelas que me reafirmavam: tenha paciência, tudo vai dar certo. E aquela impressão de uma conversa amiga, íntima, de dois amigos que se conheciam.
Dos Beatles, o desejo de uma coleção de vinis, às visitas a lojas de discos e gravadores da K7 e novos sons à espera. Stones, Cream, Doors, Beach Boys e toda uma aura cultural que cercava aqueles anos mágicos da década de 60. Mas os Beatles sempre me pareceram muito além. E tinha o meu amigo Macca. Aquele que voava comigo em um pássaro negro, cantando na calada da noite.
E se McCartney fechou a porta daquela década entoando ao mundo que “no fim, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”, Maybe I’m Amazed surgia em seguida, em seu primeiro disco solo, para reafirmar nossa amizade de solidões. “Talvez eu seja um homem solitário que está no meio de alguma coisa que não entende de verdade”.
Desde então tem sido assim. São 30 anos de amizade e descobertas. Saí em fuga da monotonia dos dias com ele e sua banda. Curtimos amores cantando agudos por aí “Wo wo-wo-wo-wo, my love..”; canções bobas de amor… Viajamos na paz natural de Mull of Kintyre. Vivemos e nos deixamos morrer em noites solitárias. “O que isso significa?”. Nada. É apenas “outro dia”. Aqui hoje.
Mesmo sendo um happy “Birthday” para o cara, é mesmo apenas mais um dia na longa e sinuosa estrada da vida. Deixe estar.
Vocês conhecem mulheres que inspiram, que motivam ou que transformam a vida de outras mulheres? Certamente. E conhecem porque são muitas e estão em todos os cantos desse mundo.
É com essa certeza que o ‘Mulherio das Letras Zila Mamede – Natal/RN’ apresenta sua mais nova série de LIVES no Instagram: ‘Mulheres que levantam outras Mulheres’. Toda quinta-feira, às 20h, no instagram @mulheriozila. E hoje já tem!
A estreia será neste 18 de junho, com Cecília Oliveira, produtora cultural e embaixadora do ‘Movimento Fora do Padrão’. Depois, será a vez de Efigênia Cruz (25/06), empreendedora cultural e coordenadora de ‘Projeto Transforme-se’. Na sequência, teremos as escritoras Maria Teresa Moreira (02/07), da fanpage ’50 Tons da Menopausa’ e Lia Sena (09/07), da Revista Eletrônica ‘Ser MulherArte’.
Um super time de mulheres para iniciar essa série com muita atitude!
FOTO de Cecília Oliveira. Crédito: Kener Paulo.
Nesta quinta (18), às 20h, o Centro Feminista 8 de Março irá realizar uma transmissão ao vivo de lançamento da Caravana Virtual Feminista da Economia Solidária, com apresentações em clima junino de Khrystal, Conceição Andrade e Eva Rocha. Além disso, a atividade terá ainda a participação das mulheres dos empreendimentos solidários que compõem a caravana.
A transmissão se dará no canal do youtube. Basta clicar AQUI.
A Caravana Virtual Feminista da Economia Solidária é uma alternativa que o Centro Feminista 8 de Março, em parceria com a Rede Xique-Xique, elaborou para lidar com o período de pandemia do novo coronavirus.
O evento é composto por debates sobre economia solidária e feminista, atividades culturais online e uma loja virtual com proposta de comercialização solidária organizada por grupos de mulheres que tiveram suas atividades de comercialização afetadas devido ao distanciamento social.
Ao comprar nesta loja as pessoas vão estar contribuindo com uma rede de solidariedade que fortalece o trabalho de diversas artesãs, possibilitando que elas possam ter o direito de Ficar em casa e continuar produzindo, mesmo no contexto atual.
Conheça o site da Caravana clicando AQUI, compre os produtos confeccionados por essas mulheres e ajude a fortalecer essa iniciativa.
Esta ação é parte do projeto “Mulheres no semiárido: água para produção, economia solidária para comercialização”, executado pelo Centro Feminista 8 de Março, financiado pela Fundação Banco do Brasil e co-financiado pela União Europeia.
O projeto beneficia diretamente mulheres dos municípios de Mossoró, Natal, Macaíba e Ceará Mirim.
Além dessa iniciativa de vendas, o projeto atua na construção de tecnologias de reuso de água, melhorando a capacidade de produção dos quintais produtivos de diversas mulheres. A construção das tecnologias está temporariamente suspensa, mas a atividade será retomada assim que passar o período de isolamento.
O lançamento da Caravana Virtual Feminista da Economia Solidária conta ainda com o apoio da Fiocruz e da ActionAid.
Foto: Felipe Campos
Ardência, terceiro livro do escritor, diretor e ator Thiago Medeiros, será lançado no próximo dia 21, às 15h durante a live através do instagram do poeta @preuparardemedoer
Em “ARDÊNCIA”, Thiago Medeiros, capta como poucos, atento à respiração da cidade, o prazer e a dor do canto em que vive, retratada por ângulos surpreendentes” .
A apresentação é do poeta Luiz Renato Almeida, quem assina o prefácio do livro e diz um tanto da imensidão impressa em suas páginas. Escrito e editado no verão deste ano, antes da pandemia, “Ardência” foi possível através do financiamento coletivo e reúne poemas inéditos.
Esta será a primeira vez que não haverá lançamento físico. “Essa tem sido uma das grandes angústias. Pela primeira vez não teremos lançamento presencial. E logo eu que sempre gostei de juntar todo mundo. Mas é uma reflexão importante que estamos tendo, principalmente da equipe, para que possamos preservar a saúde e criar meios da ciranda não parar”.
O lançamento acontece na live da plataforma Instagram @preuparardemedoer, às 15h com convidados especiais.
Entre as asas de pássaros, solidão, cigarros acesos, casas com reboco, silêncios, saudade, partidas, chegadas e o amor, Thiago Medeiros se (re)acende a cada segundo em suas palavras.
Como um passeio entre a redescoberta do amor e suas libertações, o autor traz a metáfora do pássaro como inspiração e força. “A imagem da metáfora dos pássaros ficou reverberando aqui dentro. E Ardência vem muito envolto disso, dessa metáfora. Os pássaros que são descendentes diretos dos dinossauros, que precisaram mudar o DNA para resistir, mudaram para uma aparência de leveza, para existir. E pode ser eu, pode ser nós”, acredita.
O livro parte dessa metáfora para falar sobre a vida. Dividido em seis capítulos, a obra se completa através dos intertítulos: Bicho Corpo, Para não esquecer, Margem, Feira, Motriz e Amor Coragem, onde cada um alcança uma metáfora diferente.
“Os poemas passeiam na descoberta do mar, quando pela primeira vez que refleti que estava apaixonado foi na praia. É um passeio pelo mar, pelo amor da mãe, pelo amor de si, e em como resistir acreditando no amor num país como esse”, lembra.
Um dos poemas do livro diz:
b u s c a
feri meus pés
enquanto dançava
não importavam as formigas
devorando o pé de acerola
os dedos e as unhas sujos de lama:
liberdade dessas só se encontra no quintal.
Criador do grupo “Insurgências Poéticas”, Thiago é além de escritor, um agitador cultural, reunindo pessoas de várias linguagens em suas edições. É autor dos livros “Para eu Parar de Me Doer”, “Meio Dia” e o zine “O dom do Silêncio é o Grito”. É autor das peças “Memórias do Alecrim” e “João ou eu só queria ver os Pássaros”.
A direção de arte do livro é assinada por Rita Machado, Selo Insurgências Poéticas, Editora Offset, Capa e material de divulgação Creaty e Textos de Ada Lima, Cellina Muniz, Luiz Renato Almeida e Mattheus Rocha. As fotos são de Diogo Ferreira.
Lançamento do livro “Ardência” do escritor Thiago Medeiros
Data: Domingo, 21 de junho, às 15h
Live no instagram @preuparardemedoer
FOTO: Diogo Ferreira
E no meio dessa agonia e das incertezas da quarentena, um grupo de artistas de Natal, dentre atrizes, diretores de cinema e roteiristas, decidiram transformar limões em limonadas e trazer um pouco de bom humor aos que precisam ficar em casa.
A partir de uma ideia original das atrizes Márcia Lohss e Titina Medeiros, a Socorro da novela Cheias de Charme e atualmente em cartaz com a sitcom “Os Roni” na Multishow, a produção, já com alguns episódios, vem dando o que falar.
A websérie “As Primas” é uma visão bem–humorada da pandemia e de seus efeitos. Principalmente, da forma como se tem lidado com a temida quarentena.
Com esse novo normal caído de paraquedas em suas cabeças, essas primas buscam retomar o seu cotidiano, adaptando com boas risadas e uma fina ironia, os afazeres do seu dia-a-dia e as relações interpessoais.
Já dizia o ator Peter Ustinov: “O humor é uma forma engraçada de falar de um assunto sério”. E é justamente disso que se trata “As primas”.
Debochada e irônica, Graça é a anfitriã. Fazendo o que dá na quarentena, corta um dobrado buscando adequar os afazeres domésticos com as incertezas da falta de grana. Casada com Marinalvo, um homem cheio de boa vontade, mas bastante desorientado, principalmente no que se refere a afazeres domésticos e a lida com as filhas, Belinha, uma criança bastante animada e Sofia, uma adolescente rebelde.
Mimada e pouco consciente dos perigos da pandemia, Crisinha vive uma vida luxuosa, mas bastante solitária junto com seu esposo Enzo, piada constante de Graça pelo pouco interesse que tem em Crisinha e pela verdade que surge quando bebe.
Rica e solitária por opção, Suênia está simplesmente amando a quarentena, pois foi o que sempre viveu. Enrolou o ex-namorado e agora está em seu “castelo de cristal”, contando apenas com a companhia de Cássia, a cabeleireira, pois “antes morta que mulambenta”. Para aplacar o seu desejo, conta com os serviços do Orgasmotron, um moderno brinquedo sexual que precisa apenas de pilhas grandes pra leva-la ao paraíso.
Tia de Crisinha e Graça, uma senhora absolutamente hipocondríaca, totalmente surtada com o perigo de contrair o Covid. Não lê bula de remédio com medo de ter os sintomas, vive cercada de bombinhas de asma mesmo não sendo asmática. Vai enlouquecer as sobrinhas ao abrir uma conta no tinder.
Ex-diarista, tornou-se “personal faxinator”, uma “coach de limpeza”. Aproveitou a quarentena para se reinventar criando o seu próprio programa “Jane Show”, onde dá dicas de serviços domésticos, desde limpar vasos sanitários a fazer arroz, sempre com uma frase motivacional na ponta da língua.
Professora e mãe, Renata está em vias de enlouquecer trancada com sua filha pequena, Maria Cecília, uma criança hiperativa, que tem mais energia que uma hidroelétrica. Vai comer o pão que o diabo amassou ao lidar com as famigeradas aulas online.
Uma psicóloga que busca soluções para lidar com as próprias angústias trazidas pela quarentena. Os obstáculos são as perseguições por baratas, a infinidade de pães queimados, o pouco talento para o corte das franjas e o completo ódio por chás.
Personagem da segunda temporada, Stefanny vive a sua própria “saga do vaqueiro” em um interminável noivado. Contudo, já anda arquitetando um plano infalível para casar com o enrolão Paulo Henrique.
Com a palavra, os realizadores:
“Compartilhar sentimentos e pensamentos de forma crítica é o que nos leva a fazer comédia e este é precisamente o momento na história no qual devemos expressar nossa subjetividade. Pois, é essa subjetividade que dá cabo de produzir um julgamento de uma época e da sociedade na qual vivemos.”
“A importância de construir uma percepção da realidade através do discurso crítico e bem humorado da condição social de hoje é que ela nos traz informações e geram conhecimentos que precisam ser dialogados.
Para que no futuro, possamos acessar o que pensávamos a despeito da situação na qual nos encontramos e potencializar escolhas criativas que os artistas devem fazer, assim como desenvolver habilidades e técnicas da narrativa audiovisual. Talvez este seja o maior desafio da série, pois as atrizes filmam em separado; a interação é feita na mesa de edição, um reflexo mais do que real do nosso novo cotidiano”
“Acho que mais do que nunca a sociedade anda precisando de artista, né? E apesar da gente tentar fugir como pode, o tema da quarentena se instalou e vai ficar mais um bom tempo por aí, ainda mais com o povo vivendo como se estivessem de férias. Aí o que nos restou foi arregaçar as mangas, passar álcool em gel, e seguir em frente, rindo um pouco das situações absurdas que a gente vai vivendo ou presenciando nessa nossa clausura. Se ficar trancado é inevitável, bora rir, meu povo!”
O projeto ainda conta com Davi Revoredo como AUXILIAR DE EDIÇÃO E MÍDIAS SOCIAIS.
PATROCÍNIOS E PARCERIAS:
Contado desde já com os apoios preciosos da Boutique Sexual La Vedette Deluxe, do Fotógrafo Eliézer Neto, o projeto encontra-se aberto para outros patrocínios e parcerias por meio dos quais as empresas terão não apenas o seu nome ligado ao projeto mas os produtos serão temas das próprias esquetes movimentando uma proposta nunca antes vista no Estado em termos de economia criativa.
Para os interessados em seguir junto conosco nos patrocínios e parcerias, envie e-mail para marciobenjamin@gmail.com, e serão fornecidos detalhes.
Venha rir e se identificar com essas primas em episódios semanais disponibilizados todo domingo no canal do YouTube e divulgados em sua conta do Instagram: https://www.instagram.com/asprimasweb/
Jamais abandonei o caminho que me leva ao
encantamento do passado.
Câmara Cascudo
Meu primeiro contato com a obra de Manoel Onofre Jr., mesmo que indiretamente, foi em 1997, quando cursava o ensino médio no Cefet. Dentre as diversas atividades culturais promovidas pela escola, a ida ao teatro era uma delas, e foi justamente aí que conheci um pouco do universo ficcional do escritor e crítico literário nascido no sertão potiguar e radicado em Natal.
Seu livro “Chão dos simples” foi adaptado para o teatro por Lenício Queiroga, que escreveu, dirigiu e atuou na peça homônima, cuja estreia aconteceu nos palcos do Teatro Alberto Maranhão, espaço do qual não desfrutamos há algum tempo porque está interditado desde 2015, e sem data para ser reaberto.
Voltemos ao livro. Há tempos, ele estava naquela lista de obras imprescindíveis e somente agora, durante o isolamento social, tive a oportunidade de desfrutá-lo com o tempo e a tranquilidade necessária que a leitura exige. Puro deleite a leitura dessa obra, um alento para esses dias incertos que vivemos.
O exemplar que tenho em mãos é um primor e tem um valor afetivo especial porque foi adquirido no Sebo Natal, cujo proprietário é meu irmão Paulo Luís, poeta, leitor voraz e apaixonado por livros como eu. Impossível ir visitá-lo no centro da cidade e não sair de lá com alguns livros (sem contar os que ficam pra depois), e quando se trata de literatura do RN, então.
Aliás, quando tudo isso passar, essa é uma das coisas que preciso fazer com mais frequência, tanto pelos motivos citados, como também, e principalmente, pela alegria do reencontro e da partilha com esse irmão querido que é também um amigo com quem gosto de dialogar e aprender.
Chancelada pela Sarau das Letras, revista e ampliada, esta é a terceira edição de “Chão dos Simples”, e traz, ao longo dos capítulos, ilustrações de Carlos José e Iaperi Araújo. Os desenhos são um primor e retratam de forma singela algumas das narrativas ambientadas em Serra Nova, “a pequena Macondo do escritor norte-rio-grandense”, como escreveu Hildeberto Barbosa Filho, numa alusão ao escritor colombiano Gabriel García Marquez e seu clássico “Cem anos de solidão”.
O prefácio é assinado pelo escritor Thiago Gonzaga. O leitor terá uma grata surpresa ao final da obra: a fortuna crítica do livro assinada por Anchieta Fernandes, Hildeberto Barbosa Filho, Nelson Patriota, Nilo Pereira e Veríssimo de Melo. Um presente para leitores como eu, que devoram prefácios, orelhas, posfácios…
Esse é um dos daqueles livros que a gente lê de um fôlego só. Mas eu não queria que acabasse logo e criei uma estratégia de leitura, lia apenas quatro contos a cada manhã. Tal qual a personagem do conto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector, para mim aquele “era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o”.
E foi assim minha viagem pelo sertão encantado de Manoel Onofre Jr., degustando lenta e prazerosamente cada história. Por vezes, tive a impressão de estar sentada na calçada de uma daquelas casas de Serra Nova, enquanto o narrador me contava aquelas histórias e eu, cada vez mais inebriada com aquele universo mágico, queria mais e mais.
Hildeberto Barbosa Filho compara o narrador de Chão dos Simples” ao narrador de Walter Benjamin, quando este se refere ao contista russo Leskov, e diz que se trata de uma narrativa calcada na riqueza da tradição oral. Assim, na perspectiva do escritor paraibano, temos um narrador que conta suas estórias à beira da fogueira, “sob a prata do luar e no silêncio das noites mal-assombradas”.
São narrativas curtas, quase cinematográficas, marcadas por uma linguagem simples, enxuta, direta, retratando com originalidade diversos aspectos da cultura sertaneja, crendices, costumes. Histórias de beatas, donzelas, solteirões, cangaceiro, cigano, matador, e tantas outras figuras que compõem o cenário de uma cidade do interior nordestino. Como escreveu Nilo Pereira, a vida que o autor recorda “é o retrato de uma gente simples, crédula, profundamente telúrica”.
Gostei de todos os contos, mas, por questão de espaço, e para manter a curiosidade do leitor, destaco alguns: “A primeira feira de José”, “Joca”, “O destino e seu Tintim”, “Na boca da noite”, “A verdadeira história de Joãozinho e Maria”, “Duelo de titãs”.
Assim como Nilo Pereira, “cada vez mais me convenço mais da necessidade que tem o escritor […] de um retorno lírico à infância, às paisagens familiares, à evocação de algumas cenas onde tem sempre uma boa velhinha que conta uma estória […]”.
Aliás, na dedicatória do livro, escreve o autor: “A meu pai, que me contou muitas histórias do sertão”, comprovando o que diz Nilo Pereira sobre tal evocação à infância, com seus “alumbramentos e perplexidades”, para lembrar o título de uma obra de Edson Nery da Fonseca sobre a poética de Manuel Bandeira. Afinal, como sintetizou Nilo Pereira, “O menino de Martins e o poeta de Serra Nova se dão aos mãos no tempo proustiano, e ei-los no escritor das coisas simples, míticas, ingênuas, alma de um tempo imortal”.
A vida e a obra do regente monsenhor Padre Pedro Ferreira, da Camerata de Vozes do RN, em uma conversa com o diretor-geral da FJA, Crispiniano Neto, é o tema da live “Diálogos Culturais” da Fundação José Augusto desta quinta-feira (18) a partir das 17h.
A transmissão será realizada no perfil @culturarn do instagram e pelo Facebook da FJA. A ação integra o projeto #toemcasatonarede que incentiva as pessoas a ficarem em casa para o enfrentamento à pandemia da COVID 19.
Criador do Madrigal da UFRN, o regente Pedro Ferreira regeu por 30 anos o coral Canto do Povo. Entre outros coros e grupos de música que regeu, criou, em 2012, a Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte.
É Doutor em Estética Filosófica com aprovação Summa Cum Laude pela Universidade Gregoriana de Roma, Itália, e Doutor em Estética Musical em Regência Monódica e Polifônica, também com aprovação Summa Cum Laude pelo Pontifício Instituto de música Roma Itália.
A Camerata de Vozes do RN, criada por Pedro Ferreira, já realizou concertos em várias cidades, com destaque para a participação musical na cerimônia de Canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçú, realizada em outubro de 2017 na Cidade do Vaticano.
O primeiro Festival Rio Grande do Reggae (in live) acontecerá nos dias 3, 4e 5 de julho de 2020, organizado pelo Coletivo Reggae Potiguar. O evento terá como atrações bandas potiguares, no estilo reggae e que tenham um trabalho autoral a apresentar.
O objetivo deste festival é mostrar ao público norte-rio-grandense a importância sublime do artista potiguar e a oportunidade de apresentar novas revelações com trabalhos musicais que exaltem a relevância da cultura reggae e que tenham como base o sentimento de um povo, suas dificuldades e reivindicações sociais na luta por uma vida mais justa, digna, solidária e com respeito à diversidade.
Neste momento de muitas dificuldades sanitárias vivenciadas por todos os países no mundo, surge o ambiente virtual das lives que, através das redes digitais, trazem alegria e entretenimento às pessoas nesse momento de enfrentamento da pandemia.
O festival será realizado em três dias nas redes sociais do evento e dos artistas participantes, que serão pré-selecionados através do processo de inscrição on line, com o formulário sendo disponibilizado nas redes sociais do Coletivo Reggae Potiguar para quem tiver o interesse em participar do festival.
Este evento conta com o apoio de algumas entidades como o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN), o Reggae Alguma Coisa Produções, o Movimento Alternativo Goto Seco, a Associação Cultural Chegados de Marley, o Espaço dos Artistas, A Toca Produções e Damião Marques Design.
Cronograma do festival e contatos para maiores informações:
Data de divulgação do Edital: 11/06/2020;
Data de inscrições on line: 11/06/2020 a 20/06/2020;
Data das apresentações: 03,04 e 05/07/2020.
Email: coletivoreggaepotiguar@gmail.com
Instagram: @coletivoreggaepotiguar
Para maiores informações:
Gewanderson Tinôco (84) 98817-3934
Carlos Henrique (84) 99936-8584
Houve um tempo em que a cidade de Natal, ainda lírica e provinciana, tinha o seu centro de convivência, a sua ágora, lugar onde todos se encontravam.
Corriam os anos de 1960. Nas calçadas da Rua João Pessoa, trecho compreendido entre a Princesa Isabel e a Av. Rio Branco, as rodas de conversa se formavam pela manhã, de tardezinha, e à noite.
As pessoas – políticos, funcionários públicos, profissionais liberais, estudantes, etc. – batiam papo, comentavam notícias do dia, falavam da vida alheia, entre um cafezinho e outro tomados no Café São Luiz, a alguns passos. E sempre arriscavam um olho no mulherio que ia passando, vindo das compras. Neste espaço de muitas tradições – o Grande Ponto famoso – as mulheres não paravam. Por que?
Verdadeira universidade popular, o Grande Ponto era tudo isso e algo mais. Hoje, decadente, sem sombra do que foi, dá pena.
Lembro, com saudades, o bulício daquele pequeno mundo. Boatos, planos (políticos ou não) discussões, intrigas, amizades, comentários sobre futebol, tudo vivia no clima de comunicação fácil. Quanta coisa importante, quantos empreendimentos, quantos poemas teriam nascido ali.
A história do Grande Ponto começa com o bar Mercearia que ali havia, com esse nome, há muitas décadas. Ficava, exatamente, na esquina da Av Rio Branco com a Rua João Pessoa, onde se encontra o Edifício “Amaro Mesquita”.
Para a cidadezinha de então, o bar servia de ponto de encontro, continuava a tradição dos cantões. Com o passar do tempo, o número de frequentadores foi crescendo, sobrando da sala, já pequena para a calçada.
Uma das principais vias públicas de Natal, a Avenida Deodoro da Fonseca, mais conhecida como Avenida Deodoro, atravessa o bairro da Cidade Alta de ponta a ponta, começando em uma ladeira – a do Baldo – e terminando em outra – a da antiga Rádio Poti, ou vice-versa.
Durante o ano de 1955, ainda adolescente, morei na casa de nº 814, situada quase no cruzamento com a Rua Apodi, ao lado do Colégio Marista. Era a casa do meu avô materno João Vicente da Costa.
Três anos depois voltei a morar lá e lá permaneci, como hóspede do meu avô por mais dois ou três anos. De modo que a Avenida Deodoro foi um cenário marcante da minha juventude, que me deixou saudades. Era o meu caminho, da casa do meu avô ao Cine Rio Grande, quando vim do interior, e logo fiquei tocado pela magia do cinema; depois tornou a ser o meu caminho em procura do Grande Ponto.
Nesse percurso diário tornei-me íntimo da avenida. Meus passos por lá ficaram nas calçadas, até que aquilo tudo foi destruído, muitos anos depois, em nome do progresso.
Hoje, quando passo entre as ruínas que sobraram, sinto algo me machucar dentro do peito… Resta-me o consolo de reconstruir, na memória, proustianamente, aquelas casas que tanto me viram passar.
Ao lado da residência do meu avô morava Seu Messias Soares, pai do jovem Ernani Rosado, futuro médico, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Mais acima, na esquina com a Rua Apodi situava-se a casa do deputado Aderson Dutra, de Patu; em sequência, sempre na direção do centro ficavam o pequeno bangalô do comerciante Carlos Silva, a casa dos Matosos e a vivenda de Rui Pereira, senhor de engenho, do Ceará-Mirim (tempos depois, demolida, construir-se, no local, uma bela casa, em estilo moderno, residência do casal Denise Pereira – Arnaldo Gaspar, casa esta também demolida).
Duas quase mansões, geminadas, vinham a seguir, morada dos irmãos Militão e Raimundo Chaves, comerciantes originários de Pau dos Ferros, donos do Armazém Natal, uma das maiores lojas de secos e molhados existentes em Natal, naquela época.
No outro lado da avenida, onde hoje se encontra a sede da Procuradoria Regional da República, uma casa rodeada de terraços, com um jardim acolhedor à frente, era a residência do cônego Luiz Wanderley, professor, orador sacro e latinista emérito, pároco da Igreja do Rosário, onde era moda realizar-se os casamentos da elite natalense.
Prosseguindo na reconstituição nostálgica da Avenida, encontrava-se, já quase na esquina da Rua General Osório, a casa do médico Olavo Montenegro, em estilo moderno, tendo ao lado, no mesmo estilo, a do Sr. Waldemar de Sá, gente do Ceará-Mirim.
Quase no final do meu caminho, na esquina da Rua João Pessoa, erguia-se a ampla vivenda do Sr. Milton Varela, onde, alguns anos depois, funcionou o Centro Cearense.
Ponto culminante desse trajeto, no lado oposto da João Pessoa, bem pertinho do Cine Rio Grande, alteava-se, misterioso, o “castelo” do Dr. Moisés Soares, verdadeiro monumento arquitetônico, depois demolido para se construir no local, um monstrengo de concreto e vidro. Esse “castelo” nada tinha de castelo, mas era assim que o povo o chamava, talvez por causa de uma espécie de minarete que encimava sua linda varanda. Já então estava abandonado; ervas daninhas alastravam-se pelo jardim, e suas paredes externas mostravam a pátina dos anos. Com o seu ar de decadência, cercava-o uma aura romântica encantadora.
Dr. Moisés Soares, advogado, homem de posses, construiu esse palacete para sua residência quando casasse com a sua noiva, a poetisa Palmyra Wanderley, mas não conseguiu realizar seu intento, pois a morte o levou bem cedo.
Assim reza a lenda, contribuindo para acentuar o caráter romântico daquela edificação, criminosamente destruída.
E é com a lembrança de sua bela fachada que encerro a caminhada pela avenida dos meus bons tempos.
FOTO:
Esquerda superior: Praça Tamandaré.
Esquerda inferior: Vista aérea da Deodoro.
Direita superior: Vista plana da Avenida Deodoro.
Direita inferior: Praça Pio X, onde hoje funciona a Catedral.
Um conto e 20 finais alternativos. Essa é a proposta do e-book ‘Olho em perfeito silêncio para as estrelas’, mais um lançado pelo poemúsico curraisnovense Wescley Gama. O “mais um” é porque Wescley lançou semana passada outro e-book, intitulado ‘Fotopoemas da Pandemia‘, em parceria com o fotógrafo Állan Matson. Desta vez, a parceria se dá com 20 professoras e professores do campo do município de Lagoa Nova.
No e-book, Wescley inicia o conto “O sol das almas pintara de amarelo-queimado os panos brancos nos varais por trás da casinha toda feita de barro, anunciando a noite que vinha a passos rápidos, intrépida, trazendo sobre o mundo visível seu manto misterioso e escuro…”, que se estende por mais umas boas linhas. E 20 professores concluem o conto às suas maneiras, com seus desfechos.
O projeto nasceu de um conto ambientado afetivamente na Serra de Sant’Anna, Seridó norte riograndense, também inspirado na assertiva do professor Teixeira Coelho, que diz no livro “A Cultura e seu contrário”: “…a história, a crítica e a políticacultural, em particular nas últimas décadas, têm-se contentado com conceitualizar a cultura a partir de sua dimensão exterior (…) em lugar devê-la e acioná-la ou estimulá-la, em todos seus recantos e componentes, a partir de suas contradições internas e próprias — o que quase significa dizer: em lugar de vê-la como algo vivo.”
Segundo Wescley, este pequeno livro abre a possibilidade de vê-la nesta função. “Nos manter como esse algo muito vivo, a partir da observação da nossa interação com a natureza, à qual nos unimos e nos transformamos junto aos seus elementos primordiais. E temos também essa possibilidade de vê-la através dos olhares vários e da criatividade desses professores de Lagoa Nova”, afirma o autor.
Participam do projeto docentes do Centro Municipal de Ensino e Educação no Campo com coordenação de Márcia Araújo. Escolas do CMEECampo: escolas municipais Professora Maria Estelina da Silva Mendes; Santa Rita; Monsenhor Walfredo Gurgel; São Luiz (Quilombolas); e Professora Ângela Maria de Moura.
E o autor completa: “Em tempos de pandemia apertamos os laços através da literatura, ela também tem essa capacidade de nos manter vivos para além da realidade causticante e dura. A arte também nos ajuda a enfrentar e vencer essa realidade, pela simples persistência no cotidiano e na vida simples. Uma verdadeira resistência cultural perante os reveses do dia-a-dia. Pois bem, nos desbrucemos sobres essas produções literárias e nos sintamos muito vivos!”.
O novo projeto da Viva Entretenimento recebeu o título de Terça da Boa Música, e consistirá em shows virtuais de artistas potiguares, propondo assim a apresentação de seus trabalhos para a comunidade.
O objetivo é oferecer ao público, de forma democrática, música brasileira de qualidade e em diversos gêneros, seja instrumental ou até mesmo autoral, enquanto arrecada-se doações que serão destinadas a instituições locais, através do Fundo Transforma Brasil no RN.
Dentre as metas do projeto, estão: a dinamização e valorização da cultura musical, incentivando sua divulgação, registro e consumo; democratização do acesso aos bens culturais do Rio Grande do Norte; ser um modelo de demonstração para que outras iniciativas como essa se perpetuem pelo estado; consolidação das ações culturais como elemento propulsor para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade local; despertamento do natalense quanto à riqueza de seus artistas, muitas vezes desconhecida; e explorar a plataforma digital como um formato acessível de divulgação ampla dos talentos potiguares.
Além, é claro, da responsabilidade social, ao arrecadar alimentos para a campanha do Fundo Transforma Brasil no Rio Grande do Norte, que tem o objetivo de beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade no estado.
Em virtude da pandemia de Covid-19, a configuração de streaming tem crescido no Brasil e em todo o mundo como uma alternativa ideal para promover entretenimento, debates, mobilizações. Entendendo a importância do isolamento social nesse momento, a Viva também se reinventou para continuar promovendo a cultura potiguar, agora em formato de eventos digitais.
Para o diretor Jarbas Filho, explorar essa nova realidade é imprescindível para viabilizar a realização de projetos extremamente importantes tanto para a cultura como para a economia criativa como um todo. “Vários profissionais do segmento cultural estão com a renda comprometida pela crise, e esse projeto também poderá dar a eles oportunidade de trabalho e renda, além de uma divulgação orgânica”, conta.
A Viva está preparada para um cenário em que essas mudanças estejam vindo para ficar e acredita que o conceito de shows virtuais pode continuar com muita força no período pós-pandemia. “É uma forma muito acessível de produção e consumo de bens culturais, e a tecnologia está com certeza ao nosso favor”, finaliza Jarbas.
Dessa forma, o projeto Terça da Boa Música é apenas o começo de uma série de conteúdos que devem vir pela frente. Também é importante ressaltar que os eventos promovidos durante esse tempo estarão alinhados com as práticas técnicas e sanitárias para fazer uma entrega de qualidade para o público e preservar a saúde de todos os envolvidos.
O Transforma Brasil é um movimento de engajamento e mobilização cívica, que conecta voluntários e ONGs através de uma plataforma online. Uma rede de 2.500 projetos e iniciativas sociais espalhados pelo território brasileiro. A meta é arrecadar 155 mil cestas básicas por mês durante um período de pelo menos 2 meses, o que soma R$ 12.500,00 em doações. Com isso, 125 mil famílias associadas às instituições participantes serão beneficiadas.
FOTO: Pixabay
O projeto ‘Nightbirds Apresenta… Canções de Isolamento’ chegou às principais plataformas de streaming, produzido e lançado pelo selo Nightbird Records, de Natal.
Pensando nas limitações causadas pela pandemia do COVID-19, o álbum foi organizado em prol de um direcionamento às bandas e artistas com materiais disponíveis para divulgação, mas com recursos e articulações restritas devido a conjuntura atual.
Ressaltando a importância da coletividade para encontrar soluções viáveis de produção e difusão de novos trabalhos, músicos e membros da Nightbird uniram-se para concretizar a ideia do disco.
Juntamente com nomes do casting da gravadora, “Canções de Isolamento” reúne 13 faixas de 11 artistas/bandas de diferentes gêneros. O registro passeia pelo pop contemporâneo de Lizia, o hip-hop lo-fi de DeLima, a melancolia instrumental de Danillo Veloso, o “rock triste” de Rommel e das bandas Jxvxns e Vulgo Montreux, o sopro acústico de Marcos Mar e Marinheiro Porre, o new metal da Devilink, e os quase veteranos Boats e Luan Bates trazendo novas composições e versões gravadas no estúdio da produtora Fu.ga.
Com capa elaborada pelo artista visual Filipe Anjo, “Canções de Isolamento” marca o início de um período prolífico da Nightbird Records em termos de produções, com uma série de lançamentos dentre podcasts, webséries, discos e singles previstos para o segundo semestre de 2020.
A partir das 19h desta segunda-feira, 15 de junho, até às 23h59 do dia 30 do mesmo mês, estará aberta a temporada online do documentário “Quando as nuvens eram nossas”, do cineasta Carito Cavalcanti.
A obra integra as ações desenvolvidas pelo Projeto Isadora Rezende, que promoveu ainda uma etapa de Residência artística e o recital “Isadora e Oriano”, realizados no ano de 2019 através de patrocínio da Lei Djalma Maranhão e Cei Romualdo Galvão.
O projeto fomentou a preservação da memória do grande pianista Oriano de Almeida, personagem fundamental na história da música instrumental brasileira e do desenvolvimento do pianismo no estado do RN.
O documentário é conduzido pela pianista Isadora Rezende, cuja história se entrelaça com a de Oriano através de suas aulas de piano, sugerindo a delicadeza e a força das relações construídas pela arte, através de gerações. As histórias da vida do pianista são desveladas pelos afetos e memórias de pessoas que com ele conviveram.
De 15 a 30 de junho de 2020
Nas plataformas/canais:
Isadora Rezende:
O filme é um curta-metragem (23 minutos) que traz recortes da vida e obra do artista, através de depoimentos de pessoas relacionadas a ele, como o historiador Claudio Galvão que escreveu um livro sobre Oriano intitulado “O Céu Era o Limite”.
O documentário faz um resgate da memória biográfica de Oriano e busca transcender ao que está escrito em livros, valorizando a tradição oral, trazendo também muitas imagens de arquivo.
Além do historiador Claudio Galvão e de Isadora Rezende, o filme tem ainda a participação de Diógenes da Cunha Lima (advogado, poeta e presidente da Academia Norte Rio-Grandense de Letras), Marluze Romano (pianista e aluna de Oriano), Luiza Maria Dantas (pianista e aluna de Oriano), Danilo Guanais (músico, compositor e professor da EMUFRN), Guilherme Rodrigues (pianista e professor da EMUFRN).
O filme também faz um paralelo entre Oriano e Isadora. Durante vários meses o cineasta Carito Cavalcanti acompanhou Isadora Rezende nessa busca sobre a história de Oriano de Almeida, cuja pesquisa foi coordenada por Fernanda Ferreira – mãe de Isadora e produtora do “Projeto Isadora Rezende”.
Direção, Roteiro, Fotografia e Som Direto: Carito Cavalcanti
Edição: Carito Cavalcanti e Levi Herrera
Finalização: Levi Herrera
Texto e Narração Final: Isadora Rezende
Mixagem de Áudio: Fernando Suassuna
Imagens de Arquivo: Acervo Oriano de Almeida da EMUFRN, Acervo Pessoal de Cláudio Galvão e Programa Memória Viva da TVU-RN
Elenco: Isadora Rezende, Fernanda Ferreira, Daniel Rezende, Diógenes da Cunha Lima, Marluze Romano, Luiza Maria Dantas, Cláudio Galvão, Danilo Guanais e Guilherme Rodrigues
Produtora do Projeto Isadora Rezende: Fernanda Ferreira
Patrocínio: Prefeitura Natal, Programa Djalma Maranhão e CEI Romualdo Galvão
Apoio: Escola de Música da UFRN e UFRN; P&C Natal e Sesc RN.
Com o número reduzido de agricultores comercializando milho verde e seguindo todas as recomendações de saúde em relação à Covid-19, a tradicional Feira do Milho vem acontecendo no pátio da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes) durante este mês junho. A Feira segue até 1 de julho, de domingo a domingo, das 6h às 18h.
“Este é um ano atípico para nós em virtude da pandemia. Tivemos que reduzir o número de barracas de 20 para 10 e diminuir a quantidade de vendedores. Além disso, estamos disponibilizando álcool em gel 70% em todas as barracas, respeitando o distanciamento social e controlando o acesso das pessoas à feira”, disse Fátima Torres, gestora da Central.
De acordo com Fátima, a safra de milho deste ano deve superar a do ano de 2019. “A Central já tem a tradição de vender, todos os anos, cerca de um milhão de espigas de milho. Esperamos uma super safra, e a meta é vender muito mais que um milhão de espigas, cultivadas por agricultores de Jandaíra, João Câmara, Pedra Preta, Vera Cruz e de municípios do Seridó”, concluiu.
O valor da “mão de milho”, equivalente a 50 unidades do produto, varia de R$ 25 a R$ 30.
Para o titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf), Alexandre Lima, as festas juninas fazem parte da cultura nordestina e a feira é uma forma de vivenciar e celebrar o período.
“Nós, enquanto Estado, apoiamos a iniciativa, tendo em vista a valorização e a comercialização do produto. Vale lembrar que a Cecafes é um equipamento público e que faz parte da estrutura organizacional da Sedraf, sendo sua gestão operativa realizada pela Cooperativa Central da Agricultura Familiar do RN, a Cooafarn”, disse o secretário.
A Cecafes está trabalhando também com o serviço de entrega. Ao acessar o site da Central estão disponíveis, além do milho verde, outros produtos produzidos por agricultores familiares do Estado, como frutas, verduras, hortaliças, queijos etc.
Período: 01 de junho a 01 de julho (domingo a domingo)
Hora: 6h às 18h.
Local: Cecafes – Avenida Jaguarari, 2454 – Lagoa Nova, Natal – RN
Em um período que estamos todos necessitando de cuidados especiais contra uma pandemia, é provável que assistir a bons filmes durante o tempo a mais em casa seja uma das melhores saídas. Pensando nisso e partindo primeiramente da Netflix, preparamos uma lista com filmes de gêneros variados, mas sem pensar exatamente em uma espécie de melhores filmes do catálogo. A ideia é indicar filmes bacanas para muitos gostos diferentes, tanto para assistir quanto para reassistir.
Sem mais demora e, como sempre, dentro de uma abordagem sem verdades absolutas, vamos à lista de 10 filmes para assistir na Netflix durante a quarentena – a disposição só não é aleatória porque está em ordem alfabética (desconsiderando os artigos).
O cinema argentino tem produzido filmes relevantes ano após ano (desde muito tempo). E, felizmente, não está restrito a Ricardo Darín. O ator, que encabeçou aquele que, para muitos (entre os quais me incluo), é o melhor filme do seu país em muitos anos (O Segredo dos Seus Olhos, de 2009) e é sinônimo de talento e, acima de tudo, competência, parece ter “somente” aberto alas em um novo período para nossos hermanos. Se, em 1986, A História Oficial (1985) já havia recebido um Oscar, foi com a mais fácil difusão das produções (especialmente com o advento da internet e, mais recentemente, dos streamings) que houve uma merecida repercussão e grande reconhecimento público.
O Cidadão Ilustre trata de inspiração e criação como poucos filmes conseguem. De uma sutileza sem tamanho ao tratar o comportamento de um escritor com muito humor, o filme ainda consegue revelar os abismos culturais que cercam nossas vidas… ainda mais em um mundo globalizado. No fim, a maneira como discorre sobre as diferenças entre realidade e ficção é das mais originais do cinema e, se fosse somente esse encerramento, ainda assim mereceria ser visto.
Um Contratempo parece beber de algumas das melhores fontes que retratam crimes perfeitos, como o Alfred Hitchcock e Agatha Christie, além de ter uma evolução progressiva que traz muito dos melhores suspenses de Brian De Palma e uma dinamicidade fácil que se assemelha aos bons textos de Sidney Sheldon.
É um filme construído com muita racionalidade, amarrado com cuidado e tem uma tensão crescente constante. Cheio de reviravoltas, o filme espanhol do diretor Oriol Paulo, conscientemente, engana, reengana e engana novamente. Ele faz o coração do espectador acelerar e, sabiamente, tem uma leve despretensão, no sentido de que precisa que o público deixe de lado o que tem como verdades possíveis e aceite se submeter a uma história construída para entreter.
Como finalizei a crítica sobre o ele: É um filme excepcional, que depende, sim, do grau de aceitação de quem estiver o assistindo. Pode ser, também, um exercício cardíaco bem interessante, porque, aceitando-o, o coração vai acelerar. E vai ser sem piedade.
Se o subgênero filme-de-tubarão sempre merece uma atenção em listas despretensiosas nas questões qualitativas, esse filme tem o direito de ser redescoberto. Nada é muito diferente ou novo, mas são tubarões com os cérebros vitaminados, mais inteligentes e espertos, que antagonizam esse filme de Renny Harlin.
Por mais que Harlin seja um nome pouco conhecido no meio mainstream, já foi festejado por amantes do terror com filmes razoavelmente bem sucedidos como A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos (1988) e Condenação do Além (1987). Aqui, o diretor faz com que a história morna e os personagens caricatos – como o herói Carter Blake (Thomas Jane) – sejam contornados por um processo imponente. Tudo é engrandecido: das expressões e reações overs do protagonista ao alívio cômico sem noção do cozinheiro Preacher (LL Cool J).
Do Fundo do Mar é, essencialmente, uma grande sequência de ação, com cenas sem sutilezas estéticas executadas uma após a outra e com todas as situações comuns de filmes do tipo, com criaturas perseguindo as pessoas dentro de um ambiente fechado. Seja Alien, o Oitavo Passageiro (de Ridley Scott, 1979) ou até Tentáculos (de Stephen Sommers, 1998), encontram eco nesse filme curioso.
Um bilionário forja a própria morte e, a partir de então, torna-se um fantasma para o mundo. Reunindo uma equipe de profissionais tão invisíveis para o sistema quanto ele, parte para a missão de derrubar um ditador em um país ao leste. Esse país fictício, o Turgistão, funciona como uma fusão de países reais que supostamente esperam pela libertação (a salvação americana diluída em uma equipe aparentemente cosmopolita). E não importa o nome do lugar – nem mesmo para algum personagem que não consegue pronunciá-lo –, o que importa é cumprir a missão, a meta.
Em Esquadrão 6, o que menos importa é a política envolvida. A força da linguagem literalmente explosiva de Michael Bay está em conseguir retirar toda a atenção do tema, fazendo do resultado uma espécie de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) para todos – apostando na força estética – e insere a hiperatividade como ferramenta-chave. Assim, uma mãe-figurante com um bebê no colo e dois cachorrinhos ganham mais destaque – claro que para fazer comédia – do que os tantos que poderiam morrer com a ameaça de gás sarin exposta pelo roteiro.
Trata-se de um filme completamente ligado na ação e desligado do planeta (como seu diretor). Pode ser considerado irresponsável por isso, mas se a procura é por entretenimento, explosões, diálogos fáceis e espertos, perseguições e artifícios non sense, Esquadrão 6 pode ser um filme que venha a suprir essas necessidades. Bay assina o que é seu como se estivesse sendo eletrocutado enquanto segura a caneta, mas isso tem sua legitimidade saudável quando se busca algo mais forte do que uma lata de energético ou uma xícara grande de café expresso.
Escrito e dirigido pela jovem italiana de 36 anos de idade Alice Rohrwacher (que já tem na bagagem o Grande Prêmio do Júri em Cannes por As Maravilhas, de 2014), Feliz como Lázaro é um acontecimento em 2018. Longe de causar burburinho ou ser utilizado em alguma campanha de mercado (como o foi o tão recente quanto Caixa de Pássaros – ou Bird Box –, de 2018), o filme é genuinamente puro no seu modo de lidar com o mundo contemporâneo e as bizarras relações de trabalho e escravidão moderna.
Ao mesmo tempo em que parte de um princípio de pureza – da direção de arte ao comportamento do personagem título –, Lazzaro Felice (no original) também é perturbador ao deixar vazar, em suas entrelinhas, o quão desumana pode ser a humanidade, o que é reforçado pelo lirismo de sua mise-en-scène (em uma síntese já bem resumida: tudo aquilo que aparece nas cenas e a forma com a qual cada detalhe é montado e posicionado na intenção de criar uma unidade estilística).
Ainda, a atuação de Adriano Tardiolo (o Lazzaro) exala uma bondade, um desconhecimento de qualquer mal, que as adversidades impostas pelo roteiro são desconcertantes.
Em 2001, o Afeganistão está sob o controle do Talibã. No meio desse contexto, uma jovem determinada se disfarça de menino para sustentar sua família quando seu pai é capturado.
A Ganha-Pão não é somente uma animação dolorosa e assustadoramente real. Ela é daquelas que tocam tão fundo na gente que, por mais de um motivo, pode despertar a nossa empatia – algo tão necessário nos dias de hoje.
Dirigido por Nora Twomey, que havia realizado antes os lindíssimos curtas-metragens From Darkness (de 2002) e Cúilín Dualach (de 2004), a história é, talvez, a que tem a maior possibilidade de fazer chorar desta lista, tamanha a sensibilidade de Twomey e do roteiro da ucraniana Anita Doron (roteirista e diretora do ótimo The Lesser Blessed, de 2012)
Sendo um filme menos badalado do seu diretor – Christopher Nolan (de Dunkirk, 2017) –, O Grande Truque é meio drama e meio ficção científica recheado de mistério. Assim, com esse mistério tomando conta da atmosfera, o suspense ganha contornos bem interessantes. Há uma magia na condução desse filme que Nolan parece ter escondido em boa parte dos seus demais. Toda a sua racionalidade e uma certa pretensa exposição, aqui, jamais deixam o resultado cruzar a linha da frieza. É, sim, tudo muito calculado, mas há uma compaixão que torna as camadas mais intensas. Eu, pessoalmente, gosto de Nolan (com um ou outro questionamento pelo caminho) e tenho O Grande Truque como o filme de sua carreira que mais me toca.
O filme ainda conta com Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johansson, Rebecca Hall e Michael Caine e foi indicado a dois Oscars (Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte). E, apesar do elenco, tudo gira em torno do roteiro – como boa parte dos filmes de Nolan. É um trabalho que merece ser visto com atenção.
Além de ter a direção de Bong Joon Ho (de Parasita, 2019), O Hospedeiro já carrega tudo o que o diretor sul-coreano exponenciaria no filme que fez história no Oscar 2020: luta de classes, debates sociais, fusão de gêneros e um roteiro (coescrito pelo próprio Joon Ho) que progride com uma elegância enorme.
É interessante perceber como o público americano e a própria crítica receberam o filme e, ao mesmo tempo, levar em conta que se trata de uma obra sul-coreana – cultura diferente, formas de ver o mundo diferentes, jeitos de agir diferentes e até humor diferente. Assim sendo, pode parecer que o filme desperdiça alguns momentos dramáticos na construção de alívios cômicos, mas a questão é que tudo vai se emaranhando e construindo uma enorme bola de sentimentos.
O Hospedeiro, no final das contas, é uma das redefinições do horror no século XXI e já mostra o diretor enorme que é Joon Ho.
Eis um filme que foi muito comentado em sua estreia, mas que começou a cair no esquecimento rapidamente. Não por sua qualidade – é o mais premiado desta lista –, mas talvez por misturar dois universos do cinema de gênero: terror e ação… levando tudo a uma esquisitice quântica.
Invasão Zumbi subverte o subgênero dos zumbis, o próprio terror e constrói e quebra em pedaços caricaturas de filmes de ação. E vai muito além: à medida que os zumbis se multiplicam e uma variedade de pessoas comuns os enfrenta, há uma alusão certeira e uma avaliação sobre a insensibilidade corporativa.
É um filmaço que tem poder de adrenalina e que pode chocar com suas quebras de expectativas.
Repleto de diálogos realistas e, ao mesmo tempo, estranhos, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe é de uma precisão cirúrgica na concepção da relação entre um pai e seus filhos. Muito bem alicerçado nas atuações de Dustin Hoffmann (Harold), Ben Stiller (Matthew) e Adam Sandler (Danny), o diretor e roteirista Noah Baumbach (do oscarizado História de um Casamento, de 2019) fundamenta um filme cheio de humanidade, capaz de causar confusão, felicidade, acessos de raiva… sempre de uma maneira muito genuína e por meio da criação de sintonia entre filme e espectador.
Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe é, também, uma prova dupla: para os fãs e para os não-adeptos da carreira de Adam Sandler. Aqui, eles podem encontrar o ator em uma das suas atuações mais relevantes (ao lado de Reine Sobre Mim, Embriagado de Amor e Joias Brutas), tanto que o ator, merecidamente, foi ovacionado no Festival de Cannes de 2017. Apesar do humor meio amargo do personagem coincidir com muito do que Sandler já fez, há detalhes que o levam muito além: são camadas e mais camadas de um homem que jamais desistiu de ser feliz, mas, mesmo assim, sente-se fracassado.
Provavelmente um dos menos conhecidos da lista, Sing Street: Música e Sonho é uma pequena obra-prima dirigida por John Carney (do já ótimo Mesmo Se Nada Der Certo, 2013). A partir de uma premissa aparentemente genérica, que diz sobre um rapaz que foge de uma conturbada vida familiar ao se tornar integrante de uma banda para impressionar uma moça misteriosa, o filme – escrito também por Carney – constrói conexões tanto dentro do seu próprio desenrolar quanto entre os personagens que parecem refletir em um nível subcutâneo: não arrepia somente, mas faz vibrar.
Tudo tão íntimo, com barreiras sinceras, triunfos satisfatórios e frustrações quase palpáveis que tudo pode ir além da identificação. É a vida em metáforas. São alegorias simples, mas passíveis de interpretações intensas… resta somente estar disponível e aberto para elas.
Eu havia pausado, deixado de lado mesmo, o bônus Adam Sandler em minhas últimas listas. Mas é bom retornar com um filme completamente diferente em sua carreira, dirigido por Benny e Josh Safdie… mesmo que já tenha um Sandler na lista.
A ideia do cinema realizado pelos irmãos Safdie é, por um lado, semelhante à do franco-argentino Gaspar Noé (de Clímax, 2019). Há uma intensa busca pelo sensorial do público, uma procura pela desestabilização proposital deste, que acaba por se sentir engolido por sensações e, de tão imerso, pode absorver o que assiste como se estivesse em um provável efeito alucinógeno. Isso, no caso de Joias Brutas, leva a um prazer de pouco mais de duas horas ou a uma bad trip – claro que tudo totalmente lícito.
Mas as semelhanças entre o que Benny e Josh Safdie fazem e o trabalho de Noé terminam nas questões sensoriais. Isso porque, tanto no filme protagonizado por Adam Sandler quanto nos anteriores da dupla, há uma absoluta inserção da história e dos acontecimentos na construção de um todo muito coeso – frenético sim, talvez nauseante, mas não é somente uma escolha que leva a qualquer sensação, é o conjunto, a união da totalidade.
Joias Brutas, com toda essa agonia, mais parece um quadro único, renascentista, pintado como uma releitura por um artista contemporâneo que decidiu mergulhar as mãos em tinta e pintar socando a tela. É genuíno, raivoso e intenso; é uma mistura das construções de personagens e de naturalidade de um gênio como John Cassavetes e a desordem psíquica recorrente nas obras de Brian De Palma.
Agora, ficam aí os comentários para que, em um momento tão delicado, possamos trocar indicações e ir criando uma corrente de filmes cada vez maior. Tenho certeza que vocês podem complementar e enriquecer tudo. Vamos conversando, debatendo…
Texto originalmente publicado no Canaltech
Um dos projetos mais legais que apareceram neste Estado de Poti nos últimos anos, o Kurta na Kombi anunciou o lançamento de sua campanha de financiamento coletivo pela plataforma Apoia.se.
Mesmo em quarentena a galera permanece criando alternativas e conteúdos digitais para sustentar o objetivo de contribuir na democratização do acesso e popularização do audiovisual potiguar.
Mas para que esse ‘cinema sobre rodas’ circule pelas plataformas digitais, eles precisam do seu apoio para prosseguir com etapas do projeto já em andamento, em especial a parte de reparos e pintura do veículo kombi e adaptação da estrutura itinerante de projeção.
Qualquer quantia será bem vinda para contribuir para deixar a Kombi prontinha para circular assim que essa temporada passar.
Para saber mais, assista este vídeo:
Chegando no mundo das Lives, o Tributo a Belchior Natal faz mais um encontro virtual nesta segunda-feira (15), às 18h. E quem comanda dessa vez é a cantora Laryssa Costa, uma das vozes que protagoniza o projeto junto com Rafael Barros e Analuh Soares. A transmissão será feita no instagram do @tributobelchiornatal.
Premiados como melhor show de Tributo no Prêmio Hangar de Música em 2019, o projeto está em atividade desde 2017 com shows dentro e fora da capital potiguar.
Com a agenda de shows cancelada por conta da pandemia, o grupo se encontra em isolamento e a partir de pedidos do público para que fizessem lives, resolvem se abrir para a iniciativa e se lançam nas redes com apresentações virtuais retomando o repertório com a poesia do compositor cearense.
“Recebemos muitas mensagens pedindo lives cantando Belchior. Resolvemos fazer para atender e matar a saudade do nosso público que sempre foi muito fiel”, conta Laryssa.
A live Tributo Belchior Natal será apresentada pela cantora Laryssa Costa e por Daniel Ribeiro, músico convidado com quem ela divide a vida e o isolamento. Juntos eles trazem sucessos de Belchior e matam um pouco da saudade do público e do projeto.
Como um rio, que nunca é o mesmo, pois suas águas passam e se renovam a cada instante, também uma cidade nunca é a mesma todo o tempo.
Numa conferência enfeixada em livro sob o título “Imagens & Itinerários de Paris” (edição bilíngue), Américo de Oliveira Costa cita Paul Leautaud a respeito da “perpétua mudança das fisionomias de Paris, segundo a hora, o tempo, a estação”.
Diz Leautaud, em tradução não literal:
“Tal bairro deve ser visto pela manhã, na primavera. Tal outro ao meio dia em pleno verão. Tal outro ainda durante o langor do outono, por volta das cinco horas da tarde. Tal outro, enfim, à noite, no inverno, dentro da clara aridez do frio”.
A propósito, vejamos o que diz José Saramago no fecho do seu livro “Viagem a Portugal”:
“O fim de uma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava”
Daí porque não posso dizer que conheço Lisboa, embora já tenha estado lá cerca de vinte vezes. Nem mesmo Natal, onde vivo há longos anos, eu conheço bem…
Mas, voltando a Paris, esta é a minha cidade predileta, depois de Martins, é claro. Lisboa, Roma, Nova York, Londres, Buenos Aires, Natal, Mossoró, Recife, Rio, Salvador, Petrópolis também ganharam meu coração…
Preciso conhecer Viena, Praga e Istambul.
Paris é o Louvre, Notre Dame, os cafés nas calçadas dos boulevards, o rio Sena, a Torre Eiffel… Elegância e finesss d`esprit seriam atributos característicos do parisiense típico. “Paris é uma festa” – disse Hemingway.
Tenta-se definir Paris, em vão, ela é muito mais do que tudo que foi dito a seu respeito.
Em suas memórias, Gilberto Amado gravou esta frase lapidar: “Uma rua de Paris é um rio que vem da Grécia”. Evidentemente, quis o grande escritor referir-se ao patrimônio cultural que a cidade herdou da antiguidade greco-romana. E que está bem presente, inclusive, na arquitetura da urbe. A igreja da Madeleine, o Arco do Triunfo, Les Invalides e o Pantheon, afora tantos outros edifícios monumentais, são exemplos do mais autêntico estilo neoclássico. Presenças greco-romanas, transfiguradas.
Mas, vale dizer que, sob esse aspecto arquitetônico, existe outra Paris, bem mais antiga – a Paris dos monumentos góticos, de que se sobressai Notre Dame.
Singular e plural, a grande metrópole torna-se íntima como um vilarejo, em cada um dos seus quartiers: Montmartre, Montparnasse, Champs-Élysés, Quartier Latin, St. Germain… Só os nomes fazem sonhar – diria o poeta Ascenso.
Martins da minha infância era uma cidadezinha lírica e provinciana, cercada de verde, no alto da serra mais bonita do mundo.
Câmara Cascudo, que, ainda menino, morou lá, saudou-a com uns versos de Olavo Bilac:
“Última a receber o adeus do dia,
Primeira a ter a benção das estrelas…”
Quantas vezes eu fui até as quebradas da serra, e me demorava, sozinho, absorto, o olhar perdido naquele mar azul que era o sertão visto do alto. Eu sentia um apelo, um chamado na linha do horizonte. Que havia do lado de lá? – me indagava.
Quase toda a chã da serra, além da área urbana, era um imenso pomar, com muitos cajueiros, mangueiras e jaqueiras enormes, derramando sombras. Frutas ninguém comprava; quem as quisesse bastava apanhá-las no próprio sítio ou no de pessoa amiga.
Todo mundo se conhecia e interagia naquele pequeno mundo que guardava, ainda, muitos costumes e tradições do sertão arcaico.
Embora eu tenha nascido em Santana do Matos, fui para Martins, com os meus pais, ainda bebê, e lá vivi até os onze anos de idade, de modo que sou martinense por adoção. E muito me orgulho disto.
Lisboa derrama-se por sobre sete colinas, “cheia de encanto e beleza”, como diz um fado, que a exalta. Vista do alto de uma dessas colinas, a velha cidade faz lembrar Salvador, Bahia. Velhos sobrados descendo ou subindo as ladeiras sugerem ângulos do Pelourinho, e o rio Tejo, espraiado, sereno, ao fundo, parece a baía de Todos os Santos. Salvador deveria tomar a benção a sua mãe, Lisboa…. Mas, a semelhança entre as duas cidades fica apenas no visual…
Lisboa é bem comportada. Trânsito organizado, largas avenidas, ruas bem traçadas e limpas, edifícios quase sempre da mesma altura, cinco ou seis andares. (Deste cenário destoam, somente, os bairros antigos e a periferia da cidade).
Lisboa conquista o visitante, é “amor à primeira vista” – perdoem o clichê. É simples e acolhedora como uma pequena praça. Não tem a pompa, a soberba de outras metrópoles europeias; em pouco tempo torna-se amiga da gente.
Nada melhor do que caminhar pelos seus bairros cheios de história e legenda: ir de bonde à Alfama, onde tudo começou; esquadrinhar o Rossio e a Baixa, subir ladeiras do Bairro Alto, curtir Belém e maravilhar-se com a beleza do Mosteiro dos Jerônimos.
Ah! Lisboa de Camões, de Eça, de Fernando Pessoa e de tantos outros grandes escritores que decifraram a alma dessa cidade sem par.
Para o turista, Nova York é Manhattan. Fora desta ilha não há muito o que se ver. Manhattan equivale, em extensão territorial, a uma cidade de médio porte. Está visto, portanto, que Nova York – a maior cidade do mundo, considerando-se toda a área metropolitana – cabe na palma da mão do turista.
É facílimo orientar-se nessa megalópole, cortada simetricamente de ruas, num sentido, e de avenidas, no outro, todas numeradas, exceto a Broadway e mais duas ou três, tendo no centro, do alto a baixo, como espinha dorsal, a 5ª avenida.
Não se pense que Nova York – notadamente, Manhattan – seja apenas um conglomerado de arranha-céus, com tudo que há de mais moderno, up to date. Não.
A Big Apple também tem muita densidade histórica e cultural. Tem “personalidade”. Nisto, aliás, difere de quase todas as outras cidades norte-americanas.
Cosmopolita, como Paris e Londres, condensa e abriga um tanto da cultura proveniente de várias partes do mundo. Acho mesmo que o melhor para a gente ver em Nova York é a Europa. Sim, a Europa que está nos museus e galerias de arte. No Metropolitan, por exemplo, há salas e mais salas transpostas de palácios europeus, um pátio espanhol, a grade do coro da catedral de Valadolid, tanta coisa mais.
Do Metropolitan e do Museu Guggenhein (belíssimo edifício) avista-se o Central Park, contraponto verde à selva de pedra.
Feliz a megalópole que tem no coração (em duplo sentido) um Central Park.
Quando anoitecer é apenas um intervalo entre o hoje e o amanhã, que sempre vem e torna se passado do próximo dia. Quando as dores de todos dias me fazem sentir quem sabe? Compor uma infindável canção para as montanhas alpinas ou se faça ouvir entre o quebrar das ondas no infinito desejado abrir as notas da sua vida como a música que se entrega com o carinho de todos agrados. Fazer uma composição que faça do esquecimento o alimento que sacia a alma, compor a festiva canção que alegria maior há de estar em espaços distribuindo seus acordes ao som do violino invisível. Até as montanhas do sol nascente arrefecer o frio da madrugada que se esvai
A live do Samba Pras Moças será transmitida pelo instagram do projeto (@sambaprasmocasnatal) a partir das 14h deste sábado (13) e terá como convidadas as cantoras e compositoras Gerlane Gell/PE e Kika Ribeiro/DF.
A potiguar, também cantora e compositora Andiara Freitas fará a apresentação da live, que abordará o tema “Carreira em tempos de isolamento”.
O Samba Pras Moças é um projeto criado em 2016 por Andiara Freitas e estimula mulheres a atuarem no samba através de oficinas de música, produção de vídeos e ações online, como live e festivais.
Nas oficinas são oferecidas aulas de canto, violão, percussão, cavaco, flauta e dança e são realizadas em grupos virtuais para qualquer interessada com acesso a internet.
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Campanhas de copo-y-pasión!
Há momentos em que aquelas emoções antigas, d’amores-perdidos-e-achados… e de novo perdidos…, arquivadas nos cotovelos, entra em refluxo e vem de maré braba pra cima da gente.
Daí, chefia, tome de ressacafetiva na prainha-do-coração de cada um. É dose. E dose dupla de uísque-lembruxas.
Copo na mão, olho escorregando pelos infinitos cá de dentro, o cába sai caçando mais de hum-milhão de vagalumes por ai, só pra lembrar lembruxas e relembruxas do coração… lembrar o sorrisolhar da mulhamada… o beijo-abraço daqueles tempos-sem-tempos… o “euseiquevouteamar” dito, desdito, e cantado por Vinicius e Maria Creuza, no embalo das recíprocas-chifranações.
É tome de ciuminhos, suspirinhos, porrinhos e arrêgos, antigos-e-pós-antigos. Tudo se embaralha pra todo lado, mérmão.
E haja zilhões de boleros ao luar e nocautes técnicos de arrependimentos. O tranco é forte.
Em pleno delírio dos xamêgos-sem-volta você lembra do mantra dos amores mais-ou-menos felizes do nosso mago-cronista XicoSá: “todo segredo está na capacidade de safadezas”.
Chupa essa, mano: o amor além da parceria romântica dos tic-tacs dos corações; também é, no jogo do avesso do avesso do avesso das gamações, um kit amoral de xifres-e-safadezas… (insisto: se tem xana no meio é xifre com “x”; com “ch” é dos gramáticos linha dura).
Como eu dizia, tudo se embaralha pra todo lado. Dos amores-de-cana-e-motéis, aos casamentos-feitos-e-desfeitos, e gamações-sem-rumo-nem-prumo, vem tudo de cambulhada, com toques de dramapasión de novela das 21 horas.
É o tal negócio: amores, cachos, crushes, paixonites, desses pra valer, desses que simplesmente por ser amor do legítimo “invade e fim”, como canta Djavan em “Pétala”… e que por isso mesmo nunca acabam: simplesmente, ou tiram férias ou desligam temporariamente. Só curto-circuitos de ocasião. Ou meros chiliques charmosinhos.
Mas sempre voltam.
Nem que seja como pesadelo pra perturbar o distinto. E voltam mais grudentos, mais ciumentos. E mais semvergonhentos.
Ou até como bizarros fetiches românticos. Como um eterno-tampax segurando os fluxos-refluxos menstruais das paixões.
(Vocês lembram da exótica declaração de amor do Príncipe Charles pra amante Camila Parker. Se não lembram, eu relembro. Como um adolescente-em-chamas o Príncipe ataca: “Ah, Deus! Se eu vivesse dentro das tuas calcinhas… se Deus me permitisse… como um Tampax! Seria minha sorte!”. Incendiada e molhadinha, Camila sussura: “Tu és um completo idiota! Oh, que idéia maravilhosa!”.)
Crédito: Site A Mente é Maravilhosa
Daí que, repetimos, o amor do legítimo nunca acaba. Ou tira férias. Ou desliga. Ou vira amorpatia, como a doidura do amor-tampax do Príncipe Charles.
Todavia de férias ou desligado o amor fica lá se remoendo no murcho-coração e nos cotovelos-inchados. E os trambelhos das gamações vão se desmanchando em musiquinhas-encanadinhas. Ou viajando nas louqueiras do amorpatia.
Então, velha-guarda, gamar e amar é só olhar, beijar, linguar. E até xota-cheirar.
Nesses enredos sexisublimes de chamegos e salivas, te segura mago-véi… que rebenta um pipoco nos pentelhos-d’alma e a amorpatia se esparrama e flutua.
Daí você percebe que na Ecologia do Amor, sem aquelas, aquelinhas, amada-amantes, sacaninhas, teu humano coração fica ameaçado de extinção.
Agora o pior desses trampos, mano, é uma recaída – um replay – com a ex.
Explico: é quando a ex vira amante, sem querer-querendo. É coisa de doido. Ponto-G e ponto-A entram em curto-circuito de porrilhões de volts. É a sublimação dos xifres encanados (xifre com “x” mesmo, pois tem xana no meio).
Daí que o eterno mantra dos enroscos falidos, ou de meia-boca, ficam lá te xavecando os neurônios: “toda ex é forever, bixo”.
(aqui cabe um parêntesis desconceitual: uma ex, nem sempre é uma ex-separada no tempo-espaço-passado. Explico: na solidão, embroglios e ilusões dos companheirismos domésticos de cada um, a ex também pode ser a atual, a que convive no tempo-espaço-presente, mas que já não é mais a mesma mulhamada d’antes: talvez seja agora mais vivída, mais sofrida, mais cuidadeira, mais sócia: daí, torna-se na maturidade de si mesma, uma ex de si mesma: tampax-eterno: mas como quase todo tampax, às vezes incomoda e precisa trocar. E essa ferrugem da convivência diária vale também pro ex )
Todo esse clima de lembranças antigas-novas, difusas-confusas, baixa sem aviso prévio – tá ligado?
Acontece naquelas tardesmansas de uisquemeditation em que você encara você mesmo. E vai lentisorvendo uma boa dose de cereais nobres, como meu mano Tom Silveira, um velho amigo das burakeras, advogado e empresário, chamava o bom uísque escocês.
Daí, você dá uma espichada, olha pra lua, e chama os orixás das gamações é-ternas. Que baixam ali, naquele terreiro-metafísico entre alma-coração xana-traseiro xifre-cotovêlo. Pura ligação mística, mago-velho.
Ali, onde só as cabras vadias de Nelson Rodrigues são únicas testemunhas dos teus zilhões de enrôscos, engatamentos, enrabichamentos, crushes e fuleragens.
Ali, naquele infinito terreno baldio do Tempo e Destino… ali onde baixam os caboclos-escoceses de JonhyWalker. E onde cada dose faz fluir de cambulhada as lembruxas d’amores, pós-amores, chamêgos e gamações.
Faz fluir saudades e resaudades.
Daí, no vamuvê da VidaViva, você começa a sacar que em certas solidões gamar e coçar é só começar.
E que em certos enganchos do amor o jogo é jogado: ou dá ou desce: ajoelhou, rezou: xanavá! xanavem!: xifrou é xifrado!
Que o xifre-humanitário é tipo chopp bem tirado: precisa da espuma sutíl de vazios, borbulhas, ternurinhas e safadezas.
Quando tudo isso acontece, todo marujo-velho sabe que o mar não tá pra peixe. Mas que gente fisgada não é peixe fisgado.
Que é preciso chapliniar com Nat King Cole ou Djavan e deixar a maré braba dos desencontros virar um Grande-Smile, refletindo o que resta: a beleza da VidaViva no sorrisolhar do amor-que-foi-não-foi, ainda abraçando tua alma….
Mas, ein?!!!!
Foto: S. Hermann & F. Richter/Pixabay/ND
Com uma escrita magistral, o médico e escritor Pedro Nava (1903-1984) é autor da melhor obra memorialística do país. Falta-me a leitura de dois dos seus livros nessa área, no total de seis.
Na obra Chão de Ferro, estão as reminiscências do jovem Nava, quando aluno interno do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, no qual ficou de 1916 a 1920. Reporto-me ao ano de 1918 – Nava tinha 15 anos –, com enfoque principal para a gripe Espanhola, a pandemia de influenza que varreu o planeta e deixou um rastro com cerca de 50 milhões de vítimas.
Quase 60 anos depois, o médico Pedro Nava faz um relato pungente das lembranças que ele guardou daqueles dias terríveis vividos ao lado de parentes, na casa dos quais morava em suas saídas de folga do internato. Nava refere-se a setembro como o mês em que a doença chegou ao Rio. Porém, ele só sentiu de perto a gravidade da situação em meados de outubro, numa segunda-feira, conforme suas palavras:
“Voltando ao colégio, encontrei apenas onze alunos do nosso terceiro ano de quarenta e seis. Trinta e cinco colegas tinham caído gripados de sábado para o primeiro dia da semana subsequente.” Cerca de duas horas depois, o colégio informou que fechava as portas por tempo indeterminado.
Naquele ano, nas folgas do colégio, Pedro da Silva Nava ficava na casa dos tios Antônio Ennes de Souza e Eugênia, na rua Major Ávila, 16, Engenho Velho. Irmão de criação do avô de Pedro Nava, Ennes de Souza (1848-1920), era culto e mantinha amizades com proeminentes figuras cariocas da época.
Vejam o que Pedro Nava diz do seu parente Ennes de Souza: “Se conheci alguém próximo da santidade aqui nesse baixo mundo, este foi Antônio Ennes de Souza – o homem menos imperfeito que já vi”.
Na casa de Ennes e Eugênia, casal sem prole, moravam oito parentes e afins, inclusive o menino Gabriel, criado como filho. No dia em que o jovem Nava voltou logo para casa, pois o colégio Pedro II fechara as portas, um outro choque, porquanto quando saíra pela manhã estava tudo normal com a família, e, ao retornar, à tarde, três pessoas tinham os sintomas da gripe, mas na forma leve. Em resumo, todos os que moravam na rua Major Ávila, 16, caíram doentes da gripe de 1918, exceto os donos da casa.
Pedro Nava teve a forma gastrintestinal da doença, com profusa diarreia e vômitos, passava a maior parte do tempo sentado nos maiores penicos da casa, e o odor fétido era constante. Ele sobreviveu, mas a prima Nair, que ocupava o quarto ao lado do dele, não teve o mesmo destino, e foi ao óbito. Era uma moça bonita, risonha, noiva e muito querida por todos de casa. São cruciantes as cenas descritas da morte e do funeral de Nair, fato que retrata muitos outros dramas iguais vividos em quase todas as famílias do Rio de 1918.
É atroz e horrível a descrição da gripe Espanhola no Rio, na visão de Pedro Nava, testemunha ocular do flagelo. Eis somente um pequeno trecho, para se ter uma ideia do clamor geral:
“Quando ataúde havia, não tinha quem os transportasse, e eles iam para o cemitério a mão, de burro-sem-rabo, arrastados, ou atravessados nos táxis. No fim, os corpos iam em caminhões, misturados uns aos outros, diziam que às vezes vivos, junto com os mortos. (…) Um dia, o acúmulo de insepultos foi tal que queimaram-nos aos montões no fundo do cemitério.”
Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Para se reinventar e buscar alternativas na tentativa de suprir a suspensão das atividades de entretenimento provocadas pela pandemia, a companhia A Máscara de Teatro tem buscado reencontrar-se com o seu público em um projeto diferente: o Leitura de Quinta.
“Todas as quintas-feiras, nas redes sociais da Máscara, juntamos membros da companhia e convidados para lermos, textos que já apresentamos, contos que estudamos, ou mesmo propostas de convidados, amantes da leitura e do teatro que vêm dividir conosco o que eles têm de melhor, é uma grande confraternização”, explicou Jeyzon Leonardo, ator e coordenador do grupo de teatro.
A atriz Luciana Duarte observa que manter uma companhia de teatro atuante e viva, naturalmente é difícil, e quando se leva em consideração o cenário de pandemia, a responsabilidade ganha uma dimensão ainda maior.
“De uma hora para outra vimos nossos planos e metas se desfazerem, ficamos sem noção de como poderíamos nos aproximar do público, o medo nos rondou por alguns dias, mas vamos estamos buscando estratégias para resistir, esse projeto tornou-se a nossa insistência”, frisou a atriz.
O Projeto Leitura de Quinta tem a realização de A Máscara de Teatro, e estará nesta quinta (11/06), apresentando a quarta edição. A iniciativa despertou o interesse de atores, atrizes, cantores (as), dramaturgos, poetas e poetizas, profissionais, ou não, conhecidos e anônimos, fato que oferece mais consistência e beleza ao trabalho da Companhia.
No decorrer da leitura os espectadores podem contribuir com a apresentação através do chapéu virtual. Essa é a forma que o elenco encontrou para motivar o pagamento ao cachê das apresentações. É uma excelente oportunidade para conhecer o trabalho dos nossos artistas, além de mais uma opção de entretenimento para o isolamento social.
Com 21 anos de história a Cia. A Máscara de Teatro, iniciou suas atividades dedicando-se ao teatro empresarial, levando esquetes e apresentações para o interior das fábricas e empresas.
Circulou o país com apresentações em São Paulo, Curitiba e São Luiz do espetáculo Deus Danado, dirigido por Marcelo Flecha e dramaturgia de João Denis. Produziu o Chuva de Bala no País de Mossoró nos anos de 2013 e 2017, o Auto da Liberdade em 2014, 2015 e 2017. Foi responsável pela direção do Oratório de Santa Luzia em 2016 e 2017.
Atualmente A Máscara circula com o espetáculo A Farsa (2018), Deus Danado – Remontagem comemorativa (2019) e Dois (2015), além de realizar workshops e trabalhos para crianças, adultos e idosos. E mantém as suas atividades, com honroso auxílio de mecenas da cidade, do único Centro Cultural de Mossoró e sede do grupo, a belíssima Casa A Máscara.
Projeto: Leitura de Quinta
Realização: A Máscara de Teatro – Mossoró/RN
Acesso: Redes Sociais da Cia.
* Facebook e Youtube: A Máscara de Teatro (transmissão simultânea)
Data: Toda quinta-feira, às 20 horas.
Informações:
Email: contato@amascaradeteatro.com.br
E-mail: Sergiovilarjor@gmail.com
Celular / Zap: (84) 9 9929.6595 Fale Conosco Assessoria Papo Cultura